segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

SOU DO TEMPO DO VIEGUINHAS DE PECHÃO

(ria formosa)

A MALTA DO MEU TEMPO NA ESCOLA COMERCIAL E INDUSTRIAL. DE FARO

Quando me iniciei lá na Escola Comercial e Industrial em Faro em 52, pertencia à primeira turma, o que queria dizer que pertencia à turma dos melhores alunos de acordo com o indicador “primeira turma”.

Éramos uma remessa deles e vinham moços de todos os lados. De Estoi, de S. Brás, do Patacão, de Loulé, de Tavira, da Fuzeta, de Pechão, de Santa Catarina, de Faro, de Olhão e de mais não sei quantos lados.

O Chefe de turma era o Célio Martins Sequeira que andou por lá pouco tempo.

A sala onde tínhamos as aulas era a sala 18 no primeiro andar.

Os alunos eram: fila do lado da janela, primeira carteira, para dois alunos. Do lado da parede era o José Bartílio da Palma de Olhão e do lado do corredor, ficava o Luís Manuel Rebelo Guimarães de Lisboa que era simpatizante do Belenenses e já tinha visto jogar o Matateu..

O Luís, que era pequenino, apresentava-se na sala de aula muito bem engravatado e vestido a rigor. Nunca mais soube nada dele. .O Zé Bartílio terminou a carreira profissional no BNU aí em Faro, onde se reformou.

Na segunda carteira ficava do lado da parede, o Reinaldo Rodrigues Neto de Estoi, grande keeper de andebol e o maior da turma para a porrada e o Herlander dos Santos Estrela de Faro, que se licenciou em Economia no Quelhas, foi Secretário de Estado das Finanças e funcionário superior da Banca tendo chegado a ser Vice- Governador Administrador do Banco de Portugal.

Na terceira carteira do lado da parede ficava o Humberto José Viegas Gomes de Olhão, hoje reformado da banca e grande jogador e treinador de basket e do lado do corredor ficava o António Inácio Gago Viegas de Pechão, a quem chamávamos o Vieguinhas... hoje grande industrial da construção civil.

Atrás destes ficava (um desconhecido) ao lado do João Baptista de Faro, que nunca mais o vi e atrás destes ficavam o Joaquim André Ferreira da Cruz de Olhão que era ao tempo o melhor aluno da turma, professor primário e hoje reformado do ensino secundário e o Manuel Cavaco Guerreiro da TÔR, homem igualmente ligado à construção civil.

Seguiam-se José Vitorino Pedro Rodrigues de Boliqueime, funcionário da banca reformado e José Mateus Ferrinho Pedro do Rio Seco, igualmente reformado da banca.

Lá para trás, havia ainda o IVO de Olhão e mais dois ou três que já não me lembro quem eram.

O José Bartílio era muito amigo do Zé Ferrinho Pedro e estudavam a História do Dr. Furtado, tipo brincadeira. Faziam esse estudo na Alameda onde atiravam piropos à burguesia. O Ferrinho era uma brincalhão de primeira e ficou célebre aquela cena na aula da doutora Florinda, quando ele foi chamado ao quadro, em Contabilidade, creio e deu uma “casa” do catano...

Depois de fazermos o curso comercial mais ou menos lado a lado, o Ferrinho entrou no mundo do trabalho e foi colocado no Banco da Agricultura no Seixal onde chegou a gerente e aí se reformou.

O Zé Bartílio fez o curso do Magistério Primário comigo mas creio que não chegou a leccionar. Fez carreira na banca, BNU, e hoje é um gajo rico na área da imobiliária.

João Brito Sousa

3 comentários:

avlis disse...

Tempos do Vieguinhas

Saudades!

Saudade, forte, bateu hoje bem fundo, quando li a tua crónica. Estamos entrando na idade das evocações e, quando elas mexem com tempos vividos tão intensamente, numa fase da nossa formação, qual primeiro amor, a força do seu impacto redroba!

Também sou do tempo do Vieguinhas, ainda que só tenha caído na nossa Escola já no 2º. Ano do Comércio, por força das andanças profissionais do meu pai por este país. Cheguei ali, bem imberbe, e deparei com uma turma de quase só repetentes, o 2º. 4ª, repleta de uns quase homens que, não obstante, me acolheram de bom agrado.

O Zé Bartílio, intelectual, o Benjamim que tirava bom partido da falta de um dos seus braços "agredindo-nos" com a manga desocupada, o Faísca que, infelizmente, morreu na guerra de Angola, o Contreiras uma espécie de terror para os professores pela irreverência do seu comportamento. Uma vez levou um par de ratinhos para a aula da Florinda e creio que foi suspenso!
O Ferrinho, que vivia com um permanente sorriso estampado no seu rosto, mixto de simpatia e sarcasmo, amigo íntegro e sempre disponível. Os Iguaisinhos, bons alunos. O Martins, o Zé Guta que se apaixonou por uma novinha professora de Inglês. Os Gabadinhos também por lá moravam. O Vitinha, com o seu ar de quem "nunca partiu um prato". Era uma turma do caraças! As aulas de Contabilidade, ministradas pela Florinda, naquela sala das carteiras "profissionais" eram aguentadas, nas primeiras filas, por meia dúzia de alunos, presumivelmente mais atentos e interessados enquanto lá ao fundo da sala, protegidos pela altura das tais carteiras, se formavam dois ou três grupinhos que faziam de tudo, menos tomar atenção ao desenrolar da aula. Às vezes, o tempo aí era bem aproveitado, estudando-se para um exercício ou para uma chamada de outra disciplina.

O Vieguinhas, chegava à Escola montado numa motorizada, salvo erro, uma SACHS que me fazia uma inveja do camandro e que eu às vezes cravava para dar umas voltinhas, ainda que não fosse "encartado" para a sua condução. Mas ele, o Vieguinhas, sempre foi "um gajo porreiro"! E deixava-me entrar naquela aventura! Bem porreiro, aquele gajo! Ficou um amigo de sempre!

Pronto! Foi bom reviver! Porque reviver também é viver!

Arnaldo silva
Felizmente reformado

avlis disse...

PS - Aquela do "redroba" está muito bem ali!!!

Anónimo disse...

MEU VELHO SILVA.

Viva.

Uma bela história que deixas aí para a malta. De saudade e de humildade. Nela não te evocas tu que foste dos maiores alunos lá do burgo.

abração

jbs