terça-feira, 25 de março de 2008

O ENSINO COSTELETA


O ENSINO TÉCNICO DO MEU TEMPO
Ocorreu-me esta crónica, a propósito do modelo de ensino vigente hoje no País, onde se ataca
por todos os meios o elemento fundamental no processo, que devia ser defendido e apoiado, que é o professor.
Contrariamente ao que diz MST eu estou do lado dos professores.
O resultado do ensino na Escola do meu tempo, está aí à vista de toda a gente, onde todos os alunos conseguiram colocação.
Alguns chegaram longe, um deles chegou mesmo ao mais alto lugar da hierarquia. Outros chegaram igualmente longe e, melhor dizendo, todos chegaram a lugar, mais ou menos, de destaque.
Os alunos da Escola, nos seus quatro ramos, Comércio, Serralheiros, Electricistas e Construção Civil, cederam ao mercado de trabalho muito bons técnicos.. Muitos deles ainda estão aí..

Muitos desses quadros constituíram empresas, como a J. Carmo Tavares Lda, que desde 1976 se vem afirmando como uma grande empresa de Contabilidade e aspectos afins, Gestão de Pessoal, Fiscalidade e Seguros, nomeadamente....

A razão que me trás aqui a falar destas coisas, é que o mundo empresarial e a Contabilidade das empresas de hoje, é totalmente diferente do que era a Contabilidade da altura em que esta empresa foi constituída, e, sobretudo da altura em que o sócio gerente da empresa, o costeleta Jorge Tavares obteve o diploma do Curso Comercial.

O Curso Comercial da Escola do meu tempo, anos 50, era bom, deu bons quadros sobretudo para a Banca, mas ainda era do tempo do cursivo inglês em caligafia que nos ensinava a Professora Maria da Glória..

Nesse tempo, em Contabilidade não se falava em POC, nem em POCAL, IVA, Impostos e custos diferidos, NIC´S, obrigatoriedade do inventário permanente, informática e outros... muitos outros assuntos, que exigiu da empresa J. Carmo Tavares e de muitas outras existentes na cidade, um esforço enorme de actualização, que, diga-se de passagem, a profissão torna permanente..

Por este facto, entende a administração do blogue, que é da mais elementar justiça, realçar o trabalho dos alunos desse tempo, hoje técnicos consagrados e oriundos desse ensino, que todos os dias estão sujeitos a alterações de códigos e normas a aplicar, para fazer face às exigências da Administração Fiscal.

A Contabilidade é uma ciência/técnica que se socorre de uma série de ciências laterais para conseguir o seu bom desempenho, exigindo esse conhecimento aos técnicos que terão de saber interpretar tais matérias e executá-las.

Os técnicos que estamos a falar, remontam, alguns deles aos costeletas dos anos 50 e 60.

E, com este texto, pretendemos aqui reconhecer toda a validade do modelo de ensino dessa altura e da capacidade de trabalho que os nossos mestres incutiram nos seus alunos.

Porque é justo esse reconhecimento.

Por isso, aqui deixo um VIVA aos modelo e método de ensino desse tempo, e um VIVA aos nossos mestres e alunos desse tempo. .

Porque eles foram uns vencedores.

Texto de
João Brito Sousa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Peço desculpa por meter a foice em seara alheia.
Não fui costeleta mas tenho por hábito visitar o correio dos costeletas assiduamente porque há nomes de grandes Homens e grandes Mulheres que me marcaram na minha caminhada de estudante. Eu estudei em Vila Real de Santo António, terra que me viu crescer e onde resido. O primeiro curso que tirei foi o Curso Geral de Comércio na antiga Escola Industrial e Comercial. Alguns professores dos costeletas foram meus professores e alguns costeletas foram meus professores também.
Quando li há dias o nome do Dr. Furtado e alguém escreveu ..."e que história ele nos ensinava"... pensei: -se foi igual à que me ensinou então somos todos doutores ou mestres em história ! Para a minha récita de finalistas alguém escreveu
O Senhor Doutor Furtado
É o rei da Alegria
Com saúde e a dar ao pé
O que ele quer é folia

A Professora Dª Maria da Luz, que já não está no meio de nós, esposa do Grande Mestre Olivio Cabrita Adrião, foi minha professora de Economia Doméstica e de Culinária.
O costeleta Aurélio Madeira, foi meu professor de Caligrafia, a esposa, Professora Ercília, foi minha professora de Trabalhos Manuais. A costeleta Maria José Fraqueza foi minha professora de Dactilografia.

Em maquinaria é fina
Quando as máquinas experimenta
A Maria José Fraqueza
Arranja-as sem ferramenta.

O Professor António Pires Guerreiro Nicolau, meu grande amigo e marido da minha grande Mestra da Instrução Primária, Professora Maria Luisa Socorro Queróz Nicolau, que infelizmente já nos deixou.
O também saudoso Engenheiro José de Campos Coroa foi o Director da minha escola. Quando casei ofereceu-me 500$00 (naquela época 1974 era muito dinheiro)

O Homem, o Professor, o Amigo

Nascido no Alentejo,
Em Coimbra se formou
O Algarve foi desejo
De amar o que tanto amou.

De Faro a Vila Real
Vão vinte anos de amor,
Vão espinhos do roseiral
Da Vida dum professor.

Vão léguas de pensamento,
Vai o tempo e o Destino,
Vai o Homem e o talento
Que dedicou ao ensino.

E eis que tudo é acabado
Num Novembro p´ra esquecer.
Triste sina, triste Fado,
Triste forma de morrer !

Mas. poder não teve a morte
Sobre o Homem que viveu,
Pois seu viver foi tão forte,
Que a própria morte venceu !

Deixou-nos amor, ternura,
Teatro, arte e saber;
Deu-nos tudo o que a Cultura
Faz dos Homens, Homens ser.

JOSÉ DE CAMPOS COROA
Foi talento, foi bondade;
Foi o exemplo, a pessoa
Por quem nos chora a Saudade


Ao ler o texto acerca do ensino de antigamente, apeteceu-me escrever e enviar uns versos, que os Senhores Administradores do Blogue, se acharem interessante, como é óbvio podem publicar. Foram escritos pelo meu marido bem como o poema dedicado ao Engº José Coroa. O meu marido frequentou a Escola Comercial e Industrial de Faro, nas Secções Preparatórias, nos anos sessenta

Maré de DR´S

Está Portugal assolado
Com tal maré de doutores
E de tal modo atrasado !...
O pior, entre os piores.

Há tanto licenciado
Com diploma dado a murro,
Que mais sai dignificado
Esse animal que é o Burro !

A "reforma" vergonhosa
Que no ensino se fez,
Só forma gente vaidosa
Que nem sabe português !

Umas nódoas em gramática,
Certa gente da "pesada"
Não pescam de matemática,
E não sabem tabuada !

E assim por este andar,
Digam-me lá meus senhores
Onde vai isto parar
Com tal maré de doutores ?

Renovo o meu pedido de desculpas pela intromissão
Cumprimentos
Lídia Machado