quarta-feira, 26 de março de 2008

ONDE ESTÃO OS COSTELETAS ?


FUI À PROCURA DOS COSTELETAS.

O comboio estava tabelado para as às 6 e 47 na estação de Campanhã, PORTO e chegava a FARO perto da uma da tarde.

Era mesmo à tabela...

O preço do bilhete é bom para reformados. Só o facto de ter a possibilidade de ir ter com o TECA à praça e perguntar pelo Sampas, valia o preço de três ou quatro bilhetes.

Era a saudade a funcionar.

Conviver um pouco com o velho Teca, que alinhava com a estudantada e vendia marisco na praça, era recordar velhos tempos..

Óptimo. Comecei logo a pensar como seria a minha viagem até à cidade dos meus encantos.

Sim, porque FARO é e foi importante na minha vida. É a cidade da minha juventude. Foi ali que andei à porrada com os putos da minha idade, foi nos bailes da cidade que apanhei as tampas das moças, foi aqui que vi um preto pela primeira vez.... .

Vou telefonar ao Jaime Cabrita e lá vamos nós. Era bom se ele pudesse ir. Mas o Jaime não pôde ir. Fica para a próxima...

Mas eu fui

Eram treze horas quando saí da estação. E logo ali começaram as recordações. Fiquei parado a olhar a rua em frente, a Ventura Coelho, onde eu estive hospedado no nº4, na casa da mãe da Natércia, costeleta, que ao tempo namorava com o Xico ZAMBUJAL, igualmente costeleta mas já aluno do Magistério Primário.

E aí, à porta, recordaria com o olhar distante, no horizonte e no tempo, aquela cena da carta que eu fui incumbido de levar ao correio, ali perto, na estação, e deu-me aquela pancada, abro-te não te abro e abri, tinha uma nota de cinquenta escudos lá dentro, e agora, vais .. ficas.... vens... que tal... e tudo voltou à normalidade, fechei a carta de novo e a nota lá seguiu o seu destino....

Decisão complicada, essa.. mas certa.

Um homem, quando dispõe de algum tempo disponível para utilizar e já muito pouco para viver, pensa nestas coisas e dá-lhe a nostalgia..... e recorda toda a macacada que fez..

E felizes daqueles que dispuseram dessa oportunidade e de tempo para recordar...

Ainda no Largo da estação, olho enviesado para a esquerda e lá está o café, que penso ser do pai do André, um puto giro e amigalhaço do Liceu que vim a saber não me lembro como, foi comissário de bordo na TAP.

Éramos eu, o André e o Zézinho de Almancil mais o Pacheco de Lagos. E um deles dizia que queria ser médico.. para medir a tensão arterial às mulheres. Lembrei-me disso e fui ao café e perguntei pelo André, mas ninguém me soube dizer nada...

Saí do café e dirigia-me para a zona do jardim da doca quando na rua a a seguir à Ventura Coelho, lembrei-me que era ali que se situava o café do Alberto, irmão do André que jogou à bola na Académica e no Belenenses e foi meu colega no Magistério.

Ainda perguntei no café lá existente pelo Alberto.. nada ... não há cá Alberto nenhum. Ao sair, à minha direita, lá em baixo, fica a loja do Prof. Renato, aquele que tinha a mota do Vinhas, ainda lhe dou um assobio, mas nada de Renato.

Vou mas é ver se o Zacarias está na tasca. O Zacarias era um preto que estava empregado numa tasca de esquina, que fica à esquerda, quando se sai da estação para o Hotel Eva.

E nem tasca nem Zacarias. Ainda fui à oficina que fica ao lado, disse boa tarde e perguntei pelo velho Zac.. Que não sabiam nada disso ... que eram alentejanos recém chegados à cidade e nunca viram por ali nenhum preto nem nenhum Zacarias. .

Está tudo mudado... pensei.

E se fosse à praça ?..

Era tarde. Iria no outro dia de manhã até à praça que é o lugar ideal para ver a malta, os montanheiros estão lá todos, vão vender as laranjas e as couves, tudo... é lá que se sabe quem morreu, quem casou , quem nasceu, quem está no hospital a bater as botas... tudo... e o resto sabe-se quando entrevistarmos o TECA, que é boa fonte, porque está lia o dia inteiro.

Damos uma volta por ali e havemos de encontrar alguém, talvez o Rabeca, ilustre empresário da área de prestação de serviços em contabilidade, talvez o Brazinho, contabilista e advogado, estes dois tipos têm uma característica própria, única talvez, nunca gostaram de Lisboa, frequentaram ambos o ICL na rua das Chagas ao Largo de Camões e mal as aulas acabavam, apanhavam logo o rápido às cinco da tarde e davam às de Vila Diogo, Faro com eles, Lisboa jamais..

O Jorge Cachaço devia andar por ali também e se sim tínhamos a manhã ganha. Queremos vê-los todos, o Xico Machado, o Bernardo Estanco, o Zé Elias, o Zé Emiliano, o Ferro e o Salsinha, o Matos Cartuxo, o Figueiredo, o conde de Salir, o Zé Vitorino Neves do Arco, o Zeca Bastos o Jorge Tavares, o Carlos Alberto Vieguinhas, o Alex e o Verdelhão, o Vergílio Coelho, o Júlio Piloto e o Queixinho, o Reinaldo Tarreta a quem perguntaria pelo mano Diogo e pela Meninha, o Zacarias de Pechão, o Ze Maganão e o João Vitorino Bica e muitos.. muitos outros..

Foi só matar.. matar ... saudades e, por fim, lá para as tantas diria como diz o escritor Gabriel Garcia Marquez lá na sua obra... até amanhã, camaradas...

Texto de
João Brito Sousa

5 comentários:

avlis disse...

Procurando por eles....

Procurar 'Costeletas' é um natural impulso dum genuíno 'costeleta'. Encontrá-los é um acto gratificante.
O amigo Brito, "deu-lhe na bolha" e, pelos vistos, teve a recompensa. Invejo-o! Pela ousadia, pela coragem de violar esta inércia que nos vai prendendo os movimentos e que, por isso mesmo, nos vai arredando desses revitalizantes contactos. Por mim falo.
Como gostaria de passar um bom bocado, revivendo o passado, com o Ilídio Correia dos Santos, o Ilídio de Jesus Correia, o José Victor de Jesus Silva, o... Fica aqui a chamada; hoje apenas para estes. Depois , irei chamando mais.

Apareçam!

Saudações "costeletas"

Arnaldo silva
Felizmente reformado

Anónimo disse...

CARO AVLIS,

Também eu gostava de ver essa malta.

E o Zé Maganão, também, apesar de o ter visto há pouco tempo.

Vamos chamando por eles, ok

abração

JBS

Anónimo disse...

Boa Noite,
Magnífica narração de um recordar outros tempos em Faro vividos.
Gostei. Parabéns.

Devo referir que na foto que ilustra este tema, reconheço dois meus ex-colegas de turma. Um o Pedro (filho de um funcionário do antigo Cinema Santo António) colega de turma nos Serralheiros,e a quem, por ter o cabelo ruívo, lhe chamavam-mos "O Cabelinho". O outro é o Amorim, colega ainda no Ciclo Preparatório. Reconheço também o Piloto, mas este, creio que frequentava o Comércio.
Refere no seu texto o Jorge Cachaço, Homem que conheço há muito e sempre bastante ligado ao desporto e ao Farense! Da Escola não me lembro dele, mas hoje moramos na mesma rua!!!


Cumprs.

AGabadinho

Anónimo disse...

FROM WASHNGTON

HELLO!....

So hoje abri o meu Em casa.
Uso mais o do escritorio, no trabalho.

Algumas correcções:

O Andre, faz em Agosto dois anos, continuava na Tap, fiz uma viagem de Newark a Lisboa e era ele o chefe de cabine.

Ja tinha estado com ele, cerca de 81-82 em S. Paulo.

Eu penso que ele nao e costeleta, creio que estivemos juntos ou no Liceu ou no ColegioAlgarve.

O Alberto tinha o Restaurante, fui la com o Viegas muitas vezes, em 84-85, agora nao sei.

O Teca ja nao esta na praca, passa muitas vezes na Rua de Sto Antonio, com um saquinho de peixe para entregar as encomendas.

O Zac foi o primeiro de cor mas tambem houve o Aparicio.

A minha veia para a escrita nao se compara com a tua, portanto tenho que terminar, sem antes dizer-te que talvez esteja ai em breve, porque o meu pai nao esta nada bem.

Enfim, e a vida.

Um abraço

CARLOS ALBERTO

Anónimo disse...

PORTO, 2008.03.28

Hello!..

Obrigado amigo.

Correcções sempre.

Um abraço.

JBS