terça-feira, 6 de maio de 2008

BIFES E COSTELETAS

(alunos da Escola e do Liceu)

BIFES” E “COSTELETAS”
por LIBERTÁRIO VIEGAS
O fenómeno subjacente às designações que os moços que estudavam no Liceu e na Escola se atribuíam de “bifes” e “costeletas” é mais complexo do que à primeira vista parece.

Tudo parece circunscrever-se a uma questão de natureza simplesmente económica, que, em parte, também é.

Não devemos esquecer que nos primórdios da industrialização, quando deixou de ser apenas necessário um ensino rudimentar e formal, a aristocracia começou a assegurar aos seus descendentes escolas de superior qualidade, que lhes garantiam lugares de direcção técnica, enquanto os filhos das classes menos abastadas tinham de contentar-se com lugares de subalternidade.

A origem das desigualdades posteriormente evidenciadas nos “bifes” e “costeletas”parece ter estado aí.

Entretanto e isto no passado os filhos das classes menos abastadas ajudava os pais nos seus trabalhos ou andavam a aprender um ofício.

Este espírito foi-se arrastando de tal forma que nos nossos tempos de “Ensino Primário”todos estávamos sujeitos a dois exames – nas 3ª. e 4ª. Classes, correspondentes aos actuais 3º. e 4º. Anos do Ensino Básico – e a exame de admissão ao Ensino Secundário, que alguns de nós acabávamos por fazer ao Liceu e à Escola.

Os mais abonados (os bifes) pretendiam prosseguir estudos universitários e acabavam por ingressar no Liceu, enquanto os outros (os costeletas) pretendiam adquirir habilitações profissionais para o mais depressa possível enfrentarem o mundo do trabalho. Para tanto ingressavam na Escola, estabelecimento que proporcionaram uma notável plêiade de excelentes trabalhadores que em nada desmereceram os conhecimentos muito mais humanísticos dos “bifes”.
PUBLICAÇÃO DE
João Brito Sousa

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