quinta-feira, 24 de julho de 2008

OS 120 ANOS DA NOSSA ESCOLA (continuação)

21



PARA A HISTÓRIA DA NOSSA ESCOLA (XI)

21
Prosseguindo a nossa "caminhada" pelos Diários do Governo, deparámo-nos com um longo deserto em matéria legislativa que, de modo específico, à nossa Escola dissesse respeito.
Com efeito, para além do diploma de 1921 que atribuiu o nome de Tomás Cabreira à Escola Comercial de Faro, de que demos notícia no apontamento anterior, nada mais de relevante encontrámos ao longo da década de 20.
Diga-se, contudo, em abono da verdade, que foi publicada legislação de âmbito geral de muito interesse para os ensinos industrial e comercial, mais propriamente para este úlltimo.
A título de curiosidade, registamos, por exemplo, os decretos de 1924 que estabelecem, um deles "o ensino da educação física nas escolas elementares de ensino industrial e comercial" e outro que "determina que em todas as escolas dependentes do Ministério (Comércio e Comunicações) sejam instalados grupos de escoteiros de Portugal".
São curiosas estas determinações. Quanto à educação física, não imaginamos um espaço para o seu funcionamento nas instalações da Escola, tal como as conhecemos nos anos 40... Quanto ao grupo de escoteiros de Portugal, lembramo-nos de um sediado na Rua Monsenhor Boto (entre "o comércio" e "a indústria"). Teria alguma relação com a determinação legal?.
No que respeita ao ensino comercial, não poderemos deixar de referir uma Lei de 1925, que reestrutura este ensino, aumentando de três para quatro o número de anos de duração do curso e fixando a distribuição das suas 11 disciplinas por cada um dos anos, com indicação das respectivas cargas horárias semanais. Entremos, agora, na década de 30. Logo no seu primeiro ano, com o ensino técnico profissional novamente sob a tutela do Ministério da Instrução Pública, o Decreto nQ 18.420, procede a mais uma organização deste ensino.
Trata·se de um diploma extremamente longo, reunindo algumas centenas de artigos, de que destacamos, por nos interessar directamente, o seguinte:
"Art. 363º - São fundidas as escolas de artes e ofícios de Pedro Nunes e comercial de Tomás Cabreira, de Faro, constituindo uma só escola industrial e comercial."


22
A Escola resultante desta fusão passaria a denominar-se, tal como muitos de nós nos recordamos, Escola Industrial e Comercial de Tomás Cabreira.
Também a titulo de curiosidade, registe-se que Pedro Nunes não foi esquecido, pois o seu nome foi atribuído à Escola Industrial e Comercial de Águeda. Consideramos este decreto de grande importância para o ensino ministrado na nossa Escola, particularmente o industrial. (Pensamos, até, que, desde a fundação da Escola, em 1888, o ensino industrial aqui ministrado teve sempre um carácter eminentemente prático, havendo mesmo cursos que admitiam a sua frequência por indivíduos analfabetos). Este diploma altera significativamente o panorama anterior, já que os cursos agora introduzidos - serralheiro (5 anos), carpinteiro (4 anos), costura caseira (4 anos), não obstante as suas fortes componentes oficinais, (que chegam a atingir as 24 horas de aulas semanais no 4º ano do curso de carpinteiro), incluem, agora, disciplinas de natureza mais intelectual. Apenas o curso de comércio nos parece retroceder quer em termos de duração (novamente 3 anos) quer na sua composição curricular, que se apresenta reduzida relativamente à definida em 1925

Franklin Marques

Sem comentários: