segunda-feira, 22 de setembro de 2008

DOIS MONTANHEIROS NA CIDADE; UM DELES É COSTELETA !...

(café ALIANÇA)

SAINDO DO LARGO DA PALMEIRA... em breve estamos no CAFÉ CABRITA.

Aos domingos eu ia com o meu amigo Rosendo lá do Patacão ao cinema da Rua de Santo António. O Rosendo e eu gostávamos de cowboiadas e de filmes bíblicos, tipo Sanção e Dalila com o Victor Mature e a Gina Lollobrigida. O nosso programam era : deixávamos as bicicletas a pedal em frente ao restaurante “A NORTENHA” e íamos tomar café ao Café Cabrita, ali ao lado da Tabacaria Dinarte. Passávamos a Farmácia que ficava à esquina do largo, depois havia uma rua estreita que ia dar ao Dias dos caixões, rua onde os montanheiros deixavam também as bicicletas em que se faziam transportar e depois, passávamos ao lado da barbearia Teodoro, seguia-se a loja Tabú, cujo proprietário era um senhor de baixa estatura mas muito forte e depois vinha o café Cabrita onde tomávamos a bica.

O café Cabrita era frequentado pela malta do campo. Da cidade, quem lá ia muito eram os taxista, o Aurélio, o João Coelho, o Ildefonso Rodrigues, o Napoleão, o Caracol entre outros. Falava-se do Farense, que nesse tempo militava na segunda divisão da zona sul. Recorde-se que nos tempos em que foi treinado pelo Artur Quaresma, o Farense ainda fez dois ou três anos seguidos o primeiro lugar da zona. Creio que alinhava com Isaurindo, Reina, Ventura, Zé Maria e Celestino. Francelino e Bentinho. Brito, Balela, Campos, Rialito e Queimado. Foi nessa altura que se começou a falar num grande jogador júnior do Sporting, que começava a fazer furor, o angolano Jorge Mendonça, uma fera na área.

Lá íamos ao cinema e, no regresso íamos jogar bilhar no salão Ulímpico na Rua dos Cavalos, onde ficava a Husqwarna, uma marca de máquinas de costura e ficava também a Tipografia de um jornal e a loja onde trabalhava o Xico Pires, um sportinguista inveterado que sabia tudo de bola e ninguém lhe dava a volta. Ao fundo dessa rua, que ia desembocar na rua de Santo António, em frente ao Banco Totta estava aí um engraxador de sapatos que fazia bom dinheiro aos domingos. Creio que se pagava três escudos por cada engraxadela aos sapatos nos finais dos anos cinquenta.

O salão de bilhares Ulímpico estava sempre cheio de clientela a jogar. O espaço tinha bilhares pequenos, uns sete ou oito, uma ou duas mesas de snooker e uma mesa de bilhar às três tabelas e havia ainda espaço para se jogar o dominó, onde estava lá sempre caído o lutador campeão, José Luís. Jogava-se muito e bem bilhar nesse tempo em Faro. O melhor jogador de todos era o Máximo, que era lá empregado. Era um rapaz alto, de bigode mas magro e parece que andava um pouco adoentado nesse tempo. Mas tinha um jeito para segurar as bolas ao canto, que dava ali uma série de carambolas sem descolar, podendo fazer mais de cem.

Depois de jogarmos a nossa partidinha às cinquenta, umas vezes ganhava eu outras ganhava ele, regressávamos ao Patacão, a nossa santa terrinha..No outro dia ele haveria de voltar ao trabalho dos campos e eu voltaria à cidade para retomar a Escola.

E ainda hoje somos amigos.

João Brito Sousa

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa Noite,
Sr. JBS

Li atentamente esta sua crónica sobre as vindas a Faro com o seu amigo Rosendo afim de verem as cowboiadas cinematográficas dimingueiras.
Gostei das bem conseguidas descrições que faz das ruas; casas comerciais e das pessoas que nessa época davam vida à cidade. Das casas comerciais que menciona conheci algumas, nomeadamente o Café Cabrita e alguns dos clientes taxistas que refere.Conheci a Loja Hwsqwarna, propriedade do Sr. Calapez (já agora acrescento eu, ali bem perto da Loja Estevinha). Conheci igualmente a tabacaria Dinarte(aqui, trabalhou um vizinho meu como distribuídor de tabacos pelas Vendas e Cafés da cidade e que nos Fins de Semana levava sempre um ou dois maços de cigarros para a malta fumar. Foi nesta altura que comecei a tabaquear! Tudo tem um princípio!!!
Do Ulímpico, como já referi em comentário anterior, fui um pequeno freguês. Neste Salão de Bilhares, também via muitas vezes o lutador José Luís que por sinal residia ali bem perto na Pensão Luísa, casa também já desaparecida.
É verdade, foi bonito recuar no tempo enquanto li este seu belo texto.

Obrigado e Cumprimentos

AGabadinho