quarta-feira, 24 de setembro de 2008

MIGUEL TORGA ENTRE COSTELETAS



FRASE DE TORGA

“... fomos civilizar, emigramos por amor à aventura, sabemos iludir o fisco.”
Miguel Torga


COMENTÁRIO:

Estou de acordo com esta frase de Miguel Torga. O povo português, sempre encontrou na habilidade genuína que possui, uma muleta de apoio ao seu comportamento audacioso, que quase sempre o conduziu à vitória.

Fomos generosos e concretizámos o desejo de nos expandir face ao pequeno território que éramos e somos. A nossa pequenez territorial exigiu-nos golpes de audácia para nos equilibrar com outras potências territorialmente mais alargadas e mais poderosas em recursos disponíveis. Sacrificámos um povo em favor de outros distantes, de grandes recursos disponíveis sim, mas com grandes dificuldades de exploração... em suma e como diz Torga, fomos civilizar.

Nunca fomos um povo acomodado. Os nossos horizontes estavam vocacionados para paragens mais longínquas. O nosso espírito de aventura esteve sempre connosco e ajudou-nos a assegurar a vaidade de que sempre fomos possuídos. A maior parte dos que saíram voltaram melhor. Ganhámos astúcia e perícia com os melhores. Dos menos bons resultou o desenrascanso.

E é aqui, com este desejo de sobressair e auxiliados pelo motor do desenrascanso, que iludimos o fisco e não só ...

João Brito Sousa

2 comentários:

Anónimo disse...

A ideia de que conseguimos iludir o fisco, é errada.
Afirmo com algum conhecimento de causa, que o fisco se deixa iludir.
Por comodismo, falta de meios, interesses instalados, favores, conhecimentos, etc.
Qualquer cidadão português, medianamente conhecedor destas questões, sabe perfeitamente quando o fisco é "iludido". Então pergunta-se: E o fisco ( que tambem são cidadãos ) não sabe?
Está na nossa génesis, viver do desenrascanso e, ser mais esperto do que o outro...precisamos de algumas gerações para alterar este comportamento.Tenhamos fé...!
J. Tavares

Anónimo disse...

OBRIGADO JORGE.

Aceito o teu comentário situado no momento actual.

A frase de Torga tem mais de cinquenta anos e eu que andei nessas lides, por essa altura, pareceu-me que o que Torga disse é verdade...

Foi mais ou menos por essa altura que um amigo meu me disse o seguinte: eh pá, a minha mulher disse-me que o meu compadre recebeu duzentos contos de retorno do IRS. E quanto recebeste ou vais receber tu ... perguntou-me ela ...

Penso que por este exemplo se pode ver que havia uma cultura portuguesa de iludir o fisco, como diz Torga

Ora, a mim parece-me que as declarações de IRC e IRS de há cinquenta anos tinham pouco rigor, quanto à matéria colectável apresentada.

Em sede de IRC o apuramento dos resultados era baseado no inventário intermitente, logo...

Quando professor de contabilidade no ISCAL, costumava contar aos meus alunos esta anedota.

Diálogo entre o empregador e o candidato ao lugar na contabilidade.

Pergunta o empregador ao 1º entrevistado. Diga-me, quantos são 2 mais 2. Resposta, 4.

Resposta do 2º entrevistado, após pensar um pouco, são 22.

Resposta do 3º- QUANTO È QUE O SENHOR QUER QUE DÊ.

Esta resposta é contemporânea de Torga, por isso concordei com ele.

Por outro lado a Reforma Fiscal é nos anos 60. Donde...

Aqui é permitido a troca de ideias. Este é um assunto interessante para uma abordagem séria.

Porque te callas?... Te aguardo, ok...

JBS