segunda-feira, 29 de setembro de 2008

PARA DEBATE COSTELETA, Lídia e Manel Piorna incluídos

FRASE DE HOJE

“... nenhum de nós será alguma vez hospede de um mundo perfeito”
Baptista-Bastos, in o Cavalo a Tinta da China..

COMENTÁRIO

Sirvo-me da frase de hoje para alinhavar umas ideias sobre o que é um escritor. Vergílio Ferreira diz que um bom livro não é aquele que proporciona adquirir mais conhecimentos; é sim aquele cujo conteúdo nos torna uma pessoa melhor.

A literatura de Baptista-Bastos tem sido uma grande companheira de jornada. Descubro nela coisas maravilhosas que me põem a pensar. Até me revejo na canção do Zeca Afonso:” Vejam bem... quando um homem se põe a pensar.”

Descubro na literatura de Baptista-Bastos coisas que sabia que existiam mas que não sabia que as sabia.

A frase acima, deveria estar pendurada à entrada dos nossos gabinetes de trabalho, pois deveria tornar-se numa tarefa prioritária diária, o dever de todos contribuir para a construção de um mundo melhor..

Cada um de nós, com a sua arma profissional, deveria fazer isso. .Deveríamos fazer da canção, da literatura, das artes em geral e de outras actividades profissionais a nossa bandeira. O mundo terá de ser forçosamente melhor.

E Baptista-Bastos dá o seu contributo através do seu grande talento literário. Folheio uma sua obra ao acaso e leio frases como esta:

“ Ele possuía uma completa inaptidão para ser feliz, e o seu abismo definitivo poderia concentrar-se, talvez, no imenso vazio da sua vida...”

ou esta:

“... Hoje desembaraçamo-nos dos mortos o mais rapidamente possível. Retêmo-los na memória, e por pouco tempo: mortos e velhos incomodam... "

Por tudo isto considero Baptista-Bastos um grande escritor. Porque Baptista-Bastos, não descreve a porta mas descreve sim, o que se encontra por detrás dela, que é como ele define um escritor.

Escrever e imaginar são uma e a mesma coisa., diz ele ainda.

Gostava de ser escritor.

João Brito Sousa

3 comentários:

Anónimo disse...

Boa Noite,

Não li esta obra do escritor Baptista Bastos. No entanto, o sentido que estas onze palavras que constituiem a frase em debate, oferecem-me a seguinte interpretação:

Certo dia li uma frase, que embora não literalmente igual, o sentido era este:
“Hoje os novos, metem os velhos nos Lares e andam com os cães colo”.
Perante esta afirmação e, como diz o poeta : “quando um homem se põe a pensar” vai inevitávelmente caír na já conhecida conclusão de que esse mesmo homem, que pensa e que age, não é perfeito e, por isso mesmo, a sua acção no mundo, nunca poderá ser perfeita.
Creio estar também aqui, o sentimento expresso pelo grande escritor Baptista Bastos na frase em destaque e escolhida para debate pelo nosso amigo JBSousa.

Cumprimentos

AGabadinho

Anónimo disse...

Muito boa noite !

Para tecer um comentário começo pelo fim.

Diz o J.Brito Sousa "Gostava de ser escritor"

Do que tenho lido, quer em prosa quer em verso, posso afirmar que o João é um escritor...É um Homem de grande talento e de uma visão profunda e um escritor tem essa faculdade de ver mais além e transportar para o papel o que lhe vai na alma.

Quanto à frase "O mundo terá de ser forçosamente melhor"

Não tenhamos ilusões ! Nenhum de nós jamais conhecerá um mundo melhor.

Cumprimentos
Lídia Machado

avlis disse...

“... nenhum de nós será alguma vez hóspede de um mundo perfeito!”

Pois é verdade! Ninguém viverá “num mundo perfeito”!

Mas, o que é “um mundo perfeito”? Será que alguém conseguirá definir ou emitir tal conceito, sem cair em contrariedades e incongruências?! Será que alguém terá a capacidade de gerar uma definição de “mundo perfeito” que se coadune com as aspirações de um Europeo, de um Africano ou de um Asiático?!

A visão da qualidade do mundo, melhor ou pior, má ou boa, não estará sempre dependente do juizo individual, das convicções pessoais, dos conceitos do bem e do mal, dos princípios de justiça, das influências religiosas e políticas?!

Um Escritor não deve preferir verdades gratuitas! Que me perdõe o amigo Brito, que sei incondicional partidário e fã da escrita de Batista Basto, mas Quixote sou houve um, e a cruel realidade da vida de hoje está aí a impor e a demonstrar que a luta contra “moinhos de vento” é e será sempre uma luta inglória e sem vitória possível, porque sempre haverá neste mundo um Abel e um Caim.
Infelizmente, sempre!

arnaldo silva
elizmente reformado