segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A ARTE


A ARTE
por joão brito sousa


Resolvi pegar neste tema hoje porquanto, gostando eu de fazer os meus poemas, um poeta a sério, do nosso meio literário, sabendo disso mas interrogando-se acerca da minha capacidade poética, questionou-me nestes termos: João, como é que tu reages perante uma obra de Picasso? E eu ,não a percebo e dá-me vontade de fugir, disse eu.. E perante uma obra de Mozart? Agride-me, vou-me embora. Então não podes ser poeta porque não se pode ser um bocado de artista . A arte é una e por isso não se pode ser artista por partes.
Fui estudar o assunto e verifiquei que o nosso poeta António Aleixo, diz lá na sua poesia, que a arte é uma coisa imanente, ou seja, a arte é o resultado da expressão de um talento, que vai produzir um efeito agradável, principalmente, na alma de cada de nós, melhor, no interior de cada um de nós e não em qualquer realidade externa.
A arte exige de cada um de nós que a entendamos para que seja possível o diálogo com ela. A arte é sentir. Não a sentindo não há diálogo possível com a arte; não há entendimento. Só aquele

que a entende é artista. Não pode ser artista quem não entende a arte.

E o que será um artista? Diremos que é artista, aquele que domina a técnica exigida pelo trabalho que desenvolve, pondo nele toda a sua intuição, competência e saber, conseguindo realizar trabalhos com beleza tal que os destinatários dele, em primeiro lugar e os outros todos depois, reconheçam-no como um trabalho de excepção quanto à sua concepção e realização
Um objecto é tido como artístico quando for possuidor da característica da quase exclusividade, de peça rara, ou seja, estar a sua execução ao alcance de poucos. Mas a arte resulta de um exercício de criatividade expressa num objecto ou atitude, palpável o primeiro impalpável o segundo, mas onde ambos nos ofereçam a possibilidade de aferir que são possuidores de qualidade artística.

A qualidade artística colocada nos objectos ou atitudes, vêem da alma de quem a expressa e resulta da sua sensibilidade. Ora as sensibilidades são distintas, quer dizer, dois artistas podem ver a mesma coisa de forma diferente, o que é natural, acontecendo às vezes, um artista não perceber os trabalhos de outro artista, não lhe negando, todavia, esse estatuto e reconhecendo arte naquilo que produz.. Daqui concluirmos que arte exige estudo e dedicação. Miguel Ângelo dizia que não podia trabalhar com as mãos numa coisa e a cabeça noutra, sobretudo em escultura.

Por isso é que as peças de arte são, algumas, de valor exorbitante. Por uma lado, devido aos autores, que são poucos e já desfrutam no meio onde se movimentam, como detentores de grande criatividade artística e por outro lado de vido às peças apresentadas.
Mas a arte precisará de um terceiro elemento para se afirmar. É o destinatário da obra de arte ser por ele reconhecida como tal ...

A arte, em sentido popular, também pode ser traduzida como o oposto do belo. E o povo, às vezes, diz de um gatuno, saíste-me um bom artista. Li no jornal uma vez, que um homem mandou fazer uma casa tida pelo construtor como inviolável. O proprietário, face a isso, mandou colocar um anúncio pedindo um gatuno profissional, para entrar numa casa tida como de difícil acesso

O Homem veio e entrou na casa. Resolveu um caso ao alcance de poucos. É de artista. Mas o desempenho não é arte, parece-me....

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