domingo, 7 de dezembro de 2008

DO CORREIO ELECTRÓNICO

Da Maria José Fraqueza recebemos, pelo correio electrónico, a carta e a história que transcrevemos na íntegra:

Querido Costeleta Rogério
É Claro que podes publicar os meus poemas, quando tos enviei a autorização estava dada.

Mas agora vou contar uma história que me apetece, e sabes porquê? É que eu gostava de saber se algum costeleta se lembra duma menina que cantou numa Festa de Finalistas realizada talvez em em 1948/49/50? na velha Escola Industrial onde as oficinas era a um canto do Largo da Sé. A Festa foi no quintal da escola porque o Curso Comercial, embora com algumas aulas naquele local, funcionava na Rua do Arco da Vila. Nessa rua morava uma velhota por alcunha "A Aguardente" e quantas vezes os miúdos traquinas, faziam ouvir-se (enquanto estávamos nas aulas) a gritar ...aguardente, aguardente ...à triste velhota...Coisas das juventude!
A História é esta... A menina que cantava era eu. Os alunos mais velhos descobriram esta pequena artista e então, resolveram convidá-la a actuar na sua Festa de Finalistas. Eu andava no primeiro ano do velho curso comercial e depois no ano a seguir, mudei para o novo curso no velho liceu na Alameda, que começou a funcionar como escola preparatória que tinha o nome de Escola Técnica e Elementar Serpa Pinto - o que após os dois anos, passariam para os cursos comercial ou industrial.Assim, voltando ao assunto da minha primeira actuação artistica com 12/13 anos que foi nessa noite de festa, na velha escola no Largo da Sé, eu nunca tinha cantado a um microfone, mas não me assustei... porque o que eu tinha realmente medo era de cantar o "fado" porque o meu avô me dizia que quem cantava o fado eram "as mulheres da vida" e eu por isso, neguei- me a cantar o fado nessa noite, mas cantei duas canções que a Amália Rodrigues havia levado no seu reportório, pela sua primeira viagem ao Brasil e as canções eram: "A Falsa Baiana" e o "Grão de Arroz" e foram essas duas canções que eu cantei nessa noite linda.
- Quem se lembra?
- Será que ainda existe algum costeleta finalista desse tempo?
O mais engraçado é que eu quis saber o que eram as mulheres da vida e quando na manhã seguinte no combóio apanhei a minha amiga Clarisse Cabrita, fiz-lhe a pergunta: - Clarisse tu sabes o que são as mulheres da vida? E ela que também era ingénua, e por ter ouvido talvez falar que em Olhão existiam algumas casas dessas mulheres, respondeu-me: "Não vás por essas ruas que é a Macaca, a Rosa Valtéria e outra também que eu já esqueci... e eu fiquei na mesma sem saber. Perguntei a uma prima casada o que eram essas mulheres da vida e ela explicou-me... Felizmente, depois cantou-se o fado nos salões e hoje canta-se por todo o lado porque o fado é a nossa canção nacional. Até gostariam que ouvissem uma canção que compus a letra que ganhou o Festival da Canção do Sul - na voz da Sara Gonçalves e tem por título: "O Fado é Portugal" . Peçam ao Vitor Silva - esse artista farense, também costeleta porque ele é detentor desse êxito.
Ai se o meu avô fosse vivo... o que me diria agora?
Por hoje já chega! Saudações costeletas!
Maria José Fraqueza
PS - Quem desejar visitar a minha casa-museu, telefone-me para 289-793286 e lá... eu posso até cantar o fado.
Colocado por Rogério Coelho

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