sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

DA ESTAÇÃO À BAIXA DE FARO




DA ESTAÇÃO DO CAMINHO DE FERRO AO CORETO

Quem vem da Ventura Coelho, onde eu morava, em direito à estação, vira à esquerda e passa à loja do ZAC, ou o Zacarias , um rapaz angolano, creio eu, que trabalhava aí numa carvoaria, seria? ... o proprietário era português.

Essa loja que eu falo ficava a uma esquina, onde começa ou acaba uma rua que vai dar à sapataria do Professor Renato.

Eu passava lá na carvoaria e olhava para dentro dela e o ZAC estava na sua função Tenho uma pena danada de nunca ter falado com o ZAC. Sei agora que já faleceu e que morou na Senhora da Saúde, casado com uma portuguesa.

Passava a loja do Zac, moravam os Zambujal, o Xico, o Mário, a Lurdes e a Fatinha, que casou com o nosso Inocêncio Costa

Atravessamos toda a Ribeira e chegamos ao Coreto do Seita, mais ou menos onde trabalhava o marreco.

E depois seguiam-se os cafés, Aliança, Marcelino e Atlântico.

O café Aliança é um dos cafés históricos do País. Ao lado do Majestic, do Porto, do Santa Cruz, em Coimbra, da Brasileira do Chiado, em Lisboa, o Café Aliança, em Faro, apressa-se, renovado, a fazer em breve cem anos, importante efeméride, que o classifica no terceiro café mais velho do País e o de maiores tradições culturais na cidade



.Renovado o edifício, um interessante testemunho da arquitectura revivalista, ostenta hoje, na sua parte de restaurante, uma curiosa galeria dos famosos (em fotografia) que por ele passaram e permaneceram. E entre estes está Marguerite Yourcenar, na década de 60, Simone Beauvoir, nos anos 40/45, Fernando Pessoa, quando aqui se reuniu com os seus colegas futuristas algarvios (o pintor Carlos Porfírio e outros), o poeta António Aleixo, que ali ia vender cautelas, Assis Esperança e tantas outras personalidades.


Quem pretenda pode tomar a sua refeição no amplo salão, rodeado de tanta memória viva de outros tempos. Pode aqui tomar o almoço, jantar, pedir o bife à Aliança, o costelão de novilho, deliciar-se com as amêijoas à Bulhão Pato da casa, as conquilhas, camarão salteado ao alho. Se pretende uma refeição mais rápida e brejeira pode conferir a carta de omeletes (de queijo, fiambre, outras), de crepes e de steaks.



Ainda mais fútil, pode decidir-se por uma simples tosta à Aliança. Um gelado à sobremesa pode ser o remate conveniente, ou um típico doce de figo, amêndoa ou alfarroba a acompanhar uma aguardente de medronho. Em plena baixa da cidade de Faro, o Aliança está sempre à mão, no caso com uma lição de história cultural à mistura, a fazer-nos lembrar o tempo em que os cafés eram escolas de vida, neles tinham lugar tertúlias como hoje já não existem.


Texto de JBS e VG/DN

1 comentário:

antonio Siva de Brito disse...

Amigo João de brito de Sousa.
e Costeletas :
Aqui estou com um comentário sobre o café Aliança "a bolsa como também era designada nos anos 50 " , É que há poucos dias me informaram que o mesmo tinha encerrado ? Recordei o Sr. José Pedro da Silva ! Empresário do Café, hotel e Mercearia com o nome Aliança .
Tudo tem seu tempo e época e quando algo termina sentimos que um pouco da nossa existência também encerrou ?
Mas o café Aliança me recorda um facto caricato de que fui autor .
Aos 11 anos em que fiz o tal exame do 2º. grau numa Escola diferente (na Escola de S. Luiz ) , ao qual foi Presidente do Juri a Professora Maria Emilia Pessanha , nas férias me empreguei na Agencia de Viagens do Marido Manuel Arcanjo Viegas que tambem se dedicava a actividades de exportação de conservas de frutos secos . Indo á casa de banho no café Aliança , puxei por curiosidade o autoclismo , e não é que me assustei com a descarga de água pensando que tinha feito álgo de errado fugi !
Isto porque da zona rural de Estoi de onde vim não existia !( nem Luz eléctrica, água canalizada , fogões a gaz etc ) e dentro da minha inocência e inesperiência foi uma novidade que ficou na minha memória e sua recordação me faz sorrir .