quinta-feira, 19 de março de 2009

ENCONTRO DE COSTELETAS







À CONVERSA COM O JORECA

Estou no jardim de Faro, perto do Coreto, onde nunca vi nenhuma banda tocar mas onde o Seita tinha a sua “la minute”, o Vieguinhas tinha o quiosque onde os filhos e a esposa vendiam os jornais, o marreco engraxava a três escudos e onde o Verdelhão e o Alex apareciam de vez em quando a bater um papo com o Carlos Alberto Magalhães.

Já nada disto existe, tudo isto é triste mas o Joreca ainda resiste e surge-me de frente.

O Joreca, ou o Jorge Grade Cachaço, foi um charmoso que teve a sua época, equipava do melhor, cabelo preto forte que suportava bem o risco ao meio, fazia parte daquele naipe dos elegantes onde constavam o Luís Cunha sempre impecável, Manel Zé idem, António Manuel Lindo Macedo um craque e outros

O que é que fazes aqui? pergunta-me ele.

Vou almoçar com a malta à Fuzeta, às quintas feiras eles estão lá todos, estou à espera do Nuno. Que ele vai sempre., disse eu.

E os outros, quem são? perguntou o Joreca.

Os outros são, o Tony Casaca, João Parra, Fonte Santa, Manel Poeira, todos costeletas mais o Reina, Madeirinha, Matias e outros.

Boa malta, essa, disse o Joreca.

Impecáveis, disse eu, malta fixe, mas o Manuel Poeira continua um senhor como nos tempos em que era capitão das equipas de futebol onde jogou. Um grande senhor. Fala de tudo com clareza e vê-se que é um amigo. Tenho-o nessa conta.

E a tua malta Joreca, quem eram os eus companheiros, perguntei.

Eram tantos e tão bons amigos, malta que já não vejo à tanto tempo.

Nomes, lembras-te? Perguntei.

Sim, Edmundo Fialho a residir no Canadá, um grande homem e um grande amigo, uma saudade desses tempos. Alfredo Teixeira, hoje grande industrial da moda, Vitélio reformado da Banca, Fernando Palminha meu colega no Sotto o Daniel Mendonça do BNU e o Aníbal o nosso Presidente.

E dos professores podes referir um nome.

Na minha opinião todos deram o seu melhor mas o meu professor inesquecível foi o Professor Dr. Ângelo Passos. You agree?

Um colega inesquecível?

Todos, a quem deixo um abraço, mas o João Cuco talvez tenha sido esse colega.

Uma cena inesquecível?

O Mário Zambujal e o seu exame de inglês. Página 80 menino Mário....

O Nuno chegou e despedimo-nos com um abraço.

Texto de



João Brito Sousa

1 comentário:

Anónimo disse...

“Entrevista” bem conseguida! É de quem possui imaginação! Gostei.
A prepósito do fotógrafo de nome Seita, ainda hoje (cinquenta anos depois) guardo um dos meus cartões de identificação da Escola, cuja fotografia "la minute" me foi tirada por esse fotógrafo com aquela maquineta de tripé que ele transportava sobre o ombro. O “fundo” para este tipo de fotografias, era sempre uma qualquer perede branca, normalmente junto do edifício do Banco de Portugal! O “estúdio”, também ele improvisado, ficava muitas vezes junto do coreto onde ele, Seita, colocava uma ou duas vasilhas em plástico, contendo os indispensáveis banhos necessários ao acabamento daquelas obras fotográficas!
Quanto ao entrevistado, o Joreca, conheço a pessoa há muitos anos, mas foi o seu irmão, um pouco mais novo, e de seu nome Bráulio Grade Cachaço que fez, no meu tempo, o curso geral do comércio, sendo claro está um costeleta como nós.
Recordo perfeitamente o Dr. Passos, professor de inglês, cuja disciplina leccionava aos cursos comerciais. Aos cursos industriais (Secções) essa disciplina era, ao tempo, da responsabilidade da Drª. Lurdes Ruívo, professora com quem muito aprendi.
E pronto eis um pequeno mas real comentário que a sua bem elaborada “Entrevista” me fez redigir.

Cumprimentos

AGabadinho