quinta-feira, 9 de julho de 2009

JOGATANAS FUTEBOLÍSTICAS




Os estádios de futebol:
A sua e a nossa história.
Hoje vou recordar os locais onde nós, costeletas da década de cinquenta, fazíamos as "jogatanas" futebolísticas. Os intervalos das aulas, algumas faltas dos nossos distintos mestres, ou mesmo os percursos de vinda e ida para a escola, transportavam-nos de imediato aos nossos estádios, para uma peladinha. O equipamento caracterizava-se pela roupa e calçado que tínhamos em uso, e as nossas pastas, em regra, serviam para delimitar as balizas.
A arbitragem ficava a cargo de todos os intervenientes, e com alguma frequência jogadores e árbitos, envolviam-se em acessa discussão, pelas faltas ou foras de jogo.
Os estádios, esses, eram escolhidos em função do tempo disponível, e também do número de intervenientes. Se eram poucos jogadores, podíamos jogar no Campo dos Marinheiros. Se o número aumentava, nos Blocos ou em São Francisco.
O Campo dos Marinheiros, também conhecido por Rádio Naval, adquiriu esta denominação, pela proximidade da Instituição da Marinha ali situada e no qual estavam instalados os serviços de rádio em uso naquela época. Os marinheiros em serviço naquele estabelecimento da A.P., nas suas horas de ócio, ali faziam também a sua peladinha, e daí se chamar Campo dos Marinheiros.
O Campo dos Blocos, situado para lá da linha férrea e à beira da fábrica de cortiça do Fritz, foi o local onde se produziram os blocos em cimento destinados ao molhe de protecção da barra FARO/OLHÃO. Este trabalho demorou alguns anos a ser concluído, pelo facto de, numa primeira fase os blocos terem sido fabricados com dez toneladas, e na primeira tempestade, o mar ter varrido completamente o molhe, obrigando a refazê-lo, desta feita com blocos de tonelagem superior para assim, poder aguentar a força do mar. Resultou! Mas o nosso estádio encerrou.
O Campo de São Francisco, que deve o seu nome à Igreja lá existente, foi de todos o mais carismático. Envolveu costeletas de todos os tempos, inclusivé os que frequentaram a Escola na Rua do Município (Comercial) e no Largo da Sé (Industrial).
Todos os costeletas que, vindos de Olhão, Fuzeta, Tavira e Vila Real de Stº. António, via caminho de ferro, chegavam ou abalavam no apeadeiro de São Francisco, participavam na peladinha, que era jogada à chegada ou à partida, quando os horários permitiam.
Dedico este pequeno texto aos costeletas mais novos, para que possam reflectir, comparando as nossas actividades futebolísticas e os nossos estádios " sem relva", aos meios que hoje lhes são proporcionados para a prática desportiva, e ocupação dos tempos livres. Para esta alteração de condições de vida, nós os "velhos costeletas" lutámos e trabalhámos, e hoje partilhamos um sentimento generalizado de DEVER CUMPRIDO. Nota: Mais de meio século, é justificação para a memória falhar num ou noutro pormenor, que algum costeleta mais atento possa encontrar no texto. As minhas desculpas se tal acontecer.

Jorge Tavares

costeleta 1950/56
Recebido e colocado por Rogério Coelho

3 comentários:

Anónimo disse...

Viva,

Parabens Jorge pelo belo texto evocativo das condições que dispunhamos nos idos anos 50.

Uma achega,o comboio desse tempo chegava a Faro pelas 7 horas da manhã, mas à porta de um aluno de S. Marcos passava às quatro da matina e o nosso colega já tinha de estar preparado.

O Honorato Viegas ficou de me narrar essas cenas, sobretudo quando entrava o João Cuco em Almancil.

O texto que o Jorge aqui apresenta é cultural e histórico e tem pleno cabimento a imprensa regional

Parabens Jorge mais uma vez e juventude, A GERAÇÃO DE OIRO, também passou por isto.

Tenho perguntado insistentemente pelo Zaralho, o tal que deu o pontapé na cesta do polícia, mas nada...

Já agora dizer que me apareceu a´há dias o João Viegas dos Santos do meu primeiro ano de 52, a quem peço me envie uma crónica assim "DE SANTA LUZIA A FARO, ANOS 50" com punhada e tudo. Aí,o maior era o João.

ab.
JBS

antonio Siva de Brito disse...

Parabens pelas recordações dos Campos de Futebol da decada de 50 , que permitia à rapaziada se divertir , principalmente quando havia tempo entre as aulas !
Os chutos na tabuinhas nos corredores exteriores eram proibidos , assim como jogar na campo entre o ginásio e as oficinas .

Anónimo disse...

Caro Costeleta Jorge Tavares

A sua crónica relembrando os
antigos estádios sem relva da
rapaziada Costeleta, transportam-me
aos anos quarenta ,quando no Largo
da Sé frequentava a "Industria" .
Nessa altura, no terreiro fronteiro ao Regimento de Infantaria 4 , debatiam-se as
equipas do Comércio (rua do Municipio) e da Indústria(L.Sé)
sempre que uma "Parede" ou a falta
de algum professor que, por qualquer notivo, não dava a sua
aula . Já nesse tempo as balizas
não tinham rede ! Eram os casacos,
as pastas e sebentas que delimitavam on espaço a defender
pelo Guarda-Redes , de preferência
o jogador mais alto.
Aos Sábados a "musica" era outra.
O Centro Extra Escolar da Mocidade
Portuguesa era composto pelos Alunos da Escola Tomás Cabreira que eram obrigados a ter instrução
para-militar no mesmo Terreiro de
S. Francisco. Um Capitão, cujo
nome já não me recordo , ensinava-nos a marchar e um soldado marcava a cadência da marcha com um tambor.
Um Sábado faltei. A falta foi
comunicada ao Delegado Provincial
da MP , Dr.ROMÃO DUARTE, que a
seguir a remeteu ao Director da Escola para me aplicar o respectivo castigo : Dois dias de
suspensão às aulas.! Como estava
"TAPADO" na disciplina de Francês
perdi o ano nessa Disciplina.
O Ensino e a política viviam
debaixo da mesma "tenda" e a disciplina usada era essa.
O Largo de S. Francisco era o
nosso refúgio, para aqueles que
não tinham aulas e desejavam dar
uns pontapés na bola.

A sua crónica encheu-me de saudades dese tempo.
Continue a trazer ao Blogue coisas
do antigamente. Serão sempre lidas
com muito interese.

Um abraço do MAURÍCIO DOMINGUES