terça-feira, 14 de julho de 2009

PONTOS DE VISTA COSTELETA



MARIA JOSÉ FRAQUEZA E EU.

Prezado Amigo Brito Sousa

Li o comentário único, que suponho feito por si, ao meu soneto que é apenas um trabalho premiado. De facto, em relação ao desporto que sempre foi melhor tratado que a cultura (principalmente a poesia) há sempre grandes diferenças. Para si fico grata pelo comentário.

Mas em relação à prosa e à poesia, não se podem comprarar por natureza diferente, além de que os temas diferem bastante. Enquanto no texto, escrevemos ao rigor da pena sem preocupações de regras que a poesia clássica exige, é muito fácil dizer o que nos vai na alma livremente. Sendo o soneto - a poesia de arte maior - obedecendo a regras, no aspecto da rima, da métrica e da mensagem - ela espartilha um pouco o que queremos dizer, nem todos estão à altura de avaliar a poesia clássica, nas suas diversas vertentes que exigem obediência à estilista, nomeadamente nos concursos.

Eu não gosto de criticar aquilo que vejo mal, pois leio muitos sonetos que não estão correctos e contudo, nunca me pronuncio de forma destrutiva, o meu objectivo é fazer critica construtiva.

Daqui não me afecta o perder em relação ao desporto, porque o desporto ganha sempre à cultura. À poesia poucos ligam, a maior parte deles nem lêem os livros que publicamos. Eu tenho 12 livros de poesia e 4 de prosa editados. Quantos costeletas conhecem a minha obra? Quantos já visitaram a minha casa museu? Quantos se interessam pelos poetas? Quantos conhecem os poetas dos jogos florais?

Só tenham pena que em nome da amizade se desconheçam os bons amigos.

ONDE ESTÃO MEUS AMIGOS?

Onde estão, meus amigos, onde estão?
Onde está quem cultiva sentimentos?
Onde está quem diz ter bom coração?
Onde estão bons amigos de momentos?

Onde está o que tenho como irmão?
Onde está o que fala a quatro ventos?
Onde está quem faz bem na ocasião?
Onde está quem pratica mandamentos?

Onde está teu amigo não cobarde?
Em palavras jamais farão alarde...
Onde estão todos esses que eu acato?

Onde está quem pratica a caridade?
Onde estão os conceitos de irmandade?
Onde estão? Que lhes faço o seu retrato!

Maria José Fraqueza

Com amizade



PS- Cara Maria José..

Foi eu que levantei problema da vitória do futebol sobre a cultura. No sentido irónico claro está. Sou pela cultura mas também aprecio um bom texto sobre futebol e achei bem escrito o texto do Jorge Tavares.

Parece-me que ficou melindrada com a “derrota” mas não é disso que se trata, porque aqui não há derrotados. O que eu quis referenciar é a superioridade do futebol em relação a cultura, a nível nacional (compare o nº de jornais e programas de televisão que têm um e outro aspectos da vida portuguesa e custo unitário das publicações) e verá que o futebol é privilegiado.

Acho mal que não critique, porque você percebe da poda. Não crítica não se evolui. A critica construtiva é necessária. Então faça favor de criticar

Não concordo que só considere bons amigos os costeletas que conheçam a sua obra literária e Casa Museu

Zé os bons amigos somos todos.


TEMAS PARA DISCUSSÃO GERAL

Quando diz, que:

“ a prosa e poesia, não se podem comparar por natureza diferente, além de que os temas diferem bastante ...”

Apresento-lhe a minha versão sobre o asssunto.,


ESCRITOR E POETA


Um jornalista do JN do Porto, referindo-se a Rui Lage, designa-o como escritor e poeta, nestes termos: “envolvido na execução da tese de doutoramento, a apresentar em breve, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Rui Lage, escritor e poeta, reconhece que, actualmente, não tem tanto tempo, como desejaria, para ler” O problema que quero abordar aqui, é se será legítimo. encaixarmos o campo do poeta no campo do escritor e com uma só palavra definirmos as duas espécies de artistas.
Pessoalmente já tenho visto .a palavra escritor, aplicada no sentido de englobar em si também a noção de poeta. Mas será a mesma coisa?. Literariamente esse aspecto não me agride, porque se eu disser que Camões foi um escritor todos aqueles que andam ligados a estas coisas saberão que se trata de uma pessoa que escreve poesia.

Mas escrever prosa não é a mesma coisa que escrever poesia, se bem que em certas situações se possa dizer que fulano escreve prosa que mais parece poesia. Mas isso é o estilo do prosador, que tornando a prosa leve mas aguerrida, leva o leitor atrás, muitas vezes até ao fim A prosa é uma forma de escrever mais alargada onde o autor pode dar-se ao luxo de evidenciar toda a sua cultura e evidenciar todos os seus conhecimentos, sensibilidade, valores que pratica, de modo a deixar nas páginas que escreve o seu cunho pessoal, a forma como vê as coisas, fazendo do livro uma bíblia de conhecimentos escritos que possa fazer do homem um ser melhor, um ser mais solidário, mais próximo, mais esclarecido e por aí fora. É esta a definição de escritor que Vergílio Ferreira defendia e eu estou de acordo.

Um poeta, será uma pessoa com um poder de síntese mais apurado, que vive no seu mundo próprio e contrariamente aos escritores que dizem ter invejas dos poetas, estes trabalham as suas ideias de uma forma igualmente profunda, tal qual o prosador mas mais sintética mas de igual beleza, grosso modo. Do verso de um poeta, Sommerset Maugham disse que era capaz de fazer um romance de trezentas páginas, mas estou convencido que o poeta seria mais completo no seu verso. O campo de acção para prosadores e poetas é o mesmo para ambos diferindo as leituras que cada um faz daquilo que vê. E cada um tem a sua especialização direccionada para a sua própria forma de se expressar.

Apesar de ambos passarem a escrito o resultado das suas ideias, podendo por isso ambos ser considerados escritores, eu estou mais de acordo com a separação das águas, ou seja, ao escritor o que é do escritor e ao poeta o que é do poeta. Por isso, em minha opinião, poetas e escritores não são a mesma coisa, já que o poeta terá um comportamento perante a vida muito diferente do comportamento do escritor, tendo ambos um objectivo comum, que é estar ao serviço da cultura e pugnar pelo respeito dos direitos universais do Homem, com o objectivo de cada povo se dar a conhecer melhor ao outro. Depois há a inspiração própria de cada artista para atacar o problema.

Textos de MJF e JBS
colocados por João Brito Sousa

4 comentários:

João Brito de Sousa disse...

Prezado Amigo Brito Sousa

Referindo-me à resposta que foi dada ao assunto a que me referi. Para já não falei em derrota, porque nunca me senti derrotada nessas condições. Também não me referi a poetas ou escritores, mas sim a um trabalho comentado escrito em prosa com uma temática diferente daquela que foi escrita em poesia. Concordo que o poeta não deixa de ser escritor. Não preciso de lições nesse sentido. Também não entenderam o que quis dizer, porque eu tenho muitos amigos que ainda não visitaram a minha casa museu e, considero-os grandes amigos. Mas posso afirmar que há muitos não dão importância ao que fazemos e infelizmente na vida nem todos são bons amigos. Mas a verdade é que ligam mais ao desporto do que à cultura. O que não quer dizer que o meu amigo Tavares do qual eu gosto muito e é para mim um grande amigo, que o seu texto está de facto bem escrito e o meu soneto se foi classificado por um júri internacional é porque algum valor tem.

Curiosamente, a proposito de derrota, segue uma quadra que teve o 1º prémio no Brasil

Ai se eu sentisse a derrota
e a derrota me vencesse...
Talvez eu perdesse a rota,
e a derrota me perdesse.

Com um beijo

Maria José Fraqueza

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
João Brito de Sousa disse...

NOTAS SOBRE O COMENTÁRIO DE MJF, SOBRE O TEXTO QUE EU ESCREVI E QUE POSSIVELMENTE NÃO LHE AGRADOU, SEM RAZÃO ALGUMA.. (este espaço também serve para isso; essencialmente para isso).

Pensei que tivesse percebido logo de entrada que não se tratava de derrota nenhuma, sobretudo nas condições que reconhece. Eu apenas quis referir que o estado da nação inclina-se mais para futebol como é sabido, conhecido e lamentável.

Não percebi a sua frase “ Não preciso de lições nesse sentido”. Mas que lições está a falar? Qual sentido?: Aqui no blogue há o direito de discordar, apenas.

As visitas à sua Casa Museu hão.- de fazer- se, sem dúvida, porque eu próprio tenho sugerido a visita, em artigos que escrevo para os jornais da nossa província e até lhe digo que vai sair um artigo meus obre isso no próximo “NOTÍCIAS DE S. BRÁS”.

Lamento que a MJF não queira ver o que aqui no blogue tenho escrito a favor dos seus trabalhos tendo até provas disso, porque fui o único que lhe dei os parabéns pelo soneto que fez e a elegeu vencedora..

Não foi justa.

Texto de
João Brito Sousa

Anónimo disse...

A cultura e o futebol...
Caros amigos e colegas,alguem aqui nao esta vivendo no pais que temos ou mesmo neste mundo em que quase tudo nos e' servido pronto a usar.
Esperar que a cultura rivalize com o desporto e nomeadamente com o futebol,e' desconhecer o homem na sua essencia,no seu natural!
O desporto aprecia-se e vive-se---esta' ali,nao requer energia e exercicio de raciocinio,e' nos servido pronto! (E Deus sabe quanta energia requer um cerebro).
Cultura ,nem todos estao aptos para a absorver,nem todos foram talhados par pensadores!
Por muito que se divague sobre a problematica do ensino e da cultura,uma certeza temos,a cultura esta hoje em dia ao alcance de todos e de todas as classes (QUE AS EXISTEM), e nao e' mais que apanagio de uma minoria,nao atrai as massas e,nao se culpe as televisoes ou os 'midia' em geral,e',isso sim o homem em si a funcionar como a natureza o talhou e fez evoluir...lentamente como o sao todas as evolucoes naturais.
Nao creio ter saido do topico dos comentarios.A' MJF, felicito pela sua obra,reconhecida ate' alem fronteiras mas que confesso so' tive conhecimento via nosso blog.
Tive o pazer de a cumprimentar pela ocasiao do nosso almoco anual e depois disso ja' dei pela existencia do seu blog que sigo com a dificuldade inerente de quem nao e' poeta..e' dificil acredite
um abraco a todos
Diogo