quarta-feira, 12 de agosto de 2009

CRÓNICAS DA SEMANA(7)


faro - À direita era a Brasileira - ao fundo, a Rua de Stº António


O CARACOL AMARELO



Nestes textos que escrevo são os “velhinhos” os meus colaboradores.
Eles são, porque assim o considero, uma biblioteca ambulante, e à vontade posso pedir-lhe conto ou romance que eles prontamente me fornecerão e sempre do melhor.
Naquilo que publiquei e publicarei sob o título de “Crónicas da Semana”, apenas espero reproduzir o que alguns “Costeletas”, os “Velhinhos”, escreveram sobre “Naquele Tempo” e recordar, se for possível, por fotografia, no que a Associação tem levado a efeito nestes 19 anos de existência oficializada, com a colaboração de “alguém”, que me fornecerá esses atributos.
O escritor Ataíde de Oliveira considerava “... os Contos Tradicionais da nossa província como cadáveres de pessoas amigas”. E é nesse sentido que me propus reviver, nas minhas crónicas e neste Blogue, alguns contos ou patranhas notáveis de outros tantos “Costeletas” notáveis. E assim, nestas “crónicas da Semana” incluirei um repositório de material valioso, que irei organizando e que, transcrevendo dos originais, irão “correr mundo”. E assim...
O ”Costeleta” Joaquim José da Costa, no ano de 1995, escrevia:
“ Numa aula de Contabilidade, com o Dr. Urbano, aconteceu uma guerra... de caroços de nêspera.
Eu, que estava no quadro, tinha de fazer “fintas” para me esquivar dos caroços que batiam no quadro e faziam um ricochete que os levava quase ao fundo da sala.
Para justificar as minhas “fintas”, e para não comprometer a malta, tive de dizer que os caroços vinham de fora, já que as janelas da sala 3 davam para a rua e estavam abertas... Eis que o Dr. Urbano toca a campainha e aparece o saudoso Sr. Castro que, depois de dar uma “voltinha” e se aperceber do que se passava, saiu voltando pouco depois, dizendo que eram uns rapazes que fugiram, pelo que ele não conseguiu agarrar nenhum.
Como, passado algum tempo, a guerra recomeçasse, o Dr. Urbano ordenou uma busca a todos os alunos, para ver se alguém tinha nêsperas. Foi uma romaria até à secretária. Toda a gente, de braços no ar, e levando as nêsperas nas mangas do casaco, junto ao antebraço. O Bexiga até levava na algibeira de trás uma pêra de bicicleta, o que deu direito a que eu desse uma buzinadela, depois de ter feito crer que aquele vulto que se via, poderia ser... nêsperas.
Mas, como toda a gente continuou a dizer que os caroços vinham da rua, o Dr. Urbano voltou a tocar a campainha.
Porém, desta vez veio o Sr. Vítor, meio ensonado (deveria ter estado a passar pelas brasas na velha e abandonada secretária, transformada em Arquivo, logo à esquerda de quem entrava).
Quando abriu a porta da sala, o professor ordenou-lhe que tentasse agarrar algum dos rapazes que, da rua, lançavam caroços para a sala. O contínuo reagiu e, mal humorado, logo ali garantiu que tais caroços não vinham da rua mas de dentro da própria sala.
Tudo terminou com uma valente descompostura do Dr. Urbano, que o mandou cumprir as ordens que lhe dera, tanto mais que já tinha rebuscado todos os alunos e contava com o testemunho do Sr. Castro, que vira rapazes lá fora, a fugir...
Coisas de rapazes (e de raparigas, já que a turma era mista)!”
Esta história tem um certo “gosto de recordação”. A “Malta” no tempo da nêspera, deslocava-se ao Rio Seco para apanhar os “caracóis amarelos” e os donos das hortas corriam com eles. Mas, enquanto não apareciam os donos...
Eu também lá fui...
Virei para a semana. Até lá!

Alfredo Mingau
(Não levem a mal, o que interessa, bom ou mau, é o miolo da crónica)
Recebido e colocado por Rogério Coelho

4 comentários:

Anónimo disse...

Se me permite;


... e á direita a famosa Pérgula que, pelos vistos, vai finalmente ter alguma utilidade pública! Oxalá isso aconteça porque muito valorizará todo esse espaço.

Cumprimentos para todos

AGabadinho

Anónimo disse...

Peço desculpa, queria dizer á esquerda, quando me refiro á fotografia que ilustra a crónia do nosso muito respeitado "anónimo". Isto acontece porque, como diz o nosso Grande Amigo João Brito Sousa :"é da pressa de o fazer".

Cumprimentos
AGabadinho

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

De facto as obras são à esquerda. nota-se o camião que, na altura de fazer a fotografia, descarregava material para essa obra.Fez a rectificação na altura em que me preparava para chamar a atenção.
A foto foi tirada por mim, como todas as outras que o MINGAU me solicitou para encabeçar as suas crónicas.
Rogério Coelho

r.cavaco disse...

O Caracol Amarelo
O Armando de Sousa é que sabe qual foi o Costeleta que em dia de Maio foi surpreendido no Rio Seco em cima da nespereira. - O agricultor afirmou/perguntou-lhe - "as nêsperas têm dono!!!???"
O nosso Costeleta, surpreendido, tendo medo de descer da nespereira, fez-se de mudo, aleijado, tão cego que quase não via as nêsperas. Não entendendo o que dizia o dono da árvore. Este, condoído, ajudou-o a descer. Assim que o nosso Costeleta pisa a terra vermelha da horta, abre um "100 metros barreiras", mais rápido que o Carlos Lopes,