quinta-feira, 6 de agosto de 2009

DIÁSPORA COSTELETA

Romualdo Cavaco




Podia ser TEATRO

A nossa Cidade sempre privilegiou a cultura sendo o Teatro particularmente apreciado, cujos actores, além de conhecidos eram admirados e respeitados. Lembramos, entre outros, Veríssimo, irmãos Pinto (Dias Pires), irmãos Pavão, irmãos Coroa e, de entre os Costeletas que foram bastantes......., chegando a actuar em Lisboa, quase dava para encher um autocarro, dispensamo-nos de referir os seus nomes, porque, involuntariamente, iríamos omitir alguns, se bem que todos nos mereçam respeito. Gostaríamos, todavia que, colegas que conhecessem melhor o tema no-lo comentassem.

A cena, a seguir descrita, interpretada por eles teria mais brilho do que a original.

Trata-se de um caso verídico. Não se refere nomes para não ferir susceptibilidades. Há, no entanto, Costeletas na cena, (razão por que publicamos este texto), um dos quais pôs em evidência uma das nossas divisas “a solidariedade”.

Passa-se em dia de semana, à abertura dos serviços.
A inspecção fazia visita de surpresa, de preferência em dia anterior ao crédito do vencimento em conta, por motivos óbvios...

Cenário:
Duas secretarias de escriturário, uma terceira secretaria/moedeiro para o caixa (que não era costeleta), um pilar que separava os serviços; uma porta para um gabinete; ao fundo, uma grande vidraça, através da qual se via o oceano na máxima extensão.

Por ordem de entrada em cena:

1 - Caixa
2 - Inspector
3 - Inspector-adjunto (tipo maçarico)
4 - Encarregado
5 - Administrativo

(abre o pano)

1; 2; 3:

Bons dias!!! Bons dias !!!

(2 e 3: para o 4 que se aproxima:)

2 e 3 entregam credenciais de apresentação de inspecção ao encarregado.

1: - Entregando notas/moeda ao 2: – Faz favor de verificar ... ...

1: Dirigindo-se ao Encarregado, á parte e em segredo:
- Sabe, faltam 5 contos no saldo de Caixa que entreguei agora ao inspector, para conferência... Retirei-os ontem à tarde, para despesas particulares, após o fecho... Não esperava esta inspecção ...


4: – Só agora é que me diz??!!. Por que não o fez ontem, ao fecho da Caixa??!!
Já viu o risco???!!!

1: - Mas deixei um cheque de igual valor, por hoje ser o dia do vencimento... julguei que não teria mal ...

4: - Sabe que não tinha autorização para o fazer ...

4 - (Meditando: ...... ...... .....)

... Vá para o seu lugar e trate do expediente de tesouraria. Aguarde que a inspecção reconte o numerário.

3: - Dirigindo-se para o 2:

O Caixa dirigiu-se ao Encarregado, em segredo, mas não consegui ouvir o que disseram, devido a terem falado em voz baixa, junto ao pilar e eu estava no lado oposto.

2: Para o 3:
- Continue a observá-los e procure estar atento a tudo, desde comentários a gestos... seja discreto ...

5: Dirigindo-se para o 4:
-Tome cuidado que a Inspecção estava a falar a seu respeito.

(Após uma pausa ...)

4: Dirigindo-se para o 2:

Aproveito para, antecipadamente, lhe dizer que vai encontrar um cheque de 5 contos entre as notas. O caixa, ontem perdeu 5.000$ e repôs em cheque. Trata-se de uma falha sua, de ontem, verificada ao fecho, teve azar... Foi um dia de muito trabalho. Fizemos todas as buscas, mas infrutíferas. Não fiz a comunicação respectiva devido ao adiantado da hora, mas vou fazê-la hoje.

2: - Sendo assim, houve azar do caixa, mas devidamente comunicado fica sancionado o procedimento.

4: Carta do encarregado para a Inspecção:

“Comunicamos que, ao fecho da caixa de ontem, se verificou ao Tesoureiro uma falha de 5 contos... etc. etc. , pelo que solicitamos sancionamento” ...

..........ooOoo.........

Moral da estória: O caixa não teve capacidade para reconhecer que alguém o salvou de um castigo a que não podia fugir. O Prof. Uva que reagia intempestivamente ao mais pequeno desvio também se solidarizava junto do Director, intervindo a nosso favor se, eventualmente, fosse preciso.


Romualdo Cavaco
Cortelha, 2009.08.6


Recebido e colocado por Rogério Coelho

1 comentário:

Anónimo disse...

Romualdo...ja me ri sozinho ...
esta passagem faz-me recordar uma comigo nos anos oitenta(o tempo voa)
Sendo cliente do Fonsecas e Burnay...antigo banco do Alentejo e tendo umas "cadelas"(letras) que se venciam todos os meses(743 contos)um dia fiz um levantamento em numerario do cheque de um cliente no Banco Espirito Santo que se situava do outro lado da rua com a intencao de o depositar em mao propria no Fonsecas,a "cadela" vencia_se no
dia seguinte....
Assim fiz,recebi o dinheiro,atravessei a rua e ai' estou eu na caixa do Fonsecas(casa do nosso colega Romao)....O caixa(salvo erro de nome Jorge),conferiu o dinheiro e diz-me:Diogo,esta dinheiro a mais(eram 600 e tal contos)...recontou o dinheiro e na verdade estavam 5 contos a mais(naquele tempo era massa)...comentei que o havia recebido do outro lado da rua e,que havia confiado no colega dele sem o conferir!
Atravesso a rua,entro no BES,olho o caixa que me reconheceu,pode ver pelo seu olhar,esperei a minha vez e,quando cheguei ao balcao,talvez um pouco "sacanamente" comentei:-o dinheiro que levantei ha' minutos aqui nao esta certo!
Resposta imediata e rapida como se fosse metrelhadora em rajada:-Nao tenho nada com isso,o dinheiro estava certo e deveria ter conferido antes de sair do banco.Venha na hora do fecho depois de eu conferir a caixa.
Sacanamente argumentei que nao tinha tempo para voltar e pedi-lhe para falar com alguem acima dele ao que ele proprio me levou ao gabinete do gerente que me mandou sentar e me perguntou no tom mais amigavel que eu ja' havia vivido o que me levava ali....
Em poucas palavras expliquei-lhe a minha experiencia com o caixa,entrguei os 5 contos,o gerente entregou o dinheiro ao funcionario,conduziu_me a' porta e a partir dai ficamos amigos embora em nunca chegasse a ser cliente do BES
O caixa que conheci nesse dia,quando nos cruzavamos na rua mudava de passeio.
Um abraco e parabens pelos textos,sempre bons com que nos delicias.
Diogo