terça-feira, 8 de setembro de 2009

FARO; AQUI HÁ HISTÓRIA


FARO; UMA CIDADE COM HISTÓRIA
Artigo de Jorge Carrega

No dia 7 de Setembro comemora-se mais um dia do Município de Faro. A data assinala não só a elevação da Vila de Faro a cidade pelo Rei D. Joao III, em foral concedido no dia 7 de Setembro de 1540, mas também todo o passado histórico de uma localidade milenar, por onde passaram povos e culturas diversas que deixaram uma marca profunda na identidade cultural da cidade e dos seus habitantes.


Gracas à sua localização geográfica, a região a que corresponde hoje a cidade de Faro, foi ocupada por comerciantes Cartigineses, Fenícios e Gregos, que aqui fundaram um entreposto comercial. Com a chegada dos Romanos no sec. III a.c, verificou-se uma expansão considerável da povoacão então chamada de Ossónoba, que se afirmou nos séculos seguintes como umas das principais cidades romanas do sul da Península Ibérica. Com o declínio do Império Romano no sec. III d.c, o Algarve passou a ser governado pelos Visigodos, oriundos do norte da europa.


Foi precisamente neste período que a cidade de Faro se passou a chamar de Santa Maria de Ossónoba, reflexo do processo de cristianização que ocorrera ainda no final da ocupação romana. Com a chegada dos Mouros em 714, Faro entrou num novo período de desenvolvimento económico e cultural, passando a chamar-se Santa Maria Ibn Harun.


Em 1249 deu-se a Conquista da cidade aos Mouros pelo Rei D. Afonso III, e Faro inicia uma nova etapa da sua história. Benificiando do declino de Silves, torna-se sede de Bispado em 1577, assumindo-se definitivamente como capital do Algarve. A destruição causada pelo terramoto de 1755 motivaria um plano de renovação urbana liderado pelo Bispo D. Francisco Gomes de Avelar, responsável entre outras obras pela contrução do emblemático Arco da Vila, por onde ainda hoje se faz o acesso à Vila a Dentro, verdadeiro coração da cidade, onde se situam os Paços do Concelho, o Palácio Episcopal, a Igreja da Sé e o Museu Municipal, Ao assinalar o dia da cidade de Faro, torna-se inevitável reflectir sobre a importância da preservação do seu património histórico, face visível de um passado com o qual convivemos diariamente, o qual está presente nos monumentos que nos rodeiam e não apenas nas páginas dos livros de história.


É indiscutível que Faro possui um património arquitectónico e artístico valioso que urge cuidar, salvaguardar e promover. Na sua história a Capital do Algarve possui uma riqueza imensa que ainda não soube aproveitar. Ao contrário de Guimarães, que transformou o seu centro historico num exemplo da salvaguarda do património e da identidade histórica nacional, Faro continua virado para um futuro feito de betão, no qual os valores da história e da cultura pouco importam.

Enquanto farense, nao posso deixar delamentar a falta de empenho e capacidade revelada ao longo dos anos pelos sucessivos Presidentes da CMF na recuperação e dinamização do património histórico da minha cidade. Infelizmente, em Faro reina a apatia, alimentada por uma política de mercearia que encara a cultura e o património como uma mera figura de retórica num debate político feito de promessas eternamente adiadas.


Existirá algum motivo válido para que a capital do Algarve não organize um evento como “Os Dias Medievais de Castro Marim” ? E porque razão nehum Presidente da CMF teve até hoje coragem para reclamar junto do governo inglês a devolução da antiga Biblioteca do Paço Episcopal de Faro, roubada em 1596 pelo conde de Essex e da qual consta o Pentateuco, primeiro livro impresso em Portugal, precisamente na oficina de um judeu farense, Samuel Gaucon? A resposta reside como é óbvio no desconhecimento, e por vezes até no desprezo, que alguns políticos revelam para com os valores da cultura, da história e da identidade local.


Cabe pois às gentes de Faro reencontrarem-se com o passado milenar da sua cidade, e reclamar junto dos seus autarcas uma política efectiva de defesa da identidade histórica e cultural da capital algarvia. * Técnico Superior de Património Cultural e Mestre em Literatura Comparada

artigo retirado do REGIÃO SUL
Colocado por
João Brito Sousa

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