quarta-feira, 2 de setembro de 2009

MAIS UM CONTO DE ALFREDO MINGAU

Segundo opinião do Costeleta Diogo Sousa, para que se mudasse para textos "pró-activo", resolvi incluir nos meus trabalhos escritos, estes pequenos "contos de ficção". Particularmente não ofendem ninguém e servem de distração. No entanto, se a ideia contrariar esta minha iniciativa, colocarei a tampa na esferográfica.
Parece-me que as coisas querem ficar turvas. Aqui vai mais um texto para "acalmar as àguas". Segundo a PEDRA FILOSOFAL: "eles não sabem nem sonham".
Espero que gostem deste, como um conto de ficção. Para evitar confusões emprego a primeira pessoa do singular, como se fosse eu o "sujeito". A história não é veridica... ou será?

A VINGANÇA

Um conto por Alfredo Mingau

A moça chamava-se Joana.
Nunca lhe conheci o apelido, nem nunca lhe perguntei.
Fazia as limpezas do escritório onde eu trabalhava com outros executivos, na Av. Joaquim António de Aguiar, ali perto do Marquês, emprego que conseguira após ter terminado o Curso Comercial na Escola Tomás Cabreira em Faro.
A rapariga era jeitosa, se bem que não tivesse grande beleza. A nossa relação, no escritório, era boa e, por vezes trocávamos umas palavras de bem dispor.
Um dia chega-se à minha beira e sussurra-me, para que os colegas de trabalho não ouvissem:
- Quero ir para a cama consigo!
Fiquei de boca aberta, abismado, a olhar para ela, perante tal proposta e, porque não gosto de me meter com mulheres casadas, respondi no mesmo nível, quando me passou o espanto:
- D. Joana, você é casada!
Respondeu-me, explicando em voz baixa, que o marido, barbeiro de profissão, era um tirano, descarregando nela com porrada, o que não podia fazer com os clientes. E, à socapa, mostrou-me várias nódoas negras no corpo, rematando:
- Quero vingar-me dele, quero por-lhe os palitos porque, não posso responder com porrada e quero que seja consigo.
Depois de me passar o espanto e de ponderar naquela proposta, achei que devia aceitar. Afinal eu não era nenhum conquistador de mulheres casadas e, desse modo, ficaria bem com a minha consciência.
- Aceito D. Joana, seja feita a sua vontade...
Como conhecia uma pensão onde costumava fazer os “meus biscates”, telefonei e marquei um quarto para essa noite, porque, segundo ela não podia ser noutro dia.
Expliquei-lhe que a pensão ficava no Largo da Graça e que lá estivesse cerca das vinte e uma horas.
Quando lá cheguei, a D. Joana já se encontrava na sala, sentada e à minha espera. Nem parecia a mesma. Bem vestida, bem arranjada e pintada. A coisa prometia!
Peguei a chave na recepção e subimos para o quarto.
Não irei contar em pormenor o que se passou mas, foi uma noite “recheada”.
Saí de lá às oito da manhã, todo torcido, para entrar no emprego às nove.
Mas, antes de sair, impus-me com a D. Joana, dizendo-lhe que não me propusesse mais nenhuma “vingança”.
Mais tarde vim a saber, por acaso, que um colega do escritório andava a satisfazer as “vinganças” da D. Joana.
Recebido no mail da Associação e colocado por Rogério Coelho

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