quarta-feira, 16 de setembro de 2009

TEMA LIVRE

Dicotomia Cesário Verde/João Brito de Sousa

De Alfredo Mingau

“Para Cesário Verde, ver era perceber o que se esconde na realidade, era captar as impressões que as coisas lhe deixavam e, por isso, percepcionar o real minuciosamente através dos sentidos e reflectir essa mesma impressão que o exterior deixa no interior do sujeito poético. Ou seja, o real exterior é apreendido pelo mundo interior que o interpreta e recria com grande nitidez, numa atitude de captação de real pelos sentidos, com predominância dos dados de visão: cor, luz, o recorte e o movimento”
De pessoa bastante delicada Cesário Verde empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar, como João Brito de Sousa o faz, os seus amigos, a pessoa, cenário predilecto, na forma mais material possível.
Tal como Cesário Verde, João Brito de Sousa apresenta-nos uma afinidade de realismo que nos dá uma outra dicotomia de realidade/inspiração.
A Força do João Brito de Sousa pelas suas figuras, na poesia, lembra-nos uma afinidade com o realismo em que revela sentimentos e sensações, servindo de suporte às ideias e sentimentos como poeta.
Tem imagens extremamente visuais que nos dão uma realidade em que mistura o físico e o moral e que podemos considerar mais uma dicotomia ao tratar estes espaços como pessoa/amigo.
Por tudo o que referi, poderei dizer que, na minha leitura destes dois poetas, existe uma afinidade que me apraz registar. E, por aquilo que tomei conhecimento, os pais do João Brito de Sousa e do Cesário Verde eram lavradores.Gosto da poesia de Cesário Verde… gosto da pçoesia do João Brito de Sousa...
Bem Hajas!
…………………….
Teus olhos imorais,
Mulher que me dissecas,
Teus olhos dizem mais
Que muitas bibliotecas!
Cesário Verde
………………………
Agarrem num bom baraço
E façam que vão rabiscar
Façam o mesmo que eu faço
Vão às que estão p’ra apanhar.
João Brito de Sousa
………………………..
Inté
Alfredo Mingau

3 comentários:

Anónimo disse...

ALFREDO,

José Joaquim Cesário Verde foi um poeta português e filho do lavrador e comerciante José Anastácio Verde e de Maria da Piedade dos Santos Verde.

Cesário matriculou-se no Curso Superior de Letras em 1873, frequentando por apenas alguns meses o curso de Letras.

Dividia-se entre a produção de poesias (publicadas em jornais) e as atividades de comerciante, herdadas do pai.

Em 1877 lhe começou a dar sinais a tuberculose, doença que já lhe tirara o irmão e a irmã. Estas mortes servem de inspiração a um de seus principais poemas, Nós (1884).

De poesia delicada, Cesário empregou técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade ao retratar a Cidade e o Campo, seus cenários prediletos.


CARO AMIGO, parece que a única coisa que nos liga é sermos filhos de lavradores...

De qualquer maneira, obrigado e um abraço do

JBS

Anónimo disse...

Meu caro João
Tudo o que escreves no teu comentário é, também, do meu conhecimento.
Durante alguns meses estive hospedado ali no Largo D. Estefânia e passava algum do meu tempo num pequeno jardim no início de quem sobe a rua D. Estefânia, à direita, e apreciava um busto que lá se encontra. O busto de Cesário Verde, do qual li e apreciei a sua poesia. E a poesia que li do Cesário foi-me recordada pela tua, que aprecio.Daí a dicotomia que faço dos dois.Desculpa, João, se não te agradou a minha comparação. Mas, e como eu vejo.Não gostas da comparação?
Um abraço
Alfredo Mingau

Anónimo disse...

ALFREDO, MEU VELHO AMIGO

O QUE APRECIEI NO TEU COMENTÁRIO, NÃO É A COMPARAÇÃO ENTRE UM POETA CONSAGRADO (CV) e OUTRO QUE NÃO PASSSA DE UM CANDIDATO A POETA QUE SOU EU.

O QUE APRECIEI É A CONVICÇÃO COM QUE TU DIZES ISSO, QUER DIZER, ESTÁS PLENAMENTE CONVENCIDO QUE EU E O CESÁRIO TEMOS A MESMA CAPACIDADE.

E COMO TE TENHO POR PESSOA IDÓNEA, É PARA ESTE CONVENCIMENTO SINCERO QUE VAI O MEU ABRAÇO

CESÁRIO FOI POETA DE LISBOA
TINHA SENSIBILIDADE MAIOR
EU TENHO ALGUMA POESIA BOA
MESMO ASSIM DE QUALIDADE MENOR

MAS DEIXO-TE UM ABRAÇ Ó AMIGO, EMOCIONADAMENTE.

JBS