sábado, 31 de outubro de 2009

RELEMBRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS






ANTÓNIO ALEIXO

De Alfredo Mingau

Introdução

Sei que pareço um ladrão…
Mas há muitos que eu conheço
Que, sem parecer o que são,
São aquilo que eu pareço.

Era eu “Moce”, vivia em Loulé com os meus pais, quando conheci o António Aleixo.
Brincava naquela azinhaga, junto das bicas, com o filho do poeta que, na altura, trabalhava numa olaria ali existente. Recordo o António Aleixo por me ter feito um mealheiro de barro, tendo assistido à sua confecção na roda do oleiro.
E recordo, também, ter ido com o filho ao cinema, lá para cima para a geral, para assistirmos à entrega do 1º prémio, com que foi agraciado pela poesia que concorreu. Não me recordo se eram quadras.
O Júri, quando o viu entrar no palco, um deles murmurou “parece um ladrão”. E ele ouviu.
Quando lhe entregaram o prémio, perguntaram-lhe se queria dizer algumas palavras, tendo respondido que não sabia fazer discursos, mas que o poderia fazer em verso. Tendo-lhe dito que sim e, porque tinha a grande facultade de “repentista” disse, olhando para a mesa do Júri, a quadra que está no início desta introdução.

O Poeta

António Aleixo, de seu nome António Fernandes Aleixo, nasce em Vila Real de Santo António no dia 18 de Fevereiro de 1899.
Teve vários empregos, a que poderemos chamar de “funções”, tais como, “guardador de cabras”, “cantor de feira em feira”, “soldado”, “polícia”, “tecelão”, “poeta cauteleiro” e trabalhou em França como “servente de pedreiro”

Fui polícia, fui soldado,
Estive fora da nação;
Vendo jogo, guardo gado.
Só me falta ser ladrão.

O Professor Dr Joaquim de Magalhães, que leccionou no Liceu João de Deus em Faro, deu-lhe uma grande ajuda compilando e editando a sua poesia.
O poeta ria-se e dizia:

Não há nenhum milionário
Que seja feliz como eu;
Tenho como secretário
um professor do liceu.

Em sua homenagem, os louletanos, erigiram-lhe um monumento frente ao “Café Calcinha”, que o poeta frequentava, em Loulé. Nesta cidade Algarvia existe a “Fundação António Aleixo”, com o Estatuto de Utilidade Pública, que lhe permite conceder bolsas de estudo aos mais carenciados. O antigo liceu de Portimão tem o seu nome. Em Paço D’Arcos existe uma rua com nome do poeta, em Camarate e em Albufeira. Em S. Paulo, no Brasil, a Escola Poeta António Aleixo no Liceu Católico.
Seria um “espólio Nacional” bastante importante se toda a sua poesia tivesse sido escrita. António Aleixo era considerado um grande “repentista”, não tomando nota das suas criações. A maior parte ficou no esquecimento.
Apesar de analfabeto sabia ler e escrever, mas mal.
Algumas das sua obras, escritas com o arranjo do Professor Joaquim de Magalhães:
- “Este Livro que vos deixo”
- “O Auto do Curandeiro”:
- “O Auto da Vida e da Morte”;
- “O Auto do Ti Jaquim” (incompleto):
- “Inéditos”
Não podemos esquecer nas suas publicações, a grande ajuda do Artista Plástico António Santos, que assinava as suas obras com o pseudónimo de “Tóssan”.
José Rosa Madeira, que também o protegeu contribuindo no lançamento do seu primeiro livro “Quando Começo a Cantar”, obra editada pelo Circulo Cultural do Algarve em 1943.
Como associado do Circulo Cultural do Algarve, que frequentava todas as noites, tive o grato prazer de ter lido esta obra.
A crítica considera António Aleixo um dos poetas Algarvios com maior relevo.
No dia 16 de Novembro de 1949, em Loulé, António Aleixo partiu para a sua última viagem. Faleceu, com a mesma doença que vitimou uma das suas filhas.
TENHO TIDO DIFICULDADES EM ENTRAR NA iNTERNET
DESDE AS 16 HORAS . SÓ AGORA CONSEGUI
DESCULPEM
Moderador

DO CORREIO



Correio do Brasil


Ao escrever para o Blog , não me move outro interesse além dos temas despertarem interesse na Comunidade Costeleta , da qual fazem parte bons intervenientes na área das letras ( Escrita e Poesia e narradores do passado) !
Eu que nem sou candidato, mas um curioso na Escrita , porque na poesia sou mesmo inapto !
Ao escrever sobre o Brasil , permitiu que o Costeleta António Palmeiro nos presenteasse com sua intervenção , diga-se com boa qualidade ! assim como verifiquei o interesse do amigo JBSousa .
Aqui no Brasil nada se pode generalizar ,seja em que tema for !
Como não se pode generalizar a Cultura e a forma de ser dos Europeus sempre diferentes de País para País nas diversas regiões de cada um dos Países !
Com 5.564 cidades e uma população quase nos 184 milhões de habitantes , em que existe avanço tecnológico muito desenvolvido em várias áreas , também tem população que vive da mesma forma que há dois Séculos atrás “ Índios e caboclos ( mestiços de índios e negros ) “ , e se este número não é maior , se deve á Televisão que praticamente chega a quase todos os recantos do País .
Na minha primeira estadia neste País morei 08 anos (1985 a 1993 ) em duas pequenas cidades ao Sul de Minas Gerais cujos nomes são para a maioria dos portugueses desconhecidos ! Caxambu e Eloi Mendes .
Saí de Portugal em 2006 e estou na Cidade de S. José dos Campos no Estado de São Paulo actualmente .
Duas épocas ; dois locais ; duas realidades diferentes !
Enquanto da Primeira em termos econômicos eram necessários 05 salários Brasileiros para completar 01 salário mínimo Português , na segunda basta 02 salários brasileiros para suplantar um salário Português.
Enquanto até 1993 , o Brasil não chegava a contar com um milhão de Turistas estrangeiros por ano , actualmente está quase nos 6 milhões de visitantes !
Ao pensarmos que os Visitantes em Portugal ultrapassam os 12 milhões , se retirarmos os de Nacionalidade Européia , Portugal ficaria actualmente com menos de um milhão de visitantes estrangeiros !
Enquanto na Primeira a educação era descriminada de educação para pobres como forma de terem mão de obra sem qualificação para a Produção no café ; e Escolas para "outros" , com filhos a estudar na primeira escola , tive de transferi-los para um colégio , e mesmo assim ao chegar a Portugal um deles que freqüentava o segundo ano passou automaticamente para o quarto no nosso País .
Nesta segunda fase encontro aqui há vários anos a obrigatoriedade do segundo grau ( 11 ano ) e como uma cidade altamente tecnológica , também outras faculdades com cursinhos a perder de vista sem nada a ver com o Ministério da Educação .
Enfim tenho a certeza de que o Euro perdeu para o Real cerca de 30 % no poder de compra !
Com quase setenta anos é possível que minhas visitas a Portugal sejam muito poucas , e naturalmente acabarei aqui !
O que não impede de observar a qualidade de vida , e segundos algumas notícias , já se fala ... é possível que este País passe para o quinto lugar na economia mundial .
Mas não querendo fazer futurismo , acredito que o Brasil é um País com Futuro !
É com orgulho que afirmo que práticamente não se encontra um Português a trabalhar como Boia Fria ou na categoria sem qualificação profissional neste País !

Um bom fim de semana !
Saudações Costeletas
António Encarnação

AGENDA

Efemérides

Outubro – 31 – Sábado

• Dia mundial da poupança
1451 – Data provável do nascimento do navegador Genovês (?) Cristóvão Colombo (M. 1506);
1886 – Inaugurada a ponte D. Luís, sobre o rio Douro, no Porto;
1990 – Liga árabe transfere a sua sede de Tunes para o Cairo;
1993 – M. em Roma o cineasta italiano Frederico Fellini (N. Rimini, 1920);
1997 – Temporal na Ribeira Grande, Açores, mata 29 pessoas.
Moderador

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CANTINHO DOS MARAFADOS

A arte de Pensar


Lili Caneças, simplesmente não pensa.
Rute Marques pensa que é Grace Kelly.
Paulo Pires pensa que é o Diogo Infante.
Diogo Infante pensa que é Paulo Pires.
Pedro Abrunhosa pensa que é António Variações.
E António Variações já não pensa mais.

Manuel Luís Goucha pensa que é a Teresa Guilherme.
Teresa Guilherme pensa que é a Manuela Moura Guedes.
Manuela Moura Guedes não pensa, quem pensa é o Moniz.

Luís de Matos pensa que é David Copperfield.
Edite Estrela pensa que é Hillary Clinton.
E Ana Malhoa, simplesmente pensa que pensa.

Júlia Pinheiro pensa que é Barbara Walters.
Herman José pensa que tem graça.
Jão Baião pensa que vai ser mãe.
João Pinto pensa que é intelectual.
Belmiro Azevedo , com todo o dinheiro que tem,
pode pensar o que quizer.

Ronaldo pensa que é o número 1
Fernanda Serrano pensa que é atriz
Paulo Portas pensa que é Deus.
E Mourinho tem a certeza!

O teu chefe pensa que estás a trabalhar.

O meu também
Pretendo fazer uma correção!
Esqueci de referir que " A arte de pensar " não é da minha autoria.
Desconheço o autor e tentei perquizar para lhe dar o devido crédito, mas não consegui.
Agradeço que publiquem esta correção,
Obrigado
Antonio Palmeiro
António Viegas

RELEMBRANDO

RELEMBRANDO ACONTECIMENTOS


Fui ao baú das memórias relembrar uma aula de Religião e Moral, com o Cónego Falé.
Tinha falecido o Bispo D. Marcelino Franco e o seu corpo estava exposto em câmara ardente na Igreja da Sé.
A aula consistiu numa ida à Sé para desfilar junto da urna e beijar o anel do bispo. Pelo caminho os comentários eram muitos e as opiniões diversas, como é obvio. Eu e mais dois colegas que não consigo recordar os nomes, combinámos não nos aproximar e se possivel ficar cá fora. não nos foi permitido ficar na rua, mas não entrámos no desfile do beija anel. Eu teria os meus 11/12 anos e não sei se já teria visto alguem morto-
A rebeldia não teve consequências, ou o Cónego Falé não soube ou fez que não viu.

Por falar no Bispo D. Marcelino Franco:
De quem será o imóvel onde ele viveu e faleceu, junto ao palacete Belmarço?
Será da Câmara Municipal? Será da Diocese? Ou de algum privado?
Seja de quem for está totalmente abandonado, com uma porta destruída e a fachada do imóvel, em azulejo, completamente degradada.
Sem justificação se for de um privado, uma vez que a Câmara devia fiscalizar.
Se for de uma das outras duas entidades, trata-se então de um crime contra o património da cidade.
Um Abraço
Antonio Palmeiro

MAIS DO MESMO

VOLTANDO AO BRASIL E AOS BRASILEIROS

Para um batismo considero positiva a minha intervenção e as reações à mesma
Sensibilizou-me a clara concordância do António Encarnação, pelo facto dele conhecer todos os problemas associados ao dia a dia de um país cujo ponto mais ao sul (Chuí - faz fronteira com o Uruguai) dista do ponto mais ao norte (Oiapoque - cidade que faz fronteira com a Guiana francesa) mais de 7 700 Km. Será necessário entrar na Sibéria para se encontrar esta distância na Europa.

Relativamente ao comentário do João Brito Sousa, considero de grande utilidade, pois permite-me esclarecer alguns pontos, que na verdade eram susceptiveis de levantar dúvidas.

Caro João
Da discordância nasce a discussão, da discussão saudável, sairá certamente algo de positivo, quiçá a concordância.
A minha inexperiência nestas andanças, pode não me ter permitido ser clarividente como desejaria, mas o meu pensamento, a minha visão do problema, a minha vivência, está no que escrevi.
Só tenho duas opções, parar ou continuar, mas não sendo teimoso, sou perseverante, assim vou continuar e responder ao teu comentário.
Ponto 1 da tua discordância:
- É rigorosamente verdade o que afirmo.
Penso que levantas a questão porque no ponto 2 eu defendo que não venham para cá mais BANDIDOS, obviamente não incluo as pessoas de bem, todo e qualquer cidadão que venha trabalhar ou fazer turismo, ou simplesmente visitar um parente ou um amigo será sempre bem vindo.
Esta reserva existe essencialmente nas pessoas que viveram ou vivem nas grandes metrópoles como por exemplo, Rio de Janeiro ou São Paulo.
São Paulo e os Municípios limítrofes ( Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema) Uma especie das cidades dormitórios, junto a Lisboa, têm uma população superior a 25 milhões de pessoas.
Estas cidades, hoje, em quase todos os casos fica dificil definir onde acaba São Paulo e onde elas começam.
Fica dificil ter diferentes conceitos (de povo e de povo) quando somos acordados a meio da noite pelo pranto da vizinha do lado, rodeada por 3 crianças pequenas, porque o marido ao regressar do trabalho foi assaltado e assassinado, ou ao chegares a trabalho verificas que te falta um colega, assassinado num semáforo porque o tentaram assaltar exactamente quando ele vinha para o trabalho. Estes dois eram povo, cidadãos honestos, trabalhadores, cumpridores das suas obrigações para com a sociedade. Os que os assassinaram, não eram certamente povo, eram outra coisa qualquer e se alguem os quizer incluir, eu peço a minha demissão.
Em termos sociológicos o bandido será povo? Para mim não é, é só um bandido e deve ser tratado como tal.
Em Portugal, este rouba e mata é relativamente recente, coincide com a entrada em Portugal de muitos destes marginais, citei o Bairro da Bela Vista em Setúbal e a Costa da Caparica, porque nestas localidades a concentração é nitidamente superior. A esmagadora maioria da população brasileira não se revê nestes seus compatriotas .
Este assunto é muito sensivel, muito pouca gente responsável, faz uma abordagem séria ao problema.
Todos temos presentes ainda, pelo menos os mais velhos, o que foi a "descolonização exemplar". O Brasil nessa época foi uma tábua de salvação, para muitos milhares de portugueses, que acabaram por encontrar, mais uma vez "Porto Seguro".
A minha cédula do Consulado de Portugal em São Paulo, tirada há mais de 30 anos, tem o número 975425, juntem os restantes Consulados no Brasil, considerem os descendentes, já registados como cidadãos brasileiros e façam contas. Considerem agora a possibilidade do aparecimento de um novo Jânio Quadros (esta referência é só para quem conheceu) aí, amigo, Portugal afunda, a Espanha vai atrás e a França fica à tona d`agua.
Dizia David Nasser (ilustre jornalista, musico, compositor) em 1980, dias antes de falecer e no seu ultimo artigo de fundo, na extinta revista Manchete "No Brasil todos somos imigrantes, uns chegaram antes, outros chegaram depois"

Caro João, o que não digo está nas entrelinhas.

Um abraço Costeleta
Antonio Palmeiro

AGENDA

Efemérides

Outubro – 30 – Sexta Feira

• Dia Mundial da Prevenção do Cancro da Mama

1340 – Forças do Rei Afonso XI de Castgela e D. Afonso IV de Portugal vencem os reis mouros de Granada e dos merinidas do Norte de África, na batalha do Salado, em Espanha;
1411 – Assinada a paz de Medina del Campo, entre Portugal e Castela;
1821 – N. em Moscovo o escritor Fiódor Dostoiévski (M. S. Petersburgo, 09-02-1881);
1905 – Na Rússia, o Czar Nicolau II lança o Manifesto de Outono, prometendo uma Constituição representativa;
1911 – Pu-Yi, Imperador da China, com cinco anos de idade, jura a nova Constituição, marcando o fim do domínio Manchu;
1944 – Usada, pela primeira vez, a câmara de gaz de Auschwitz;
1954 – Inaugurada a ponte de Santa Clara, sobre o Mondego, em Coimbra.
PUZZLE

Um conto policial (ensaio)

Alfredo Mingau

Naquela manhã, Alfredo fora chamado para se dirigir ao Chalé das Canas, um subúrbio perto da antiga praia dos estudantes, onde se encontrava um cadáver.
Alfredo Caumba, de seu nome, nascera em Angola e viera, com seus pais, muito novo para a Metrópole. Fizera os seus estudos na Escola Tomás Cabreira e arranjara um emprego numa empresa de vendas a crédito, até cumprir o serviço militar obrigatório no Centro de Instrução de Sargentos Milicianos, em Tavira. Acabado o serviço militar passara à disponibilidade e enveredara pela investigação criminal, tornando-se detective profissional.
Acompanhado do seu inseparável amigo António Silva, verificou no local, que o morto se encontrava deitado de bruços, ensanguentado, com uma ferida nas costas na região do coração; tudo levava a crer que se tratava de homicídio. Pesquisando no canavial, Alfredo descobriu uma pequena pistola de marca FN de calibre 6,35, presumindo-se ser a arma do crime. Ainda cheirava a pólvora queimada. Umas dezenas de metros para Oeste, cartões e algumas roupas velhas, davam a entender que algum “sem abrigo” ali pernoitara.
O cadáver fora encontrado cerca das 8,30 da manhã, pelo dono do canavial, vizinho do morto, Adérito Silva, que se dirigira ao canavial para colher algumas canas que precisava, tendo comunicado à guarda.
Os serviços administrativos da guarda fizeram a identificação do falecido. Tratava-se de Gualdino dos Santos, viúvo, que possuía várias propriedades, todas em seu nome e que era possuidor de uma considerável quantia em depósito bancário. Era, o que se podia chamar de latifundiário. Das diligências efectuadas apurou-se que a família era apenas constituída por uma filha e um sobrinho. Aquela, por razões familiares, não mantinha relações de amizade com o pai e vivia em casa alugada. Este, vivia numa casa perto da do seu tio, no Chalé das Canas. Mantinha boas relações com o tio.
Segundo o Delegado de saúde, pelos exames feitos, e referidos no seu relatório, a morte dera-se entre as 19 e as 23 horas da noite anterior e que, a causa da morte, fora provocada por um tiro pelas costas que atingira o coração; a bala, que provocara a morte, era de calibre 6,35 mm. Confrontada, pelos exames periciais efectuados, verificou-se que a bala fora disparada pela pistola encontrada perto do cadáver.
O detective, sempre acompanhado pelo amigo António, dirigiu-se a casa do defunto tendo, no local, efectuado uma minuciosa pesquisa no seu interior e, numa das gavetas, encontrou o cartão de um advogado.
Já no seu gabinete, ligou ao advogado a quem fez algumas perguntas. Ficou a saber que o falecido fizera testamento, de todos os seus bens, a favor do sobrinho e que, recentemente, informara o advogado pretender alterar o testamento.
Da parte da tarde, com todas estas informações, e sempre acompanhado pelo António, foi bater à porta do sobrinho da vítima.
Este, abriu a porta e, olhando o detective, perguntou o que desejava. Alfredo, depois de se identificar, disse que lhe queria fazer algumas perguntas.
- O seu tio foi encontrado morto, quando o viu pela última vez?
Miguel, colocando uma cara de espanto, respondeu.
- Morto?..., Há 3 dias que não vejo o meu tio, fui acampar para a barrinha, da praia de Faro e só hoje regressei. É uma notícia que me deixa muito triste.
- Onde se encontrava ontem entre as 18 e as 23 horas?
- Como disse, e porque o tempo ainda está bom, estava lá.
- Como se deslocou para a barrinha?
- Tenho um pequeno barco a motor.
- Tem testemunhas, estava acompanhado?
- De dia apareciam lá bastantes pessoas. Estive só. Dormi, na minha canadiana, as três noites.
- Pode comprovar que estava lá entre as 18 e as 23 horas de ontem?
- Estou-lhe a dizer a verdade. Porque havia de matar o meu tio? Davamo-nos bem. Talvez algum vizinho possa dizer o que fazia o meu tio no canavial; essa propriedade pertence ao vizinho, senhor Adérito, pergunte a ele.
- O senhor sabia que o seu tio estava pensando em anular o testamento?
Alfredo notou um certo embaraço no semblante da vítima e uma certa demora na resposta.
- Não tenho conhecimento dum testamento, suponho que a filha é que deve ser a herdeira.
O detective, agradeceu as informações, dizendo-lhe que não podia ausentar-se da cidade. Dirigiu-se, acompanhado de António, para a residência de Ana Maria, filha do falecido senhor Gualdino
Depois de Alfredo se identificar, ela convidou-os a entrarem para a sala. Alfredo informou-a do sucedido notando que a rapariga não dava mostras de qualquer comoção ou admiração.
- A estima e o amor que nunca tive pelo meu pai, deve-se aos maus-tratos com que fui mimoseada desde pequenina, sem nunca ter um gesto de amor da parte dele para comigo; não me tratava como filha; assim que atingi a maioridade, abandonei a sua companhia aos 22 anos e sou uma mulher independente. Não tenho pai, nunca tive..., não me sinto comovida com a sua morte, também não sinto qualquer satisfação, respondeu.
- Onde estava ontem entre as 18 e as 23 horas?
- Fui ao cinema ver o filme As Minhas Adoráveis Namoradas, da sessão das 17.20, comi no Mac Donald e fiz compras no Jumbo. Cheguei a casa cerca da meia-noite. Por sinal, ainda tenho na carteira o bilhete e o talão das compras.
- Estava acompanhada?
- Não, estive sempre só.
- Sabia que o seu pai fez testamento a favor do seu primo?
- Sei agora, que lhe faça bom proveito.
. A senhora comprou uma pistola FN baby calibre 6.35 mm?
- Comprei, quando atingi a maioridade, porque, fui assaltada durante a noite. A casa está pouco iluminada e isolada; foi o vizinho, senhor Adérito, que me defendeu. É uma FN pequenina, o calibre desconheço.
- Pode-me mostrar a arma?
- Não a tenho, talvez com a precipitação de sair de casa, quando arranjei emprego e aluguei esta. Deve ter lá ficado na gaveta da cómoda.
- Agradecia que não saísse da cidade, fica à disposição da justiça.
Enquanto eram conduzidos ao Chalé das Canas, Alfredo lia os apontamentos do seu bloco-notas e comentava para si próprio “isto promete”; “vejamos o que nos conta o senhor Adérito Silva”.
Já em casa do senhor Adérito, o detective dirigiu-se-lhe:
- Conte-me, senhor Adérito o que se passou no canavial e porque motivo o senhor estava num local que não serve de passagem.
- Pois, eu tenho uma pequena horta onde vou plantando os legumes para gasto da casa. Tenho uns pimenteiros que começam a dar frutos e, se não os prender com canas não ficam seguros e com o peso os troncos partem-se. Fui ao meu canavial, de manhã, cortar umas canas e dei de caras com o homem estendido no chão, ensanguentado, e telefonei à guarda.
- Como acha o relacionamento dos seus dois vizinhos?
- Os dois entendiam-se bem, andavam constantemente à zaragata; não são passageiros para a minha carruagem. Que a terra lhe seja leve...
- E o relacionamento com a filha?
- Foi o melhor que ela fez em ter saído de casa. Um pai não deve tratar os filhos assim. Coitada, nunca mais a vi por cá. Muita porrada apanhou aquela criatura... deve ter um grande ódio ao pai.
Ao sair da casa do senhor Adérito e passando junto da horta, reparou que não havia plantas pimenteiras semeadas; o senhor Adérito mentira. E anotou no bloco-notas.
No seu gabinete fez uma revisão aos apontamentos do seu bloco-notas, releu, pensou…
- Está complicado, Alfredo? Perguntou António.
- Há um pormenor que me indica o criminoso, António.
Neste momento batem à porta do gabinete e entra o Comandante da guarda que. Dirigindo-se ao detective disse:
- Tenho aqui um indivíduo que foi encontrado pela guarda a rondar o canavial. É um sem abrigo que pernoita no canavial. Já lhe tirei as impressões digitais, que estão a ser analisadas pelos peritos.
- Traga-mo senhor Comandante.
Com olhar desconfiado, entrou no gabinete um indivíduo mal vestido, ténis rotos.
- Senta-te, disse o detective. Dormes no canavial? Perguntou.
- O canavial? O canavial é o meu abrigo. Tenho lá minha cama.
- O que vis-te ontem à noite no canavial?
- Não vi nada! Exclamou.
- O senhor Gualdino falou contigo ontem à noite?
- Eu estava escondido, ele queria-me bater.
- Porque é que ele te queria bater?
- Fui lá a casa ontem à noite… para roubar comida. Estava com fome. Ele correu atrás de mim com um pau. O senhor Miguel também vinha atrás.
Neste momento o Comandante entrou e segredou ao detective “as impressões digitais deste indivíduo estão na arma do crime, são as mais recentes, sobrepõe-se sobre as outras”. O detective agradeceu e, dirigindo o olhar para o presumível criminoso, perguntou
- Matas-te o Gualdino com a pistola?
- Não! Não fui eu… não vi! Quando me fui deitar vi a pistola. Peguei nela… deu um tiro. Assustei-me… fugi!
- Podes sair, espera lá fora. Como te chamas?
- Não tenho nome… chamam-me Mingau.
António, que assistiu ao interrogatório, perguntou:
- Chegas-te já a uma conclusão, Alfredo?
O detective, olhando para o António com o semblante pensativo disse “o motivo para o Gualdino estar no canavial está nas declarações desta testemunha”. E acrescentou “o PUZZL está completo, as peças encaixam-se. A filha, o sobrinho e o dono do canavial eram os presumíveis homicidas. Qualquer um deles podia ser o criminoso. A filha comprou os bilhetes para o cinema, mas podia não ter ido. Odiava o pai. O vizinho Adérito não explicou concretamente a sua presença no canavial; não tem pimenteiros na sua horta. Não mantinha boas relações com a vítima. O sobrinho Miguel mentiu e acusou-se a si próprio quando me disse “talvez algum vizinho possa dizer o que fazia o meu tio no canavial”. “Ora eu não disse ao sobrinho que o tio fora encontrado morto no canavial”. Deve ter vindo durante a noite no seu pequeno barco. Com a lua cheia que faz, era fácil deslocar-se durante a noite nos canais da Ria. O móbil do crime está relacionado com a herança. Este sem abrigo viu-o ontem à noite.
- De facto tens toda a razão, Alfredo.
- Elementar meu caro António!
------
Inté
Alfredo Mingau

FARO, A MINHA CIDADE


A PROCISSÃO DE SEXTA FEIRA SANTA


Nessa noite, a malta do campo vai à procissão. Vão todos ou quase. E
gostam de ir, porque encontram alguns conhecidos que já não viam há
muito, ou porque andaram pela estranja ou têm andado arredios.

E lá vai um abraço e dois dedos de conversa.

Antes da procissão passar, já a Rua de Santo António está cheia de
gente encostada às paredes. Não há uma nesga . E é nessa altura que a
malta passa. O Zé Vitorino Neves do Arco com o Verdelhão, o Zeca Basto
com o Zé Pinto, o Carlos Alberto Magalhães com o Justino, o Zé Eusébio
com o Jorge Barata, o Zé Aleixo Salvador com o Marcelino Viegas, o
Brito da Falfosa com o Alex, o Zacarias com o Januário, e a malta do
Liceu com o Tabeta e o Santana à cabeça.

Quando o pálio passa as pessoas curvam-se e respeitosamente fazem o
sinal da cruz. Mas a procissão começa com as matracas à cabeça, uns
utensílios que, rodando-os fazem um barulho esquisito e forte. Depois
vem a turma dos Bombeiros com o Larguito à frente com o bombo, a
dar-lhe umas porradas.

Passo certo e cadenciado, vem a banda de música de Paderne, com os
clarinetes ``a frente e os pratos atrás.

Pétalas de rosas vermelhas pelo chão e colchas roxas nas janelas.

Vem aí o andor representando a agonia e morte de Cristo, com a Mãe.

Depois o pálio com o Cónego Henriques e mais sacerdotes.

A procissão leva duas horas a passar.

Depois de terminada, uns vão conversar para o café Aliança, outros vão
para casa e outros andam por ali.

Há tanto temo que lá não vou. Tenho saudade da minha cidade E da minha
procissão de sexta feira santa. Também.

Um dia irei.

João Brito Sousa

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Almoço de Natal
e
Aniversário de "o Costeleta"
Na reunião de hoje, da Associação, foi decidido levar a efeito um Almoço de Natal Costeleta
dia 8 de Dezembro
O evento será efectuado na
"Quinta da Senhora-Menina"
Será abrilhantado pela
Orquestra de Vitor Alves
Os participantes deverão entregar uma
"Prenda Simbólica"
(para troca)
Por estes dias informaremos o Menú e o Preço
P'la Direcção - Isabel Coelho
Telem. - 919029068

UM TEXTO...DIÁRIO, SEMANAL, MENSAL...OU DE VEZ EM QUANDO


RECORDAR CIDADÃOS FARENSES


A cidade de Faro é e sempre foi parca em acontecimentos sociais, que motivassem grande aglomeração de farenses. Por isso, recordo alguns que marcaram profundamente a minha (nossa) juventude:
- A passagem do General Humberto Delgado pela cidade e o ajuntamento de milhares de pessoas na baixa, com alguns mais afoitos transportando o general em ombros, até ao Hotel Aliança.
- A subida do Sporting Clube Farense à primeira divisão nacional, pela "batuta" da família Guerreiro. Quando o autocarro que transportou os jogadores chegou à baixa, eram milhares de farenses a saudá-los, vitoriando o enorme feito desportivo.
- A procissão de Sexta-feira Santa , vulgarmente apelidada pelo povo como procissão do Senhor Morto, que saía anualmente da Igreja da Misericórdia, também juntava (e junta?) na baixa e nas ruas por onde passava, centenas de pessoas.
- Na época carnavalesca, especialmente no mês que antecedia os três dias de festejos de Carnaval, às Quintas-Feiras e aos Sábados, as ruas de acesso às colectividades que recebiam mascarinhas - Artistas, Musical, Grémio, Farense, Ginásio, Sport Lisboa, etc - enchiam-se de milhares de farenses para as ver passar, receber uma carícia e festejar com um " Olá Mascarinha, quem és tu?"
Esta introdução, pretende recordar um evento, que reuniu igualmente milhares de pessoas, e que embora não fosse de festa, foi pelo menos de curiosidade.
Lembram-se do Sr. Oliveira? Quem era? Tipógrafo de profissão, exercia a sua actividade na denominada "Tipografia dos Padres", sita na Rua Tenente Valadim, na qual viveu o saudoso Padre José Gomes da Encarnação, e hoje ocupada pela cosmopolita "Via Valadim". Para quem não se recorde, ou esteja ausente de Faro há muito tempo, é a rua que dá acesso ao Largo da Palmeira, vindo da Rua de Santo António, e que nós frequentávamos nas idas ao salão de bilhares "Olímpico".
O Sr. Oliveira era de "boas famílias" e pessoa respeitadíssima na cidade.
Certo dia, alarma-se a cidade porque o Sr. Oliveira tinha sido preso e ia para a cadeia nessa tarde, a determinada hora. Junta-se então a população às centenas (milhares talvez), no largo da cadeia e nas ruas adjacentes - Rua da Boavista e Rua Serpa Pinto. Chega finalmente o Sr. Oliveira, em viatura da GNR e é entregue ao carcereiro, ao tempo o Sr. Francisco Manuel, pai do Sr. António Manuel, conhecido comerciante da Rua de Santo António.
Móbil do crime que deu voz de prisão ao Sr. Oliveira:
- Durante muitos anos, o Sr. Oliveira frequentou o cinema e outras sessões públicas, visualizando os frequentadores e seus hábitos. Posteriormente, escolhia a casa a assaltar, sem que nunca ninguém tivesse suspeitado de tal "actividade" extra profissão. Foi descoberto e condenado porque encontraram em seu poder, centenas de chaves (cópias integrais, das que correspondiam às casas que tinham sido assaltadas) e em sua casa, os bens que havia subtraído aos respectivos donos.
E assim era Faro, em tempos idos: Do melhor e do pior se fazia "festa"!

Jorge Tavares
costeleta1950/56

AGENDA

Efemérides

Outubro – 29 – Quinta Feira

• Dia Nacional da 3ª Idade
1863 – Fundada a Cruz Vermelha, movimento internacional lançado por Henri Dunant;
1888 – Assinada em Constantinopla, a Convenção do Canal do Suez;
1911 _ M. o jornalista Norte Americano Joseph Pulitzer (N. Hungria. 1847);
1918 – Hungria proclama a sua separação do Império Austro-Húngaro;
1923 – Proclamada a República da Turquia.

Aniversário de Associados Costeletas
Novembro

1ª Quinzena

02 - Maria dos Anjos Leocádia Campina Pacheco.. 03 - José Manuel Cruz Libório. 04 – Maria Jovina Reis Carromba. 06 - Alfredo Pedro; Maria Pires Dias Sustelo. 07 - Carlos Alberto Trindade Madeira Gomes. 08 – Francisco Gago da Assunção. 09 - Teófilo José Carapeto Dias; Maria Isabel Martins Neves Gonçalves; Olívio Cabrita Adrião; Aníbal Salvador Costa Rosado. 10 - Arminda Maria Simões da Costa Pequeno Lola; Maria da Natividade Malaia Barranqueiro Santos. 11 - Marta Maria Martins Oliveira. 12 - Vítor Avelino Gonçalves Palmeiro; Rogério Luís Nunes Correia; João Martinho Marcelino Santos . 13 - Rogério Rodrigues Gomes. 15 - Adalberto Jorge Martins Neto; Elidérico José Gomes Viegas.
OS NOSSOS PARABÉNS

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A ESCOLA (V)

OS TRÊS MOSQUETEIROS (cont)
Aí vão duas ou três histórias, que já contei, talvez, mas que valem sempre a pena.
1 - Aquela do aluno, na aula da prof. de matemática, menina e moça e muito engraçada…. esteticamente falando, digamos.
Diz o aluno, a senhora professora tem um casaco muito bonito, sabia!.
Gosta? Fui eu que o pintei, sabe, disse a professora.
Ah… a senhora já pinta… disse o aluno.
2 – Aquela cena do Zaralho, no Largo da Sé com o polícia. A malta estava a jogar à bola e o Zaralho era o keeper. Estava de costas quando o polícia surgiu. Queria levá-lo para a choldra, mas o Zaralho safou-se. Apanhou cá um cagaço…e jurou a si próprio, se te apanho ajeito ó polícia, vais ver…Dias depois, os jogos continuavam e o mesmo polícia veio para apanhara malta. O Zaralho não estava em jogo, mas viu o polícia chegar, coma cesta do almoço, que ajeitou a um canto da praça e, quando o polícia veio para a caçada, o Zaralho foi direito à cesta e atirou-a pelos ares com um pontapé forte e colocado. Polícia, viu, ouviu e disse, ah ladrão, que lá me partiste os pratos…
3 – Quando o Manuel Dias e o Ladari, da Casa dos Rapazes, foram eleitos chefe e sub chefe de turma respectivamente. A coisa durou um mês porque a produção dos alunos baixou ….
4 – O Fantasia e os pintassilgos…
5 – O Chico Contreiras e os ratos e o Martini.
6 – O João Cuco e a bola na Alameda
7 – O Brito da Falfosa que deitou a bomba de carnaval na aula do Dr. Xêncora.
E muitas outras histórias.
Depois a conversa oficial, a ENTREVISTA, propriamente dita.
A ESCOLA, o que foi para vocês.
XAVIER BASTO (PEPE) – A Escola foi sobretudo camaradagem, o local ondeformámos uma grande amizade. Nós os quatro e mais outros colegas,claro,, enchemos a alma de alegria quando nos voltarmos a ver. O diade hoje, vai ficar gravado dentro de mim, com a alegria igual à queisto quando faço, anos, por exemplo..
ZÉ PINTO (ZP) – É o local onde começamos a ver as dificuldades davida, nós sofremos um bocado na escola, as relações com os outros são sempre difíceis e nós apercebemo-nos disso aí.
HERNÂNI (H) – Tenho saudades desses tempos da Escola e do que fizemos,das malandrices, das namoradas, enfim a vida correu-me sempre bem.
JOÃO RAMOS (JR) – A Escola, é aquele lugar inesquecível que faz parte de nós, porque a cada esquina encontramos um colega desse tempo. E recordamos coisas e lugares, as peripécias acontecidas na Escola, enfim, a Escola é o lugar onde fizemos os nossos melhores amigos
Texto de
João Brito Sousa
NOTA: - Já tinha sido publicado

AGENDA


Efemérides

Outubro – 28 – Quarta Feira

- Dia Mundial da 3ª idade
- Dia Mundial da Animação
1467 – N. o pensador humanista Erasmo de Roterdão (M. 1536);
1567 – Conspiração dos huguenotes de Meaux provoca a segunda guerra religiosa em França;
1856 – Inaugurado o primeiro troço de caminho-de-ferro em Portugal, entre Lisboa e Carregado;
1866 – Inaugurada a estátua da liberdade em Nova Iorque;
1918 – Fundada a República da Checoslováquia, reunindo os territórios da Boémia, Morávia e Eslováquia, do Império Austro-Húngaro;
1919 – Entra em vigor, nos EUA a chamada Lei-Seca;
1922 – Fascistas italianos iniciam a marcha sobre Roma, que dá origem à ditadura de Benito Mussolini;
1983 – Abre a Estação Zootécnica Nacional, em Santarém.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

AGENDA

Efemérides

Outubro - 27 - Terça Feira

- Dia Mundial dos Jornalistas para a Paz.

- 1782 - N. o violinista e compositor Italiano Nicoló paganini (M. 1840);
- 1807 - França e Espanha assinam o tratado de Fontainebleau, que prepara a primeira invasão francesa a Portugal;
- 1852 - N. em Nova Yorque Theodore Roosevelt (M. ib., 6.1.1919), presidente dos Estados Unidos (1901-1909), Nobel da Paz 1906;
- 1902 - Realiza-se a primeira corrida de automóveis em Portugal. entre a Figueira da Foz e Lisboa;
- 1920 - A Liga das Nações transfere a sua sede londres para G;
enebra;
- 1949 - Prémio Nobel da Medicina atribuido ao investigador português Egas Moniz. (Avanca, Estarreja, 1874-Lisboa, 1955).

A ESCOLA (IV)

OS TRÊS MOSQUETEIROS.

Que eram quatro, J. Xavier Basto (Pepe), Zé Pinto, Hernâni e João Ramos
São quatro elementos que frequentaram a Escola na mesma altura e quefizeram aí uma grande amizade. Conheço-os bem e falei com eles sobre aideia e fomos almoçar todos juntos.
E o resultado da conversa antes do almoço, está nesta peça que aqui vos deixo.
Foi um almoço de amigos e de recordações. Houve emoções que seexpressaram numa lágrima caída. Houve alegria nos rostos de cada um.Era a amizade a falar mais alto. Éramos todos costeletas e tínhamosorgulho em ter pertencido à Escola.
À chegada, abraçamo-nos com amizade. Foram fartos momentos deconversa, sobre isto sobre aquilo. Faro, a nossa cidade esteve emgrande plano. Foi tudo varrido a pente fino. As figuras mascarismáticas da cidade do nosso tempo de alunos foram citadas. Como oDr. Júlio Carrapato, advogado da elite farense, o explicador deInglês senhor Santos, o professor Ferradeira das admissões aoMagistério, o explicador de matemática Gil que chegou a Faro sem chetae depois subiu na vida, o Larguito que jogou na primeira categoria doFarense a central, os cafés Aliança e Brasileira onde paravam osprofessores Daniel Faria, Chico Zambujal e Fortes, o Gaiana e o CaçaBrava, o menino Chico, o escultor Sidónio, o sargento Vitorino e oTorcato, o Vieguinhas e o Pardal dos jornais, o Zé Luís da Luta Livre,o Joãozinho Nobre, o Doutor Juiz Jaime Valente, a linha avançada doLiceu com Tabeta, Aleluia, Monteiro, Adolfo e Balito Uva, ascamionetas do Santos para S.Brás, o Dimas dos óculos, os fotógrafos deFaro, o Arnaldo, o Matos e o Seita do jardim à la minute, os Artistas,o Grémio e o vinte de Janeiro … tanta coisa.
O mesmo com os nossos professores, sem excepção.
O SCFarense, onde jogaram grandes craques que foram alunos da Escola,como nós, também foi ventilado. Os grandes jogadores Campos e Rialito,Vinueza e Queimado, Isaurindo e Rato. E a malta da Escola que jogou noFarense e no Olhanense, como o Jorge Gago, uma elegância na baliza, ZéGonçalves e Manuel Dias no Farense, Manuel Poeira, João Parra, o Nuno,e António Paulo todos no Olhanense, o João Malaia no Olhanense eAlverca, o Ribeirinho no Luso do Barreiro, o Júlio Piloto, no Benfica,Chaves e Vianense e o Arcanjo no Benfica e Setúbal.
E dos juniores do Farense, onde jogaram, os alunos da Escola,Armandinho, Seromenho que chegou a sénior, Fontainhas, Zé Cavaco e omaior de todos Xavier Basto, o Pepe. E o Victor Caronho, o JacintoFerreira, o Agostinho da Fuzeta, que foram júniores do Olhanense notempo do Cava.
E o jogo de juniores com o Lusitano de Évora em Évora, onde jogava omago Quinito e o Farense perdeu e o Zeca Basto fez um grande jogo.
E até os contínuos da Escola vieram à baila. O Armando do bigode queestava colocado na área do Pavilhão de ginástica, o senhor Castro, osenhor Victor, o senhor Viegas e…a menina Libânia e menina Lurdes.
Falou-se de tanta coisa… nos montanheiros também, que vinham àscarradas dos matos, botas cardadas e boina na cabeça. Malta que metiamedo e eram bons para a porrada. Nomes de montanheiros ilustres foramcitados, Aníbal, bom no atletismo e no ping pong, Alfredo Teixeira aotempo Keeper de andebol e mais tarde campeão nacional de atletismo nadistância de 400 metros, o Teófilo Carapeto, assessor do 1º Ministroe, entre muitos outros, o João Cuco de S. João da Venda ou para alidaqueles lados.
Tudo malta que vinha no comboio correio das 5 da manhã e chegava àestação de Faro às sete. Futebol de seguida, com falta às aulas àsvezes.
(continua)
Texto de
João Brito Sousa
OS COSTELETAS E A SUA ESCOLA - II
Dactilografia e caligrafia, sempre andaram de mão dada.
Mestre Carolino e Profª. Mariana, obviamente que não! Só conviviam na sala do corpo docente, como todos os professores, nos intervalos das aulas. Lembram-se, no primeiro andar ao cima das escadas, virávamos à direita e ao meio do corredor lá estavam as entradas para a sala dos nossos professores. Com alguma frequência chegavam dois em simultâneo para entrar na sala, e era uma delícia ouvi-los:
Oh! Dr. se faz favor. Ora essa, primeiro o Dr.. Não senhor, imagine, o Dr. primeiro! Esta troca de delicadezas por vezes prolongava-se por vários segundos e a rapaziada a divertir-se com a cena.
Voltando ao tema do texto: Uma história numa aula de caligrafia, com a Profª. Mariana.
A entrada na sala de aula, cuja turma era mista, era acompanhada com o trautear da canção "Mariana, lá da serra, deixa o marujo ir à vela...", tão em voga na altura.
A minha carteira, tendo como parceiro o José Felix, ficava na fila logo à entrada do lado esquerdo, e era, se a memória não me falha, a quarta. Ocupava o lugar de acesso ao corredor que separava a fila vizinha de carteiras. Na segunda carteira da referida fila, e do mesmo lado do corredor, sentava-se uma colega, que por razões que mais adiante se depreenderá, não vou escrever o seu nome verdadeiro, antes porém tratá-la por Helena.
A referida colega costeleta, era o que na altura se caracterizava, por uma "estampa" de moça. Bonita, elegante, bem falante e que vestia com bastante gosto. Em regra, usava saias plissadas, caracterizadas pelo elevado número de pequenas pregas, que necessitavam muito cuidado para não se amarrotar. A Helena, sempre com a preocupação de se manter impecavelmente vestida, levantava a saia bem alto para se sentar evitando assim que se amarrotasse. Este seu gesto, convidava-me de imediato a não desviar os olhos deste procedimento, e zas! via as cuecas da Helena. Que erotismo! Mas não ficava por este arregalar de olhos. Escrevia um bilhetinho que entregava à Helena, com os seguintes dizeres: Helena, vi-te as cuecas. São brancas (e informava a cor).
Esta cena repetiu-se imensas vezes até que a Helena se saturou desta brincadeira e resolveu agir.
Recebeu o bilhete com os tais dizeres, levantou-se da carteira a mais de 100 km/hora e denunciou-me à Profª. Mariana. O epílogo desta história, foi a suspensão de um dia, comunicada ao meu pai, na qualidade de encarregado de educação, e ainda hoje sinto o " traseiro" doído. Também passou a ser muito complicado nos tempos que se seguiram, olhar para a Helena ou outra Maria qualquer quando, ao sentar-se levantavam a saia por conforto ou prevenir as amarrotadelas.
Jorge Tavares
costeleta 1950/56
FALAR DOS NOSSOS.....
No passado sábado, na revista NS que o Diário de Noticias publica como suplemento, deparei-me com um texto que evocava o costeleta Rafael das Neves Correia. Resolvi transcrevê-lo para o blogue, não só que todos nós gostamos muito dele, como o mesmo representa uma fresta aberta da janela que permite "ver" o que foi a vida profisional do Rafael. Reproduzo o texto, sic:
O ADEUS DE "LUGAR AO SUL
" Durante quasi trinta anos, Rafael Correia gravou os sons em extinção do Portugal profundo. Saído do ar em Agosto passado, ao fim de quase trinta anos, LUGAR AO SUL foi um programa semanal, aos sábados, que tinha um público fiel.
O autor reformou-se e o programa desapareceu. O nome justificava-se por ser emitido de Faro ( RDPSul) e não porque a sua intenção de pesquisa se limitasse ao sul do país.
Foi obra de Rafael Correia, talvez um dos últimos homens "sem rosto" da rádio. O autor correu o país, de norte a sul, com um propósito simples: ouvir gente, gravar os sons dos seus ofícios, as suas lembranças e inquietações num trabalho de recolha que difícilmente se repetirá. Fora isso, era como se o autor não existisse.
Só nos últimos dez anos, porque a energia física já fosse a mesma, limitou as suas incursões ao Alentejo e ao Algarve. Era um programa sem pressas: durava duas horas, as perguntas não se atropelavam e o ritmo de quem falava era respeitado. A constante, hoje, tende a ser o atropelo.
Noel Cardoso, chefe de produção da RDPsul, diz à NS, que o programa foi um marco e que o feed back era alto, o que contrastava com a indisponibilidade de Rafael Correia se dar a conhecer para lá do programa que fazia.
"Era muito metido consigo mesmo, pesquisava sózinho, ia sózinho aos sitios e montava-o sózinho".
E não seria muito amigo de novas tecnologias, preferindo trabalhar com as máquinas que conhecia. Se alguém lhe telefonava ( não obstante o exército de fiéis de um programa tão discreto como as vida que retratava) não atender era a regra. Encontrá-lo foi impossível. Reformou-se e nunca mais ninguém o viu na RDP em Faro, onde o correio se acumula e aonde não voltou a recolher.
Texto
J.A.Souza
Rafael, se e quando quiseres, sabes sempre aonde nos encontrar. Caso te seja inviável, contacta, e nós iremos ter contigo.Um grande e forte abraço da familia costeleta, crente de que esta é a expressão da vontade colectiva.
Jorge Tavares
costeleta 1950/56

DO CORREIO

O Colega António Palmeiro tem muita razão!
O Brasil não pode ser generalizado, mas de facto tenho ultimamente recebido Notícias sobre Brasileiros em Portugal, o que mudou um pouco minha idéia sobre se seria preconceito dos Portugueses sobre emigrantes como o que existiu sobre retornados, Africanos etc.?
No entanto após algumas pesquisas confirmei que não é descriminação!
Há mais de uma dezena de anos quem ganhasse salário no Brasil não tinha hipótese de emigrar para Portugal, já que seria necessário juntar o salário de mais de um ano para pagar a passagem, e nessa forma o fluxo se limitava a pessoas da classe média baixa, ou então a fugitivos da policia que procuravam outras áreas de actuação, extensivo também á prostituição!
Em 1985 perante um advogado brasileiro. alguém que me acompanhava falou sobre Máfia, ao que o mesmo ofendido retrucou “ O Brasil não tem Máfia, tem é Ladrão “ e outras pessoas acrescentaram sobre o facto do Poder do jogo do Bicho que até os ladrões não se intrometiam com os intervenientes! Altura em que até o Banqueiro Ivo Noal emprestava seus Helicópteros á policia para algumas operações .Não é só a Costa da Caparica alvo dos Bandidos Brasileiros , mas quase todo o País, até me afirmaram que o Pior assalto que um cidadão pode ter é o de Brasileiros, já que além de assaltar também matam para não deixar testemunhos!
Aqui sempre que Brasileiros são barrados nos Aeroportos de Lisboa ou Espanha, ficam ofendidos e há cerca de um ano em represália aqui chegaram mesmo a barrar a entrada de Alguns Turistas Espanhóis! É uma realidade que nada tem a ver com as entidades de exportação/emigração, porque mais de metade de brasileiros são emigrantes ilegais.
É lamentável para aqueles emigrantes da mesma Nacionalidade que trabalham honestamente e acabam por ser prejudicados com a fama dos marginais! Sobre o Vídeo da Maite Proença, também ouvi o vídeo das desculpas? me relembraram aqueles entrevistados que ao lhes fazer uma pergunta directa, o entrevistado responde com um tema diferente, que aqui o Brasileiro brinca com tudo até com o Presidente da República não ter cursos superiores etc. é aquela resposta em que gostam de brincar com os outros mas ficam ofendidos quando brincam na mesma forma com eles! Assim que for possível enviarei mais informações sobre este Pais com 27 Estados em que alguns Portugueses conhecem mais do que um percentual superior a 50 % dos Brasileiros.
Saudações Costeletas
António Encarnação

UMA SUGESTÃO

O blogue tem apresentado bons trabalhos, que vão desde poemas, história de Costeletas a relatos sobre a cidade e suas personalidades típicas nos últimos 60 anos, escrito por narradores com memória privilegiada que estão apresentando a História que dificilmente será transmitida num futuro a médio ou longo prazo! Por não se tratar de personagens famosas por qualquer feito extraordinário que tivesse despertado a atenção Nacional como os de Olhão, exemplos do Bugre que há cerca de 200 anos, foi até ao Brasil informar D. João VI da expulsão dos Francesas, e do caso muito comentado já no nosso tempo, ano de 1959 dos Olhanenses José Rodrigues Belchior e sua companheira Felismina que foram de Olhão a Porto Seguro (Brasil) num pequeno veleiro de 6,50 metros de comprimento e 2 metros de boca o Natália Rosa, que fazem parte da história da cidade. Daí esta minha sugestão para alguém selecionar as publicações dos Costeletas e das figuras pitorescas apresentadas da nossa cidade, que tenha possibilidade de acesso para que fiquem disponíveis na posterioridade em algumas bibliotecas ou Museus, e que daqui por exemplo a uma centena de anos nossos descendentes tenham possibilidade de conhecer as denominações de Costeletas, Bifes e dessas figuras!Não temos informações semelhantes por exemplo entre 1850 a 1950, porque não deixar-mos a salvo este valioso espólio que faz parte do blogue Costeletas!Ao mesmo tempo peço a outros Costeletas que não sendo de Faro, mas estudaram na nossa Escola, que escrevam sobre a vossa localidade e suas figuras pitorescas para o mesmo, já que tivemos colegas desde Albufeira a Tavira .
Saudações Costeletas
António Encarnação
NOTA:- Já aqui foi dito que está a ser preparada uma "Colectânea" com as melhores publicações que aqui foram colocadas. Roma e Pavia...
Quanto à sua informação do "bugre" que hà 200 anos saiu de Olhão e foi ao Brasil, o barco é um "caique". Uma réplica deste barco encontra-se em exposição, na Ria, junto ao Mercado de Olhão.
Moderador

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

UM POUCO DE HISTÓRIA

A PROPÓSITO DAS EFEMÉRIDES

1823- Conjura de D. Carlota Joaquina e D. Miguel para depor D. João VI.
D. JOÃO VI, nasceu em Lisboa no dia 13 de Maio de 1767 onde faleceu no dia 10 de Março de 1826. Rei de Portugal, reinou de 1818 a 1826. Era filho de D. Pedro III e de D. Maria lsabel.
Por motivo do problema mental de sua mãe, passou a governar desde 1792, porém só se tornou Príncipe Regente a partir de 1799. Em 1816, com a morte da mãe, D. Maria, subiu ao trono e em 1818 foi aclamado Rei de Portugal, do Brasil e Algarves.
Fundou o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves nesta mesma época. Era casado com D. Carlota Joaquina da Espanha. Pai de nove filhos, um deles Pedro que seria imperador do Brasil.
Em virtude do conflito entre França e Inglaterra, o seu governo teve um período de grande intranquilidade. A fim de prejudicar a Inglaterra, Napoleão decretou o bloqueio continental. Quando Portugal foi invadido pelas tropas de Junot, a família real portuguesa com toda a corte embarcou para o Rio de Janeiro.
Ao chegar ao Brasil, D. João declarou livres as indústrias brasileirase abriu os portos do Brasil ao comércio estrangeiro. Passou depois a residir no Rio de Janeiro. A D. João VI deve-se a fundação da Academiade Belas Artes do Rio de Janeiro, registando-se também importantes movimentos militares que proporcionaram a ampliação das fronteiras, do País.
Em 1821, a família real e sua corte seguiram para Portugal, deixando aqui o herdeiro do trono português, o Príncipe D. Pedro, que ficou como regente. Chegando a Portugal, D. João VI foi obrigado a assinar a Constituição, mas, seu filho D. Miguel organizou um movimento absolutista, que vitorioso, repôs D. João como Rei absoluto.
A 31 de Maio de 1823, D. João VI, na «Proclamação aos habitantes de Lisboa», escrita em Vila Franca, afirma rejeitar o poder absoluto, prometendo respeitar as liberdades individuais e que assentaria brevemente as bases de um novo código para a felicidade dos súbditos,
È nomeada uma Junta, para preparar a nova Constituição, presidida pelo marquês de Palmela e integrava 14 membros, entre os quais Trigoso de Aragão Morato e outros nomes representantes do tradicionalismo reformista.
A Junta, nomeada a 18 de Junho de 1823 terminará a sua tarefa em Dezembro seguinte, sem resultados práticos.
Projecto frustrado de conjuração, envolvendo D. Miguel e D. Carlota Joaquina, para afastamento de D. João VI, que deveria ser preso em Vila Viçosa e substituído no trono por D. Miguel em 26 de Outubro de1823.
Investigação e recolha de
JOÃO BRITO SOUSA

FARO



Estátua de D. Afonso III

“A CIDADE EXTERIOR”


De Alfredo Mingau


Nota de Abertura pelo autor

Facto Típico para a Época


Agora, que estamos quase no S. Martinho, recordo…, quem não se recorda de, “Naquele Tempo”, em que a “malta” juntava-se em grupo, arranjava um caixote, colocava dois paus compridos e pregava-os por baixo e estava feito o “andor”. Sentava-se lá dentro o mais levezinho, com a cara pintada, um grande bigode, uma chucha na boca, uma vela acesa dentro do caixote e… lá ia a malta com o andor aos ombros, a bater às portas e, até, entrar pelo café Aliança a cantar:

S. Martinho lapa

Vamos ao larapa,

S. Martinho vinho,

Vamos ao copinho

E a “Malta” recebia os donativos que eram, depois, divididos pelo grupo.


Exterior da “Cidade Velha” – Algumas Figuras Típicas


Falámos da “Cidade Velha – Vila-a-Dentro, mas fica um “vazio” se não nos debruçarmos sobre o “exterior, fazendo um circuito pedonal recordando, também, a cidade junto ao exterior da muralha, lançando a vista um pouco mais além.

Saímos pela “Porta Nova”, “Porta do Mar” como é mais conhecida, e apreciamos em frente, a Ria Formosa com os navios da Marinha, a “Bicuda” e a “Azevia” fundeados nas quatro águas. Aqui a passagem de nível com o letreiro “PARE, ESCUTE, OLHE” e, mais à frente a ponte dos barcos, com alguns a descarregar o pescado, vendo-se ancorados os de passageiros que faziam a carreira para a Praia de Faro (Ilha de Faro como era e é mais conhecida). “O Praia de Faro”, da empresa de camionagem António Evaristo dos Santos, o “Ria Formosa”, o “Isabel Maria” do Mestre Cantiguinha, o “Gavião” e o “Alegria”, estes dois do “Chico Alemão”.

E, voltando à direita, deparávamos com o pavilhão da praça do peixe, tendo atrás o apeadeiro das “Portas do Mar”; encostados à muralha as barracas de roupa e quinquilharia com a central eléctrica em frente. Logo a seguir entrávamos no pavilhão da praça, pavilhão fechado, com os talhos e lugares fixos de verduras e frutas. Saíamos da praça e apreciávamos o mercado ao ar livre, tendo à sua direita, encostados à muralha, as Finanças com a sua escadaria íngreme, alguns armazéns de marisco e venda de isco para os pescadores desportivos.

À esquerda a ponte da CP que dividia a Doca da Ria, ponte rotativa, que se abria no intervalo da passagem dos comboios para que as barcaças de carga, encostadas ao cais, pudessem sair e entrar.

Ao fim do mercado ao ar livre, antes do Jardim Manuel Bívar, os vendilhões da “banha de cobra” e um outro que colocava os seus artigos sobre uma esteira, e gritava com as mãos em concha:

- “Erva bicha! raiz da abrótea!, areia para arear! Cágados!

Dava piada porque a areia era para as senhoras limparem os tachos e não os cágados…

E, no Jardim Manuel Bívar, ao fundo, junto e em redor do coreto, os engraxadores e, de vez em quando apareciam algumas figuras típicas como o “Cuco” com a sua malinha cheia de rótulos colados, o “Zezinho dos Cães”, com eles atrás, o “Menino Chico” com as suas castanholas, o “Toquim”, que tinha como hotel as barcaças e dizia que era um “galã do cinema” depois de, lá ao fim do “espaldão” e junto da Capela de S. Luís, ter colaborado na rodagem do filme “Um Grito na Noite”, dando um grito ao pé de uma grande fogueira, a arder em frente da Capela; o “Arpanço” que fazia recados e transportes com uma carreta de mão e que, com uns copitos a mais, deixou-se dormir com uma perna sobre a linha do comboio e só acordou quando o comboio a decepou; a “Maria das Bananas”, baixa, atarracada, pernas arcadas cabeludas, bigode farfalhudo, pés grandes, corria a cidade com o cesto sobre a anca seguro pelo braço, matraqueando com os chinelos na calçada; parava, punha a cesta no chão, e gritava o seu “pregão”:

- Éééé!... Sóóóó!... Cinco tostões a banana!; Alcagóitas torradas!

Os “moces” metiam-se com ela e, da sua boca desdentada, saiam todos os impropérios e corria atrás deles com um pau, que trazia no cesto.

Voltemos ao circuito e, saindo do mercado, sempre ao redor das casas encostadas à muralha, o Governo Civil e, logo a seguir, a porta principal da cidade, o “Arco da Vila” com o seu relógio lá no alto, o hospital e a Igreja da Misericórdia em frente. Logo a vidreira e em frente, junto da muralha, a esplanada do cinema. Seguindo, e dando a volta, lá estava o “palácio do Belmarço”, ainda lá se encontra a decompor-se. Depois passamos pela “Porta do Repouso”, (“Arco do Repouso”) e entramos no Largo de S. Francisco. À esquerda o refeitório económico, a Igreja de S. Francisco e o Quartel de Infantaria 4. Junto da muralha alguns armazéns em que um deles, de barcos, íamos encontrar o “Coelhinho”, grande atleta em argolas, fazia o seu espectáculo para a malta apreciar. E, para finalizar este circuito, ao fundo o apeadeiro de S. Francisco, a passagem de nível sem guarda, PARE, ESCUTE, OLHE, para dar passagem para o cais do Neves Pires e para as salinas.

Espero que tenham gostado de memorizar e recordar, a cidade exterior, em redor da muralha do castelo e… nos anos 30/40…


NOTA:- A cidade de Faro foi elevada à categoria de Cidade, no dia 7 de Setembro de 1540, por El-Rei D. João III, pela seguinte razão: “O lugar é sadio e abastado, está no meio do Reino do Algarve e muito a propósito de nele poder estar a Sé”

Inté

Alfredo Mingau

AGENDA

Efemérides

Outubro - 26 - Segunda Feira

1802 - N. D. Miguel, filho de D. João VI e de D. Carlota Joaquina;
1823 - Conjura frustada em Portugal, envolvendo D. Miguel e D. Carlota Joaquina, para o afastamento de D. João VI do trono;
1841 - N. em Cabbio, Suiça, o português José Fontana. (M. lisboa, 1876), iniciador do movimento operário em Portugal;
1850 - TYratado de Adis Abeba anula protectorado italiano da Etiópia;
- Hung Siu-Tsuen autoprocla-se Imperador da China, após a rebilião de Taiping;
1998 - M. o escritor José Cardoso Pires (N. Peso, Vila do Rei, 1925);
2001 . Autoridades dos EUA, anunciam ter detido 952 pessoas, na sequência dos atentados de 11 de Setembro, em Nova Iorque e Washington.

domingo, 25 de outubro de 2009

A ESCOLA (III)

ANO LECTIVO 1960/61

Foi o meu último ano na Escola Industrial e Comercial tendo frequenteinesse ano, a Secção Preparatória que dava acesso ao InstitutoComercial em Lisboa e ao Magistério Primário. Academicamente foi umbom ano escolar, pois fiz as Secções com aproveitamento e os exames deadmissão ao Instituto Comercial e ao Magistério, onde ingressei em Outubro de 61 e no ICL dois anos mais tarde.
A malta do meu tempo, nessa Secção, eram, na fila do meio, a Celina e a Fátima Oliveira, o Morgadinho e o Manuel Jacinto, o Quinta Nova e o Elói, o Firmino Cabrita Longo e eu. Fila da esquerda, Isabel Gregório, Teresa Xufre, Zé e Chico Gabadinho. Fila da direita, Helena Caravela,José Andrez, Luciano Machado, João Mário Mascarenhas e …
Professores, o Dr. Queiroz a Literatura e o Dr. Jorge Monteiro a Matemática e Física. No primeiro teste de matemática tive 4 e o Xico Gabadinho e o Luciano Machado tiveram 20. Vai daí fui para aexplicação do Capitão Vieitas, com o Zé Guta e a coisa compôs-se.
O Dr. Queiroz, dava uns toques na Literatura mas não era uma sumidade, ensinava q.b.
Excelente, excepcional mesmo era o Dr. J. Monteiro, que ao tempo era o Director da Escola. Foi um grande professor e um grande amigo.Encontrei-o mais tarde, algumas vezes em Lisboa.
As aulas do Dr. Jorge Monteiro eram duma clareza acima da media edadas num clima de respeito, silêncio e disciplina. Não havia foliasna aula do Dr. Monteiro. Era um ambiente de total aderência à causa deaprender. A Escola cumpria o seu papel, colocando-nos o prof. àdisposição, o Dr. Monteiro, que nos dava as aulas e nós aprendíamos asmatérias. Era isto, sem tirar nem pôr, o que acontecia.
Como é sabido, o processo de aprendizagem escolar hoje, vive, na generalidade, uma crise profunda, com os professores reclamando dobaixo nível de compreensão dos alunos.
Com o Dr. Jorge Monteiro não era assim, porque o seu método de ensino estimulava o gosto na aprendizagem.
Aprender, consiste num processo activo de interpretação pessoal da informação recebida, tendo como objectivo, a actualização e ocrescimento cultural e técnico do aluno.
Nas aulas do Dr. Jorge Monteiro, nós aprendíamos porque o professor sabia não só da matéria, mas sobretudo, expor.
O Dr. Jorge Monteiro foi dos melhores professores que tive em toda a minha vida.
Deixo estas notas, em honra (ou memória) desse grande pedagogo e amigo.
Porque era competente.
Saudações para todos do
João Brito Sousa

DO CORREIO

A minha identificação:
Antonio Viegas Rodrigues Palmeiro
Rua de São Sebastião, 9
Apartado 127565
Alvalade Sado
Associado 485
Pela primeira vez optei por uma intervenção, uma vez que sobre o assunto, muitas são as coisas que directa ou indirectamente me tocam profundamente.
Ao ler as noticias no blogue deparei-me com uma matéria do nosso colega António Encarnação sobre o assunto em epígrafe que me acho deveria ter um mais amplo desenvolvimento, tal é o melindre da questão em apreço.
Antes de continuar gostaria de referir que residi durante vários anos no Brasil, concretamente em São Paulo capital e também em São José dos Campos, também no Estado de São Paulo. Viajei pelo Brasil durante 10 anos, viagens de 30 dias com contempladas com 15 de descanso no final. Conheço mais Brasil do que muitos brasileiros e tenho por aquele País o maior respeito e pelo seu povo uma grande admiração.
Quando falo aqui em povo é o povo mesmo, quero aqui destacar o sertanejo. Tenho pelo sertanejo uma profunda admiração, é honesto e respeitador, desconfiado no inicio mas depois de conhecer bem é amigo e leal.
Sobre o mais do que comentado video, entendo, contrariamente ao colega Encarnação, que o caso não poderia passar em brancas nuvens.
Sobre o derrube o helicóptero, sendo um assunto que só aos brasileiros diz respeito é preocupante. Permito-me transcrever o título de uma matéria desenvolvida hoje, dia 23 de Outubro, na Revista VEJA on line: "UMA PROVA DE FOGO As cenas de um helicóptero pegando fogo no ar, abatido por tiros de um fuzil, deram ao mundo a dimensão trágica que o banditismo atingiu no Rio de Janeiro. A sede da Olimpiada 2016 já tem seu maior desafio, desbaratar as quadrilhas, prender os criminosos e libertar os bairros sobre o seu comando" Esta será matéria desenvolvida na VEJA a sair para as ruas no próximo dia 28. Pela minha parte apenas um comentário: Façam isso, limpem a área, mas não exportem para cá mais bandidos, a Costa da Caparica e a Bela Vista em Setúbal, estão rebentando pelas costuras, não comportam nem mais um. No entanto todos os brasileiros de bem e que venham por bem, certamente serão recebidos de braços abertos, como eu fui quando um dia resolvi fazer do Brasil a minha segunda Pátria.
A história da violência no Brasil é muito mais profunda do que uma análise superficial pode fazer crer. Nem o Brasil se resume ao Rio, a S.Paulo ou a Belo Horizonte. Estatistica recente considera o Recife a cidade mais violenta do Brasil.
Quanto ao video não vou fazer mais comentários vou enviar em separado o dito cujo e manter no mesmo o comentário feito por uma amiga brasileira.
Se puderem ouçam umas noites de poesia de Catulo da Paixão Cearense, declamadas no linguarejar matuto, de preferência observando o luar do Sertão.
Quem o faz uma vez jamais esquece.
Um abraço costeleta
Antonio Palmeiro
NOTA: - Manda uma foto, em anexo, via e-mail

DO CORREIO

Para si, prezado amigo Rogério
O meu abraço e muito obrigada,
por ter transmitido, ao nosso amigo
Comum, Maurício Severo, o meu "recado".

Para si, meu especial amigo, Maurício,
Não sei como lhe agradecer, tanta dedicação
E fomentar, com sinceridade a minha simples poesia, muito obrigada.
um grande abraço

Ao Senhor Professor João de Brito de Sousa.
não sei o que dizer.
mas sinto-me muito honrada, por
apreciar a minha modesta lírica,

Brevemente enviarei alguns textos
até breve saudações literárias
Prezado Senhor
Professor Alfredo
Foi, com muito agrado, que recebi a sua mensagem e agradeço o interesse pelos meus contos e crónicas, que enviarei brevemente.
um grande abraço
Maria Romana
25 de Outubro de 2009

POESIA


SONETOS IMPERFEITOS.

É a minha poesia em forma de soneto que não é soneto. Os aspectos fundamentais que privilegio são a mensagem, o ritmo, a musicalidade...Vou escrever a minha poesia, com amor. Gosto de escrever e devagabundear por aí.
Queria deixar registada aqui, no SONETOS IMPERFEITOS, a minha forma de pensar. Já publiquei um livro de ficção que foi um sucesso relativo junto daqueles que me conhecem.
Verifiquei que ainda não ultrapassei as fronteiras de mim. Mas venderam-se alguns exemplares e estou motivado para continuar.
A poesia em geral e a minha poesia em particular é um gesto, é uma atitude, é a vontade de dizer, é escrever uma ideia, é a forma de comunicar que mais me adapto.
Tenho centenas de poemas feitos que me agradam a mim e a mais alguém, mas que não agradam nada a outros. Mas eu quero escrever assim, bem ou mal, porque isso é sempre reconfortante ...
Escrever poesia, ou escrever a minha poesia, para mim é tão importante como sentir o cheiro de uma flor, como tirar partido dabeleza de uma paisagem, como observar a harmonia de uma frase, como verificar a serenidade de uma mulher bonita, como observar a leveza de uma corsa, como ter consciência da visível bondade de Jesus Cristo, como absorver uma verdade filosófica ou uma pintura de Picasso, ou observar a ingenuidade do Samona, meu cozinheiro na Companhia de Diamantes em Angola, de 1983/ 87.
A poesia traz-nos para dentro da vida e ajuda-nos a perceber essa mesma vida, o lado bom e o lado mau. Com a poesia apercebemo-nos do equilíbrio necessário para nos colocarmos diante das dificuldades do dia a dia. A poesia ajuda-nos a ser melhores pessoas porque nos traz verdades na sua forma mentirosa de estar. A poesia pode não nos tornar felizes mas evita que possamos ser infelizes, como disse Mário Vargas Llosa.
Os poetas às vezes mentem.
O poeta é um fingidor, disse Pessoa.
Tenho inveja dos poetas disse António Lobo Antunes.
Trago sempre um poema no bolso disse Miguel Veiga
Não conto as sílabas. Quero é dizer coisas em verso.
E com amor.
Um dos SONETOS, inseridos na obra
ESCREVER
(à minha professora primária)

É uma necessidade que gosto de satisfazer.
E que sinto me ajuda a ser melhor pessoa....
E porque é isso mesmo o que eu quero ser
Sinto-me orgulhoso de possuir essa coisa boa
Que é a vontade e necessidade de expressar
O desacordo que há entre mim e a humanidade
Porque eu gostava que pudéssemos mostrar
Que entre todos nós haveria solidariedade...
Camarada... sim... por que não... qual é o mal?..
Não se assustem amigos… o homem é igual …
E o caminho a percorrer é apenas o da verdade..
Um homem que se preza terá de ser honrado...
E isso, na família e escola deverá ser ensinado
Para nas obrigações e direitos haver igualdade.

João Brito Sousa

BILHETES POSTAIS ILUSTRADOS

Os espaços urbanos evoluem lentamente.
O registo da transformação de toda uma área delimitada por ruas, jardins ou praças, evidencia-se e acentua-se melhor, quando nos cruzamos com um antigo Bilhete Postal Ilustrado, que um mero acaso nos fez encontrar no fundo de um qualquer baú, descoberto por entre teias de aranha, num escurecido e esconso canto de um velho sótão.
Eles não só historiam a evolução do espaço urbano; aquela rua, aquela janela, porta, ou ainda aquele resistente banco de jardim, mas também nos transportam a um passado, por nós intensamente vivido e que só agora mais amadurecidos, tomamos consciência, que a adolescência e a sua ingenuidade, tornavam imortais, aqueles efémeros momentos.
Essa frustrada imortalidade, faz com que eu os contemple com um comovente encanto.
Que pormenor encerra este postal, que nos conduz a um velho amigo costeleta, que, infelizmente já não se encontra entre nós?
Qual a particularidade que o faz recordar?
Quem era o costeleta?
Jaime Cabrita Reis

sábado, 24 de outubro de 2009

QUANDO ALGUÉM PARTE

Ribeiro Saias
Partiu
Esposo da nossa associada Marta Saias
O corpo encontra-se em câmara ardente na Igreja de Olhão.
O funeral realiza-se amanhã, dia 25, pelas 10 horas.
Para a viúva, familia e amigos as nossas condolências

DESCANSA EM PAZ
A Direcção

DO CORREIO

Caro senhor MODERADOR
Viva.
Se achar bem publique o texto que vai a segur.
Ab.
João Brito Sousa
NOTAS
VIVA A UNIDADE COSTELETA
1- MODERADOR DO BLOGUE.
Registo com agrado a intervenção do senhor Moderador do Blogue, pois deverá ser pessoa experiente, uma vez que quando é preciso, actua e bem. É esta a leitura que faço do seu trabalho, à frente deste espaço de comunicação entre antigos alunos. E isto é para ser dito.
Não o conheço, não sei oficialmente quem é, mas, pela conduta que tem vindo a mostrar, tem todo o meu aval para o desempenho do “cargo”.
Devo referir, que já eliminou um comentário meu, que, vi depois, com toda a propriedade.
Ninguém me pediu opinião sobre o trabalho deste colega. Fui eu que, unilateralmente a quis dar. E queria pedir-lhe duas coisas:
A – Gostei das suas intervenções escritas e por isso, vinha solicitar-lhe que interviesse mais, porque acho que tem um sentido de justiça muito apurado. E se fosse possível actuar fora do campo da moderação, gostava de ler comentários seus, como o tem feito.
B – Nunca perca de vista a unidade costeleta.
È tudo.
Aceite um abraço.
2 – Aos COLEGAS,
MONTINHO e MANUEL GUERREIRO
Viva.
Fiquei de dizer qualquer coisa a estes dois colegas. Em primeiro lugar, direi que não os conheço, mas, o facto não é impeditivo de comunicarmos. Estou aqui porque falaram de mim. Todavia, por agora, queria deixar-vos apenas os meus melhores cumprimentos e pedir-lhes que intervenham mais. Se possível, com a mística costeleta.
Ab.
3 – Ao Presidente JOAQUIM TEIXEIRA.
Quero dizer-lhe, senhor Presidente, que me caiu muito bem a ideia de seleccionar os textos, que o senhor ou alguém de sua confiança, considerar os melhores, para os reunir em colectânea.
Ab.
4 – Estou a ultimar o meu livro de poesia SONETOS IMPERFEITOS que
pretendo lançar em Dezembro, se possível e venho solicitar autilização deste espaço para o publicitar.
Saudações costeletas.
JOÃO BRITO SOUSA
NOTA DO MODERADOR:-Não me conhece, porque, o meu trabalho é "incógnito". Foi assim que aceitei ser moderador. Eliminei um comentário seu, ou fosse de outrem, porque tinha uma inclinação política sobre um texto do colaborador António Encarnação. Sobre a "Colectânea", já está a ser compilada com trabalhos de bom nível aqui publicados. Roma e Pavia...; escrever uns artigos, já estava no meu pensamento.
Quanto à minha pessoa, esqueçam que eu existo. Como dizia alguém: - "Deixem-me trabalhar".
Um abraço.
P'la Direcção
O Moderador.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

LÁGRIMAS

De Alfredo Mingau


Naquela manhã Braulio, tomando o pequeno-almoço com a esposa Virgínia, informou-a que estaria ausente por dois dias.- Onde te deslocas desta vez? Perguntou a esposa

Tenho umas reuniões importantes em Madrid, com vários clientes; assuntos muito importantes para a empresa. Desligarei o telefone para não ser incomodado. Não posso perder tempo, porque, vai ser muito apertado.

Despedindo-se, e pegando na sua pasta, Braulio Salvador entrou na garagem e saiu ao volante do seu Mercedes.

O empresário fizera os seus estudos na Escola Tomás Cabreira onde completara o 12º ano do Curso de Secretariado.

Com algum dinheiro herdado de seus pais, Braulio estabelecera-se como comerciante à frente dos destinos da sua empresa, comercializando na área de informática. A empresa vinha progredindo nos sectores primário e terciário. No primário como fabricante de “CHIPs” de memória para computadores pessoais e produzindo programas idealizados na empresa ou acedendo a encomendas dos seus clientes; no terciário, vendendo os seus produtos e outros que se relacionam com informática. Tanto o fabrico como a programação, tinham boa aceitação no mercado e a empresa, com uma dezena de empregados, mantinha-se com um bom ritmo de comercialização e uma boa perspectiva no futuro.

Dois dias depois da partida do marido, já perto do meio-dia, estava Virgínia Salvador no seu jardim a tratar das suas flores, quando o telefone tocou. Dirigiu-se apressada para a sala, levantou o auscultador e atendeu, “estou”. Do outro lado da linha, uma voz arrastada perguntou:

- E da casa do senhor Braulio Salvador?

- Sim, o que deseja?

- Desculpe incomodar, minha senhora, mas... como direi... Estou a falar da morgue e necessitava que alguém viesse identificar um corpo na sala mortuária, cujos documentos encontrados no morto dizem tratar-se de Braulio Salvador.

- Repita, por favor!

- Queremos ter a certeza de que o cadáver que se encontra aqui na morgue é do senhor Braulio Salvador.

Virgínia deixou cair o telefone, lentamente sentou-se numa cadeira e ficou estática, com o olhar no infinito.

- Está! Está! Ouvia-se a voz no telefone caído no chão.

Neste momento a porta da rua abre-se, entrando na sala Manuel Silva, sobrinho de Virgínia; estacou observando a tia que, sentada e com o olhar fixo, soluçava com uma lágrima a escorrer pelo rosto. Carinhosamente, sentando-se ao seu lado, perguntou:

- O que se passa tia, porque chora?

Com a voz embargada, titubeou

:- O tio... Manuel... o tio está morto… na morgue…, é preciso lá ir, por favor Manuel.

- Acalme-se tia, pode ser engano, eu vou saber.

Na morgue, o funcionário conduziu-o a uma sala fria e parou junto de um corpo, em cima da mesa de pedra, tapado com um lençol. Destapou.

- Reconhece?

Com a voz embargada pela comoção, fixando o olhar no rosto do morto, respondeu

- Não... não conheço!

- Vejamos este desta mesa, disse o funcionário, destapando o cadáver.

- Não... não sei quem é.

- Bem, só nos resta este.

E preparava-se para o destapar quando uma pessoa entra na sala exclamando:

- João, venha cá, tenho um assunto urgente e tenho pouco tempo.

O funcionário, olhando Manuel, disse:

- Verifique este, apontando para outra mesa, enquanto atendo o Dr. Delegado de Saúde.

Manuel aproximou-se da mesa, e comovido pela situação, lentamente começou a levantar o lençol pondo à vista uma carteira. Agarrou-a, abriu-a, e verificou que os documentos pertenciam ao seu tio; não se conteve, uma lágrima brotou e um soluço embargou-lhe a voz e, dirigindo-se ao funcionário que se aproximara:

- É de facto o meu tio, não tenho coragem para lhe ver o rosto.

- Muito bem, devem contactar uma agência funerária, para tratar dos trâmites legais e levantarem o corpo. Já aqui tenho o óbito assinado pelo Dr Delegado de saúde.

- Como foi que isto se deu? Perguntou Manuel.

- Segundo testemunhas, este senhor tropeçou na calçada e caiu desamparado, batendo com a cabeça no degrau de uma porta. Morte instantânea. O INEM não pode fazer nada.

Manuel saiu, curvado pela dor. Tinha uma grande estima pelo tio e era, por assim dizer, o braço direito na parte administrativa da empresa.

Passou por uma agência funerária e, logo de seguida, dirigiu-se para casa para fazer companhia à tia naquela hora de amargura.

Duas horas depois destes acontecimentos, a agência funerária telefonou, informando que tudo tinha sido tratado e que o corpo se encontrava na Igreja da Misericórdia, em câmara ardente.

Informada pelo sobrinho, Virgínia vestiu roupa de cor escura e desceu as escadas que conduziam à sala, onde o sobrinho aguardava.

- Vamos Manuel, disse, dirigindo-se para a porta da rua, sobraçando um bouquet de flores que colhera do jardim.

Abrindo a porta, Virgínia ficou estática, as flores caíram no chão; na sua frente com a chave na mão para abrir a porta, estava o marido.

- Salvador! Gritou Virgínia lançando-se nos seus braços, enquanto lágrimas de alegria corriam pelo rosto.

Já na sala, sentados no sofá, perante a admiração do sobrinho, tudo se esclareceu.

- À saída da empresa, quando me dirigia para o estacionamento, um indivíduo deu-me um encontrão, antes de entrar no carro. Depois dei por falta da carteira. Portanto o morto deve ser o ladrão. Coitado!

- A culpa também foi minha tio, disse o sobrinho, quando vi a carteira, não tive coragem para ver o rosto.

- Tantas lágrimas que eu chorei, Salvador! Tantas lágrimas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A ENTREVISTA DE A. LOBO ANTUNES

PONTO DE VISTA
O escritor António Lobo Antunes é da minha idade. É um intelectual e pessoa da cultura. Ouvi a entrevista que deu à jornalista Judite de Sousa na RTP 1 e vou deixar aqui a minha opinião sobre ela.
A.L. Antunes tem uma forte presença televisiva. É poderoso. Disse algumas coisas que não entendi, outras com que não estou de acordo e outras fantásticas.
Literariamente não tenho por ele admiração por aí além, aliás, tenho muito pouca, porque não sei ler os seus livros. Talvez porque ele nunca me ensinou a lê-los. É ele que diz: o autor deverá ensinar os seus leitores a ler, porque ler é tão difícil ou mais do que escrever.
Uma vez, estive com ele, numa sessão de autógrafos num Shoping da cidade do Porto e, além do autógrafo no livro que lhe pedi, pedi-lhe também uma entrevista, para um dos jornais do Algarve onde escrevo.
Disse-lhe, António, vc é pessoa para me dar uma entrevista? Sabe, estou a começar no jornalismo e gostava de… E ele, olhando-me fixamente e depois virando a cara para o lado, onde estava um amigo, meio a sorrir, disse-me, já abri a boca de mais.
Nestas respostas curtas o A.L.Antunes é excepcional.
Na entrevista, foi brilhante naquela cena do alentejano, seu colega no Hospital, que, com o colarinho abotoado e sem gravata, quando era chamado para ser visto pelo médico, avançava e, naquela camisa branca, sem gravata, o António via a gravata mais linda do mundo.
Este é o A.L. Antunes da televisão, enquanto entrevistado. Domina o palco por completo, conta histórias dramáticas, aguenta-se e não chora. Reparei nisso. Estamos a falar do homem.
Do escritor, não entendendo muitas coisas do que disse, acho que não esteve bem, apesar de demonstrar uma boa cultura. Escreve 11 horas e tal, folga um pouco aos sábados e recomeça aos domingos.
Não é regra a seguir, penso eu.
Diz que tem um grupo de amigos, que se juntam à quinta feira e não falam de mulheres, política e religião. Não acho bem, porque o escritor tem que estar disponível para falar de tudo, goste ou não.
Beijam-se entre amigos. Diz que é bom beijar um homem. Hum !!!...
Todavia, na sua literatura há um objectivo; estudar o homem, a alma eo coração. Ele não disse isto assim mesmo; disse-o mais ou menos. Mas eu penso que é isso.
Pareceu-me um homem só e não se vive para estar só. É errado. Agora éamigo de Deus, com quem aliás às vezes está em desacordo. Nada a opor.
Ele e Saramago, deu para ver que não se entendem. Não gostei do que disse. E duma maneira geral também não.
Disse-me há dias o Norberto Cunha que o António está a perder leitores. Dá-me essa ideia também. Não sei bem porquê…
Todavia, gosto dele na crónica curta da Visão.
Em resumo, GOSTEI MENOS DO QUE ESPERAVA. E QUAL A OPINIÃO DOS COSTELETAS?
João Brito Sousa