segunda-feira, 5 de outubro de 2009

FROM BRASIL


Prezado amigo
JBSouza

Espero que esteja tudo bem com o Sr.


Tenho lido as crónicas do Costeleta Alfredo Mingau sobre a Pesca do Atum , e aqui envio alguns complementos relacionados com a mesma !

A PESCA DO ATUM E O PEQUENO CONTRABANDO

No Início da decada de 50 , morei na antiga Praia dos Estudantes , e convivi com pessoas ligadas á Faina do Atum , que de lá Partiam em Lanchas para o Arraial Ferreira Neto , para a faina da Pesca iniciada com o Atum de Direito quando passavam na sua Rota para a desova !
E o de Revez ao voltarem para o Atlântico , a diferença era que o último vinha mais magro !

Em Faro embora visitasse os Barracões da armação, a actividade já não é do meu tempo , Vi sim numa visita de Estudo da Escola ao Museu da Marinha na Capitania que ficava no Largo da Sé , uma Miniatura do Sistema de redes para a captura do Atum !

Na generalidade os Pescadores trabalhavam no Inverno nas lidas marítimas , utilizando Merjonas de Arame , Alcatruzes de barro para os Polvos ; Covos de Verga para os Chocos , se deslocando em Lanchas á Vela , e também na apanha da ameijoa e mariscos alguns em botes !

Barcos maiores motorizados além dessas artes também praticavam a pesca com redes a que designavam de "Sacada " , os conhecidos na época era o Herculano na Praia dos estudantes e o Brazinho no Clalé das Canas !

O Contrabando aparecia pela apanha ao largo da Costa que continuava na de Espanha de Cortiça utilizada como boias onde as redes do Atum se mantinham ao Nivel da água . Muitas se soltavam das redes e acabavam nas Praias !

Naturalmente que os armadores não se preocupavam em as recolher talvez por devido ás correntes se deslocarem dezenas de quilómetros , e aí não se saber de quem eram as mesmas !

Os apanhadores ganhavam bem no entanto era ilegal , considerado como Contrabando , E na Espanha se apanhados ficavam Presos alguns dias !

Na Região de Faro , tinham a Guarda Fiscal na vigilância , no entanto não existindo qualquer esatística se pode deduzir que dava certo em 90 por centos das Situações !

E quando algo corria mal geralmente era apanhado o Produto , enquanto os intervenientes fujiam.

Na época a Industia da Cortiça representava muitas centenas de empregos nas fábricas conhecidas como do Fritz ( ainda suponho que existam os armazéns desactivados ;: a do António Cosp ( em que um dos Sócios era o Pai do Adão que foi meu colega de Turma e desconheço o rastro ) actualmente estão lá instalados os Serviços da Segurança Social ; ao lado a fabrica do Espanhol ; subindo á direita a fábrica do Soares , com a venda da Joaquina no final da rua ! Virando á Direita se encontrava uma pequena fábrica que receptava a cortiça proveniente da Pesca do Atum .

Também tinha a fábrica do Caiado na Estrada Senhora da saúde e mais de uma dezena de pequenas fabriquetas !

Embora nada tenha a ver com o Atum , o pequeno Contrabando continuava com a venda do Polvo que os pescadores vendiam directamente ás Secas , assim como outros peixes para não pagar os Impostos na Lota .

Tudo isso era facilitado porque o contingente da guarda fiscal era pequeno , e fácilmente os infractores sabiam onde eles se encontravam nas suas patrulhas e naturalmente sendo pessoas simpáticas não tinham o apoio do pessoal ligado á vida marítima , nem o transporte ou equipamento de contacto que existe na actualidade numa época em que as transmissões na maioria era pelo Código de Morse !

Outra situação de Contrabando , os Arrostões Espanhóis com motores a Carvão e grandes chaminés que de tempos a tempos era apanhados pelos barcos da Marinha permanente em Faro , a Azevia e a Bicuda !

Nessa época o camarão apreendido vendido a Baixo preço era uma chance que muita gente da cidade tinha de o Comer !

Me recordo da venda do Estanqueiro no Largo do Pé da Cruz onde posso falar que peguei uma indisgestão do mesmo , pelo que passado mais de 50 anos ainda não o aprecio se for cozido !

Desses Guardas me recordo do Cachumbeta e outros com quem passava longas horas falando , enquanto passava os horários das Rondas !

Se o meu amigo verificar que existe interesse em publicar no Blog tudo bem, fica ao vosso critério !

Um abraço .
António

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro António.

Bela prosa. A malta de Estoi de hoje terá pedalada para ensaiar um texto destes.

Excelentes recordações.

Este espaço estará sempre disponível para acolher as tuas crónicas..

Manda mais.

Ab.

João Brito Sousa

Anónimo disse...

Belo Texto,

Estas recordações são vivências da juventude! De enaltecer a boa memória desmonstrada!
Recordo os nomes destas e outras fábricas farenses que ao tempo empregavam na verdade muita gente, embora mal remunerada. Eram os tempos!
Conheci e ainda conheço, por continuarem felizmente entre nós, pessoas que foram empregadas nessas fábricas.
Gostei do seu texto.

Muito obrigado e esperamos por mais

Cumprimentos

AGabadinho