terça-feira, 27 de outubro de 2009

OS COSTELETAS E A SUA ESCOLA - II
Dactilografia e caligrafia, sempre andaram de mão dada.
Mestre Carolino e Profª. Mariana, obviamente que não! Só conviviam na sala do corpo docente, como todos os professores, nos intervalos das aulas. Lembram-se, no primeiro andar ao cima das escadas, virávamos à direita e ao meio do corredor lá estavam as entradas para a sala dos nossos professores. Com alguma frequência chegavam dois em simultâneo para entrar na sala, e era uma delícia ouvi-los:
Oh! Dr. se faz favor. Ora essa, primeiro o Dr.. Não senhor, imagine, o Dr. primeiro! Esta troca de delicadezas por vezes prolongava-se por vários segundos e a rapaziada a divertir-se com a cena.
Voltando ao tema do texto: Uma história numa aula de caligrafia, com a Profª. Mariana.
A entrada na sala de aula, cuja turma era mista, era acompanhada com o trautear da canção "Mariana, lá da serra, deixa o marujo ir à vela...", tão em voga na altura.
A minha carteira, tendo como parceiro o José Felix, ficava na fila logo à entrada do lado esquerdo, e era, se a memória não me falha, a quarta. Ocupava o lugar de acesso ao corredor que separava a fila vizinha de carteiras. Na segunda carteira da referida fila, e do mesmo lado do corredor, sentava-se uma colega, que por razões que mais adiante se depreenderá, não vou escrever o seu nome verdadeiro, antes porém tratá-la por Helena.
A referida colega costeleta, era o que na altura se caracterizava, por uma "estampa" de moça. Bonita, elegante, bem falante e que vestia com bastante gosto. Em regra, usava saias plissadas, caracterizadas pelo elevado número de pequenas pregas, que necessitavam muito cuidado para não se amarrotar. A Helena, sempre com a preocupação de se manter impecavelmente vestida, levantava a saia bem alto para se sentar evitando assim que se amarrotasse. Este seu gesto, convidava-me de imediato a não desviar os olhos deste procedimento, e zas! via as cuecas da Helena. Que erotismo! Mas não ficava por este arregalar de olhos. Escrevia um bilhetinho que entregava à Helena, com os seguintes dizeres: Helena, vi-te as cuecas. São brancas (e informava a cor).
Esta cena repetiu-se imensas vezes até que a Helena se saturou desta brincadeira e resolveu agir.
Recebeu o bilhete com os tais dizeres, levantou-se da carteira a mais de 100 km/hora e denunciou-me à Profª. Mariana. O epílogo desta história, foi a suspensão de um dia, comunicada ao meu pai, na qualidade de encarregado de educação, e ainda hoje sinto o " traseiro" doído. Também passou a ser muito complicado nos tempos que se seguiram, olhar para a Helena ou outra Maria qualquer quando, ao sentar-se levantavam a saia por conforto ou prevenir as amarrotadelas.
Jorge Tavares
costeleta 1950/56

1 comentário:

Anónimo disse...

CARO JORGE,

No meu tempo era mestre Carolino e Maria da Graça.

A tua alma, vê-se claramente, está totalmente neste evocar de recordações.

Só a Escola nos dá esssa possibilidade de recordar.

A escola foi o tal lugar que nunca esquecemos, mesmo que tenha corrido mal...

Foste um malandreco para a Helena, mas remeto isso para o cesto das cenas prórias da época e da idade...

O que conheci de ti foi sempre de elevada atitude.

Reparo que andamos a fazer a mesma coisa. Recordar. Vou parar uma semana.Tu, continua, que estás no bom caminho...

Deixo-te um abraço pelas recordações. O resto que és capaz eu conheço.

Um saludo.

João BRITO sOUSA.