domingo, 29 de novembro de 2009

DO CORREIO ELECTRÓNICO


O destino manda e nós obedecemos


Tinha programado para hoje escrever sobre algo diferente, mas ontem à noite, antes de dormir, repetindo uma rotina de todas as sextas-feiras, fui ler o jornal “a Avezinha” do qual sou assinante. Trata-se, para quem não conheça, de um semanário algarvio, editado em Paderne e que cumpre com orgulho o seu ano 89.
Fui agradavelmente surpreendido na página 4 com um artigo de opinião com o título “Crise e esperança” e mais surpreendido ainda fiquei ao constatar que o autor era o nosso costeleta João Brito Sousa.
O artigo é brilhante. O meu objectivo não é comentar a ligação do João a Paderne, provavelmente até é natural de lá; mas sim, o meu envolvimento com aquela terra.
Eu nunca por lá tinha passado e não conhecia ninguém.
Quando cheguei ao Brasil e no primeiro dia de trabalho, numa empresa com raízes portuguesas, fui apresentado aos colegas. Depois da apresentação aproximou-se um colega que me perguntou: De onde és lá em Portugal?
- Disse-lhe sou “Alengarvio” e expliquei-lhe a minha ligação ao Alentejo e ao Algarve. Disse-me então; eu sou espanhol, o meu pai era de Sevilha e a minha mãe é de Tavira e tu hoje vais almoçar comigo, porque eu quero que conheças a minha mãe. Conheci então uma pessoa maravilhosa que me recebeu como se eu fosse um amigo de longa data.
À saída recomendou ao filho que me apresentasse ainda naquele dia a uns outros amigos, o que aconteceu ao fim da tarde.
Os novos amigos eram algarvios, proprietários de um bar e restaurante e eram cunhados, casados com duas irmãs.
As duas senhoras e um deles são de Paderne o outro é do Algoz, descobrimos de imediato amigos comuns e só consegui sair de lá com o compromisso de que o fim de semana seguinte seria passado na casa deles, convite obviamente extensivo à minha família.
Conheci nesse fim de semana a família Júdice. Durante quase 10 anos, que foi o tempo da minha aventura brasileira, a porta daquela família sempre esteve aberta para acolher no seu seio, a minha família. Foram todos os dias de Natal, todos os dias de Páscoa e quase todos os fins de semana. Só quem viveu fora do país avalia o que representou para nós este acolhimento.
Passados poucos meses após o meu regresso a Portugal, um dos casais veio de férias, de imediato fui a Paderne e conheci então a família na sua origem e a maior parte dos seus familiares. Foi nessa oportunidade que conheci uma pessoa maravilhosa, a Dona Amélia Júdice (Amelinha, para a família e para os amigos mais próximos).
No dia em que nos conhecemos fez-me de imediato assinante da Avezinha e deu-me os livros que já tinha publicado.
Eu ficava embevecido olhando o seu rosto sereno, o sorriso bondoso, a paz que transparecia. Ela contava-me como escrevia os seus versos, religiosamente publicados pelo jornal de que tanto gostava. Dizia-me então que sonhava, ou pensava quando estava deitada e que a primeira coisa que fazia ao levantar era escrever tudo o que ia na sua cabeça.
Meu caro João, será que a Amelinha, certamente a conheceste bem, não merecia o seu nome, numa rua da terra que tanto amava?
Foi assim a minha ligação a Paderne! A terra tem que ser boa, quando as pessoas o são. Notável o esforço e a dedicação de todos ao nível da cultura, num meio tão pequeno.
Um forte abraço costeleta
António Viegas Palmeiro

1 comentário:

Anónimo disse...

CARO AMIGO,

Quanto à minha crónica na Avezinha, o meu muito obrigado.

Quanto à poetisa AMELINHA, vou enviar texto em separado ao Moderador, para que o publique, se achar que tem crédenciais.

Quanto à Rua, falei com o Arménio Aleluia do jornal e de PADERNE.... e o melhor que se conseguiu é levar por diante uma festa, recitando-se alguns poemas da senhora.

E peço-te António que comeces a decorar já os versos do poema "A CASA ONDE EU NASCI"

ab.
João Brito Sousa