quarta-feira, 18 de novembro de 2009

RELEMBRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS



JOÃO LÚCIO

De Alfredo Mingau

Introdução

Várias vezes visitei o Parque de Campismo dos Bancários, em Marim, Concelho de Olhão, e várias vezes, todos os meses, a Associação dos Antigos Alunos da Escola Tomás Cabreira, juntava em convívio no restaurante do parque, todos os associados que desejassem confraternizar. E eu estive sempre presente naquelas reuniões comestíveis/convívio de Costeletas. E, olhando para fora do muro de arame do parque, via aquela casa, diferente de qualquer outra, ali implantada do lado nascente. Informei-me e disseram-me ser o “Palácio de João Lúcio.
Esta moradia construída em 1916 a que chamam o “Chalé de Marim” e que, tal como eu o fiz, qualquer pessoa o pode visitar por ter sido transformado em “ecoteca”. De arquitectura “simbolista”, existe um outro na Quinta da Regaleira, em Sintra.
O edifício tem três pisos de forma quadrangular sem frente nem traseira. Quatro escadarias, orientadas nos quatro pontos cardeais, marcam as entradas para o centro da habitação. A do Norte tem a forma de peixe, a do Sul guitarra; a de Nascente violino e a do Poente serpente.
O Norte simboliza a água; o Sul o fogo; o Nascente o ar e o Poente a Terra.
Cada sala interior tem a sua simbologia expressa em adornos e num poema. É a “Casa de João Lúcio”. O Poeta pouco tempo desfrutou da casa que concebeu para morar e inspirar-se na sua obra.
O Poeta

Natural de Olhão, onde nasceu a 4 de Julho de 1880. Sempre revelou uma grande inspiração pelas artes e poesia. Com 12 anos publicou os seus primeiros versos no periódico “O Olhanense”. Contrariou a vontade do pai que desejou que o filho estudasse Agronomia, decidindo-se cursar Direito em Coimbra.
Em Coimbra criou um periódico estudantil “Ecos da Academia”, tendo terminado os seus estudos em 1902 escrevendo a peça “Até que Enfim”.
Abriu um escritório em Olhão tornando-se um dos melhores advogados algarvios. Bom orador foi eleito deputado franquista em 1906 e foi Presidente da Câmara de Olhão. Depois da implantação da República em 1910, voltou a ser deputado pela monarquia, de quem era um grande conservador.
Considerado um poeta naturalista era um sonhador romântico.
Depois do acidente trágico que vitimou o seu filho varão, resolveu construir a casa descrita na introdução, para se refugiar em isolamento espiritual, naquele local da sua Quinta de Marim, que se dizia rico em lendas de mouras encantadas.
Entre as suas obras podemos apreciar: “O Meu Algarve”, “Nas Asas do Sonho”, “Espalhando Fantasmas”, “Impressões de viagem” e “Vento de Levante”.
João Lúcio faleceu em Olhão, em 1918, com 38 anos, vítima da “gripe pneumónica”

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