quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

FALANDO DE...

FIGURAS ALGARVIAS

ANTÓNIO RAMOS ROSA




Na Igualdade da Torrente

Na igualdade da torrente, uma só árvore,
palavras e pedras acolhendo
uma cabeça ao ritmo das vagas,
e uma sombra oval sobre as espáduas,
respirando lentamente o ar redondo,
os reflexos nos ramos, semelhanças
de um sopro, os anéis do dia,
sem fim nem centro a inacabada arca
que sobre o mar, errante, é a permanência.

António Ramos Rosa

O Poeta

António Víctor Ramos Rosa nasceu em Faro, 17 de Outubro de 1924, é um poeta português, ainda reconhecido como desenhador.
Ramos Rosa estudou em Faro, não tendo acabado o ensino secundário por questões de saúde. Em 1958 publica no jornal «A Voz de Loulé» o poema "Os dias, sem matéria". No mesmo ano sai o seu primeiro livro «O Grito Claro», n.º 1 da colecção de poesia «A Palavra», editada em Faro e dirigida pelo seu amigo e também poeta Casimiro de Brito. Ainda nesse ano inicia a publicação da revista «Cadernos do Meio-Dia», que em 1960 encerra a edição por ordem da polícia política.
Fez parte do MUD Juvenil.
O seu nome foi dado à Biblioteca Municipal de Faro
Esteve ligado às revistas Cadernos do Meio-Dia, Árvore e Cassiopeia. Tradutor, crítico literário, ensaísta e poeta. Além de uma grande depuração da palavra, reflecte sobre o fenómeno poético.
RC.



1 comentário:

Anónimo disse...

JUSTÍSSIMA EVOCAÇÃO

A um verdadeiro poeta, grande estudioso da língua portuguesa e investigador.

Penso que RR está ao nível dos melhores poetas portugueses contemporãneos, tanto quanto sei, de conversas tidas com o poeta Manuel Madeira, que faz o favor de ser meu amigo e grande conhecedor da obra de RR, seu companheiro e amigo, desde os tempos do MUD Juvenil.

Deixo os meus cumprimentos.

João Brito Sousa