domingo, 7 de março de 2010


As Folhas do Calendário

Indiferente a tudo o que me rodeava, completamente ausente, não sei por quanto tempo mas, um tempo que me pareceu longo, quase uma eternidade.
De repente, despertei e voltei à realidade, verifiquei então, que tinham passado apenas alguns minutos; ainda estremunhada, saí daquela apatia e fixei o calendário que estava sobre a minha secretária e apercebi-me pela primeira vez, com certa admiração, que as folhas deste iam sendo retiradas por mim, dia após dia, diminuindo o seu volume e os trezentos e sessenta e cinco dias de mais um ano, estavam prestes a chegar ao fim.
Foi nesse momento que compreendi melhor a função do calendário pois, não era, apenas, mera substituição de folhas. Mas, também de registos, alguns da maior importância ...
Reflectindo, profundamente, perguntei-me:
- " Quantos episódios da vida ... se passaram durante esse espaço de tempo em que estive sonolenta?
Quantas histórias ficaram no silêncio dos deuses?!
Quantas de tantas, outras coisas I"
Mas, outros calendários irão dar continuidade à contagem de dias, meses, anos, que condicionam a vida de cada ser, e com ela, os mais diversos aconte-cimentos.
Vidas que não darão fim a algum calendário ... mas, a movimentação deste far-se-á, sucessivamente ... Por vidas que serão substituídas por outras vidas, obviamente!.

Maria Romana..

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá colega Maria Romana
Adorei o seu trabalho, encanta-me a forma como escreve, a abordagem que faz a temas da vida e a sua disponibilidade para sonhar e fazer sonhar.
A ternura com que escreve tem o condão de nos lembrar que ainda mantemos intacta essa faculdade de sonhar.
Digo-lhe o mesmo que disse à colega Maria José Fraquesa, quero mais, não estejam tanto tempo sem nos brindar com estas autênticas pérolas.
Com amizade
Um abraço costeleta
António Palmeiro