segunda-feira, 15 de março de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO



VAMOS ARRANCAR O ESCALPE AO BULLYING


Esta coisa baptizada com um nome inglês só pode ser “coisa ruim”, porque se de Espanha “nem bom vento nem bom casamento” o que deixa em aberto a possibilidade de vir dos nossos vizinhos qualquer outra coisa que se aproveite, de Inglaterra então, nada vem que preste mas como bons moços que somos aceitamos tudo, ou seja: Há mais de duzentos anos que somos vítimas do “buling” praticado pelos ingleses e temos comido e calado.
Mas vamos ao que interessa. Acompanho com preocupação este fenómeno, (será fenómeno, ou descaso das autoridades, do Ministério, dos professores e tem que se dizer, dos pais e encarregados de educação?). A minha preocupação é maior porque tenho em casa um neto de 10 anos pelo qual sou responsável, apesar de graças a Deus ter pai e mãe.
É uma experiência muito interessante que me permite avaliar a escola de 3 gerações, o seja, a minha, a das minhas filhas e agora a dos meus netos.
Li e reli com a maior atenção o artigo do nosso colega e amigo Diogo e com o devido respeito pelo sofrimento que foi sem dúvida a consequência dos episódios que relata, parece-me existir alguma diferença em relação a esta praga que se assenhoreou das escolas actualmente.
Hoje tudo acontece nas barbas dos professores, dentro da escola, e com alguma complacência dos denominados, auxiliares de acção educativa, (os contínuos do nosso tempo) os quais assobiam para o ar, sabe-se lá porquê, ou talvez se saiba. No nosso tempo não era assim e se alguma coisa deste género existisse e chegasse ao conhecimento do “Banana” era uma aflição. Todos devem recordar o famoso “Banana” sub-director. (nunca foi meu professor), esta a primeira diferença que encontro. A outra é relacionada com a motivação.
Hoje a humilhação é o aspecto mais relevante, depois o espancamento.
É a transposição para dentro da escola de uma violência gratuita, que mais tarde irá gerar a formação de quadrilhas, as quais irão engrossar o crescente número de marginais a actuar na criminalidade violenta com que nos confrontamos diariamente.
Quando forem presos (se tiverem idade para isso) irão então frequentar um curso superior nas escolas do crime que são as prisões e os reformatórios.
Este não é um fenómeno de miséria porque tem entre os seus integrantes elementos cujos pais pertencem a denominada classe média.
Fui filho de professora, sou pai de duas professoras e tenho seis parentes próximos que são ou foram professores. Antes da minha mãe falecer fui 1 ano aluno dela e sei o que penei também, tendo inclusivamente que receber uma vez tratamento hospitalar, mas meu caro Diogo, isto agora é diferente, infelizmente para muito pior.
Lembro um nosso professor de desenho, o professor Batalha, que dava umas aulas de desenho espontâneo muito interessantes. Eram 2 horas, quase sempre numas amendoeiras entre o Liceu e a igreja de Santo António em que os últimos 30 minutos eram aproveitados para lutas individuais, dois a dois, sempre arbitradas pelo professor. Quando eu apanhava achava muito mau, quando batia já não achava tanto. Hoje reconheço que aquilo desenvolvia em nós um instinto de auto defesa. Quem sempre batia mais era um colega de nome Eurico (nunca mais soube dele) e que era interno da Casa dos Rapazes, era valente o “moce debo”.
É evidente que “esta coisa” não é exclusiva do nosso país, desta vez temos quem nos acompanhe, nem se verifica só nas escolas, atinge vários sectores da sociedade, é claro que nas crianças torna-se mais evidente pelas fragilidades inerentes e ao que parece. pelo abandono a que são votadas dentro da própria escola. Também não é só dos alunos, uma vez que noticias recentes referem o suicídio de um professor de uma escola do concelho de Sintra, pelas mesmas razões.
Não resisto a contar um episódio recente verificado com o meu neto, que frequenta o primeiro ano do secundário, o seja o actual 5º. Ano.
Apareceu em casa a queixar-se de que era empurrado na saída das aulas, sempre por dois coleguinhas que o provocavam, não era uma agressão mas sim uma provocação, até porque em termos de agressão as coisas complicavam-se, uma vez que o que não lhe falta é “cabedal”. A questão era outra e de imediato percebi que o que ele pretendia era “autorização” da minha parte para reagir.
Soube quem eram os dois miúdos, embora à partida já calculasse quem seriam, uma vez que este tipo de comportamento vem desde a primária, dirigi-me à directora de turma, explicando a situação. Vi claramente que a senhora ficou aflita e confessou que já não sabia o que fazer; prontifiquei-me a ajudar dado que fui fundador e Presidente da Associação de Pais durante vários anos o que me dá alguma autoridade moral e conhecimento das situações, uma vez que os alunos de hoje são em grande maioria filhos dos que eram alunos no tempo em que exerci esse cargo.
Um dos garotos de nacionalidade brasileira, (nada contra) tem um comportamento necessitando de um psicólogo urgente, fiz por encontrar a mãe que me disse:
- “Liga não, coisa de criança, eles sem entendjem depois”
- Ai ligo ligo, ou você faz alguma coisa para controlar o seu filho, ou eu participo à Comissão de Protecção de Menores em Risco.
Foi remédio santo em relação a esta criança, de facto em risco.
Mas a grande preocupação era e é na verdade a outra criança.
Trata-se de uma criança franzina e doente, já foi operada ao coração, é no entanto um diabo à solta. Tudo o que se possa imaginar ele já fez dentro daquela escola, segundo a directora de turma, os pais já foram chamados para comparecer em várias reuniões mas nunca aparecem, ele procura sempre as companhias dos mais corpulentos e mais velhos mas ele exerce a chefia, é um assunto para as autoridades resolverem, só se espera que não seja tarde demais. Na verdade esta criança é um risco grande para os seus colegas, dado o seu comportamento nunca se sabe quando algum perde a paciência e o agride, sendo uma incógnita o que poderá acontecer. Quais serão as sequelas para a saúde dele.
Termino com uma opinião, discutível como todas as opiniões:
Estes comportamentos, são o reflexo da sociedade que temos, os pais não têm tempo para falar com os filhos, compensam-nos fazendo-lhes todas as vontades em face desse comportamento perdem a autoridade para os repreender e são chantageados pelos filhos. No nosso tempo a educação era-nos dada em casa, a escola dava-nos a instrução e completava a educação. Mas fundamentalmente uma coisa que desapareceu da nossa sociedade, o RESPEITO, em todas as suas vertentes, enfim, perderam-se valores indispensáveis a uma sã convivência.
Não será uma geração rasca, mas tem muita gente rasca nesta geração.

Para todos um abraço costeleta

António Palmeiro

2 comentários:

Anónimo disse...

Palmeiro
pelo que vejo era da turma do Eurico que tambem não mais vi.
Então era da turma do José Braz Reis, ( O salva torrão) que era de Beja e do Carlos Alberto Gomes Figueiras?...se assim e´,somos do mesmo ano só que eu era do primeiro primeira e vocês do primeiro segunda?!...tambem tinhamos desenho com o professor Batalha, que era natural de ÉVORA,matematica com a dona Dora e ciencias com a dona Suzete?... o professor Batalha namoriscava a dona Suzete ou ,é minha imaginação?
Abraço e diga algo
Diogo

Antonio Palmeiro disse...

Caro Diogo

Todo o teu comentário está certo.
Sinceramente fiquei emocionado, fomos de facto da mesma turma.
A professora Dora Crispim foi embora sim e veio uma outra que salvo erro se chamava Natália, eu baixei substancialmente a minha nota a Matemática, a D. Dora era muito boa professora.
Belos tempos, mas ficaram há muito para trás.
Um abraço
Palmeiro