terça-feira, 13 de abril de 2010



SOBRE AS MINHAS CRÓNICAS
– E NÃO SÓ…
De Alfredo Mingau

Geralmente os cronistas tornam-se extremamente honestos quando sentem que aquilo que têm de dizer sobre si próprios é de uma importância monumental. Com a permissa da honestidade chego, pelo contrário, à completa imaturidade da minha pessoa; quer dizer, sou forçado a entrar numa loquacidade insuportável, simplesmente Iorque careço de habilidade de dizer onde acaba o capricho estatístico da composição da personalidade e começa a regra do comportamento da espécie.
Em vários campos é possível adquirir-se um conhecimento que é real, ou aquela espécie de conhecimento que apenas proporciona conforto espiritual, e os dois não precisam de estar de acordo. A diferenciação destes dois tipos de conhecimento em antropologia confina com o impossível. Se não conhecemos nada também como a nós mesmos é certamente por este motivo que renovamos constantemente a nossa exigência de conhecimento não existente, isto é, informação sobre o que criou o homem, enquanto antecipadamente excluímos, sem o compreendermos, a possibilidade da união do acidente puro com a mais profunda necessidade.
É curioso que as marcas da nossa imperfeição, que identificam as espécies, nunca tenham sido reconhecidas – a meu ver – por qualquer crença como aquilo que simplesmente são, ou seja, como os resultados de processos incertos; pelo contrário, praticamente todas as religiões (reparem que falo em todas, para não contrariar os Estatutos da Associação – não discrimino) concordam na convicção de que a imperfeição do homem é o resultado de um choque demiúrgico entre duas perfeições antagónicas, cada uma das quais “danificou” a outra. A minha concepção apenas parece maldosa se estiver errada…
Faço uso dos conhecimentos que possuo, associado às pesquisas, para escrever as minhas crónicas.
De certa forma também vem a prpósito a inoperância dos colaboradores do nosso Blogue, quando alguém afirmou que “o Blogue está vivo para continuar…” o que não parece.
AM

3 comentários:

jctavares@jcarmotavares.pt disse...

Meu estimado A. Mingau (?),

Tomei a decisão de não comentar textos, mesmo que a sua leitura seja bastante interessante, o seu conteudo de grande qualidade, desde que o escritor não se identifique. Quero ainda afirmar que respeito o anonimato, quem o pretenda utilizar, esperando tratamento recíproco para a minha decisão.
Porque alterei?
Justamente por sentir que o blogue não está bem e comungar da sua preocupação.
Perguntar-se-á porque tambem partilho do imobilismo em não escrever?
Em tempos escrevi e reafirmo: A satisfação de quem escreve é saber que tem leitores e que estes apreciam ou não a sua obra.
Nos blogues ou semelhantes, esse conhecimento manifesta-se atravez dos comentários, favoráveis ou desfavoráveis.Os textos sem comentários, são como jogos de futebol, em estádios sem espectadores.
Porque "entrei" algumas vezes nesses estádios e não me senti confortável, resolvi deixar de frequentá-los.

jorge tavares
costeleta 1950/56

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Não tenho comentário a fazer ao que o A. Mingau escreve. Entendo que não tenho “categoria” de apreciador para comentar ou criticar um texto que considero bem escrito e com sentido para reflexão.
Mas gostaria de comentar o teu comentário Jorge Tavares. Nunca considerei “anónimo” o A. Mingau mas sim “pseudónimo” que, na minha maneira de ver, é um colaborador que subscreve. É um indivíduo que tem colaborado bastante e que o seu contributo se insere na vanguarda daqueles que mais têm contribuído. Muito já escreveu e poucos comentaram as suas crónicas e algumas nem isso.
O comentário, Jorge, é uma satisfação para continuar, e ele tem continuado mesmo sem essa satisfação. Quem não gosta de ser apreciado?
Pseudónimo, ou anónimo como tu dizes, A. Mingau não deixa de ser uma mais valia para o nosso blogue,
Rogério Coelho

jctavares@jcarmotavares.pt disse...

Estimado Rogério,
A diversidade de opiniões é enriquecedora.
Se fôr práticada com ética, lealdade e respeito, atrevia-me a adjectivar de maravilhoso.
A intenção de comentar a ultima frase do texto do A. Mingau, está na minha linha de pensamento, isto é, a escassa participação de textos poderá ter como uma das causas,o silêncio de comentários.
Ainda a propósito de "pseudónimo" e "anónimo", não discordando do que afirmas, lembraria que "anonimato" tambem significa o SISTEMA DE ESCREVER OCULTANDO O NOME. Meu amigo a circunstância de entrar no blogue, para ler ou escrever, representa entrar na casa dos costeletas, local aonde todos nos conhecemos, ou procuramos conhecer-nos...tu e eu, somos o exemplo vivo desta minha afirmação.
Um grande abraço
jorge tavares
costeleta
1950/56
Nota:Linda reportagem fotográfica.