quarta-feira, 25 de agosto de 2010


701- ALFREDO-

O PROFESSOR PRIMÁRIO- ANOS 1939/40

Com muita saudade recordo sempre a minha Professora Primária, D. Maria Emília Pessanha, que dedicadamente leccionava na Rua Ataíde de Oliveira, no Bom João, numa vivenda adaptada a Escola e me preparou para os exames da 3ª e 4ª classes e Admisão aos Liceus, prova esta que era condição para ser "Bife".
Muitos dos nossos amigos Costeletas foram também seus alunos e dela terão também as melhores recordações do seu ensino.
A sua figura austera, grave, e rigorosa na disciplina e duma dedicção extraordinária ao ensino impressionava todos os seus alunos e Encarregados de Educação.
Os seus alunos, a maioria, conseguia sempre uma classificação invejável - a distinção- o que a enchia de satisfação e orgulho.
A dedicação era tanta que nas vésperas dos exames, aos sábados de manhã, levava sempre para sua casa o grupo de alunos queestavam propostos para as provas. As dúvidas eram tiradas numa das salas do 1º andar que habitava, no edifício do Distrito de Recrutamento e Mobilização (DRM), para que conseguissemos os melhores resultados.
Os Professores Primários foram sempre os melhores formadores de cidadãos. Eram eles que depois ds pais continuavam a modelar o seu carácter, lhes forneciam os ensinamentos e saber que os marcavam por toda a vida !! O Ensino Superior pouco ou nada mais fazia que dar-lhes uma formação universitária e profissional. As bases para se tornar um bom cidadão já lá estavam enraizadas desde os sete anitos !!
Conheci numa dessas idas a casa da D. Maria Emília Pessanha os seus dois filhos. O mais novo, ainda estudante do Liceu João de Deus, e o outro já estudante universitário de engenharia, em Lisboa.
Passaram-se anos, muitos, talvez quarenta ou cinquenta e uma bela tarde numa viagem de comboio de Lisboa para Cascais, sentado no banco da frente, lendo o seu jornal, vejo um cavalheiro já idoso e de cabelos brancos que me chamou à atenção. Os seus traços fisionómicos não me enganaram. Na minha frente estava o Engenheiro Pessanha que regressava a casa depois de mais um dia de trabalho na Câmara Municipal de Lisboa onde trabalhava. Não resisti. Recordei-lhe as minhas idas a sua casa como aluno da sua extremosa mãi, minha Professora do Ensino Primário.
Gostei do encontro e das recordações vividas, e ele também, e não escondemos um certo humedecimento que nos embaciava os olhos. Não tornei a vê-lo, nem sei se já nos deixou .

Estoril, 25 de Agosto de 2010

Maurício Severo Domingues

3 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Meu caro Maurício
Gostei de ler.
Rogério Coelho

Anónimo disse...

Maurioio,

Um extraordinátio texto carregado de verdade, de saudade, de competência e amizade, a tal ponto que este texto podia ser escrito por mim.

Sem mais palavras mas com um abraço apertado do

JBS

MAURICIO DOMINGUES disse...

- AO ROGÉRIO COELHO
- AO JOÃO BRITO E SOUSA,

O MEU MUITO OBRIGADO PELAS VOSSAS
PALAVRAS AMIGAS . SÃO ELAS QUE NOS
ESTIMULAM A RECORDAR VÉLHOS TEMPOS E
A CONTINUAR NESTE CONVÍVIO FRATERNO
ENTRE COSTELETAS.

UM ABRAÇO DE MUITA AMIZADE DO

MURÍCIO S. DOMINGUES