segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Absolvição pois claro!

Andava um juiz,
A estudar um processo,
Que tinha de julgar,
E pegava-lhe do avesso,

Que é como quem diz,
Era só o apalpar,
Pois era contrário a estudar,
Um tão grande calhamaço!

Para quê tanto trabalho,
Para fazer esta justiça,
Não bastará bater o malho,
Com um pouco de preguiça?

Trabalhar faz tanta dor,
Para quê tais aflições?
Se o arguido é um senhor,
Que só roubou 50 milhões!

Vou ver tudo com cautela,
Não faço juízos de valor,
O arguido é de ilustre parentela,
Filho dum rico comendador!

Que é dum ministro irmão,
Homem poderoso e influente,
Que farei? Condeno-o não?
Ou não me meto com tal gente?

Vou julgá-lo à minha maneira,
É melhor ondas não fazer,
Podem tramar-me na carreira,
E tal nunca poderá acontecer!

O mesmo outros fazem – adiante,
Sem nunca serem acusados,
Gente fina, respeitável, importante,
Que nem sequer são incomodados!

Assim, toda a prova valorada,
Nada, mesmo nada se tendo provado,
Não se tendo provado mesmo nada,
Mando-o em paz, absolvendo o acusado!

IN VENTOS DO SUL
Do Poeta Costeleta Dr. Manuel Inocêncio da Costa

1 comentário:

MAURÍCIO DOMINGUES disse...

DR.MANUEL INOCÊNCIO DA COSTA

FELICITO-O MUITO SINCERAMENTE PELA
EXPRESSIVA IMAGEM QUE NOS DÁ NO
SEU POEMA, E QUE REFLETE BEM A
REALIDADE E O ESTADO ACTUAL DA
NOSSA SOCIEDADE, PARTICULARMENTE
NO CAMPO DA JUSTIÇA .
BEM HAJA.

SAUDAÇÕES COSTELETAS DO MAURÍCIO
DOMINGUES.