quinta-feira, 9 de setembro de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO


Diogo Sousa para mim
mostrar detalhes 00:37 (12 horas atrás). (recebido no mail do blogue)

Na senda da diáspora….Quem sou eu para falar da diáspora? Mas tenho-a vivido. Tenho tentado compreender o que ía na alma e na vontade daqueles homens que levavam o nome de Portugal e a cruz de Cristo nas velas pelo globo. Comecei a admirala quando em Angola na função discutivel ( ou não!) de defender um Portugal uno e indivisivel do Minho a Timor em que eu e a minha geração fomos educados.Encontrava-me na N’Riquinha no Leste de Angola " as terras do fim do mundo"(quem se lembra?) quando me ocorreu ir umas férias à Cidade do Cabo. E fui. Chegado ao Cabo, fui até à Table Mount, sentei-me e pensei:- Bartolumeu Dias que também era algarvio viu este lugar! Pensei mais e ocorreu-me Camões, quando disse-Ditosa Patria que tais filhos pariu (pariu é meu!) e fui mais longe a Moussel Bay onde ele fez aguada para a viajem de Torna Volta acabando por cair em desgraça perante El Rei, por ter cedido à revolta da marinhagem e não ter concluído a viagem ate à India. E tentou três vezes!
Ditosa patria que tais filhos pariu. Daí fui a Lourenço Marques e o mesmo pensamento me acudiu..A partir daí dicidi que havia de visitar outras paragens onde esses valentes cavaleiros do mar haviam chegado.Chegado aos USA as oprtunidades surgiram e lá vou eu na senda de homens como os irmãos Diogo e Fernado Mendonca Corte Real, e fui visitar em Massachussetts a famosa Pedra de White que se encontra hoje no MIT e lá está a Cruz de Cristo, gravada toscamente e a cinzel. Não se lhe pode tocar. Está escudada em vidro.
Eram da nossa terra. Ainda hoje no Alto Rodes existem duas ruas com o seus nomes.Esses valentes bacalhoeiros de tempos idos que por ali aportaram, nao deixaram padrões. Trabalhavam por contra própria na faina do bacalhau.- limitaram-se a querer dizer – aqui estiveram portugueses . Ao que parece aproximaram-se demais de terra...e as correntes desconhecidas na altura impediram-nos de voltar
Ditosa Patria que tais filhos pariu. Fui a San Diego na outra costa e eis que ai se ergue uma estátua a outro português- Cabrilho! Também foi o primeiro por aquelas paragens do Pacifico.Segui o meu sonho,já quase obcessão, e, fui à Australia , visitei Darwin e outra vez o pensamento, o aperto da comuçãono peito:Aqui estiveram portugueses primeiro que ninguem- Nao deixaram marcas.Navegaram pela costa norte do continente australiano e deixaram o caminho aberto ao "grande" Cook, que mais tarde recebeu os louros por o ter encontrado.. E o pensamento ocorreu-meDitosa Patria que tais filhos pariu. Decidi ver com os meus olhos o que Camões havia visto e fui a Macau. – as lágrimas brotaram-me quando me sentei na gruta, pareceu-me mais uma anta nos dias de hoje onde o principe de todos os nossos poetas passou algum tempo sonhando e cantando a sua amada Violante de Andrade que tantos amargos de boca lhe causou e que ele continuou amando até aos derradeiros dias da sua vida.Fui a Malaca, sentei-me no pouco da muralha que ainda resta que os nossos valentes construiram. Está em mau estado de conservação mas ainda se vê a esfera armilar no Brazão de armas. Senti-me orgulhoso e tentei põr-me na pele daqueles homens que imagino rudes mas com uma vontade de aço, de antes quebrar que torcer.-Ditosa Patria que tais filhos pariu-Cheguei a Nagazaki e fiquei orgulhoso outra vez, aquela cidade outrora destruida pela bomba atómica, nasceu como um pequeno porto de pesca e comércio fundada pelos portugueses. No Japão deixamos pouco, mas a palavra restaurante que em japonês quase que se prenuncia igual, foi deixada por nós.A Formosa ( Taipé) fomos nós que a baptizamos quando por lá andamos! Quem diria! Ditosa Patria que tais filhos pariu. E por esse mundo fomos deixando, filhos, lágrimas e a vida. Vieira melhor que ninguém nos descreveu " um mundo para descobrir e...um palmo de terra para descansar"
Descrever obra feita é fácil, dificil foi executá-la.Esta saga da nossa gente continua hoje, mas disso falaremos outro dia. .
Diogo
Nota...este texto foi publicado no blogue "Braços ao alto" do nosso amigo João Manuel de Brito Sousa. Para ele o meu obrigado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu Caro,

Viva.
Um belo texto que já conhecia.

Ab.
João