terça-feira, 5 de outubro de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO

Versão actualizada da fábula
“O velho, o rapaz e o burro”


O cenário foi montado ali para os lados dos Salgueirais (tenho que descobrir onde é, para não perder o espectáculo).
Interpretes actuais: (Os anteriores todos nós conhecemos)
- O velho (Não preciso descrevê-lo uma vez que é bem conhecido de todos e continua com os mesmos “tiques” de sempre)
- O rapaz (Este personagem está mais velho, tem 34 anos, gosta dum tintol, ou brancol, é indiferente, dado que não é esquisito)
- O burro
(O caso do burro é grave, no programa é apresentado como uma burra baptizada de “Boneca” mas não esclarece se é “travesti” ou se fez alguma cirurgia de mudança de sexo.)
- O Juiz (Este novo personagem faz parte da evolução da fábula)
É justo que tenha havido evolução e também para que todos aprendam que com a Justiça não se brinca.

Vamos então ao enredo desta nova versão:

1º. Acto
O rapaz, ao fim de mais um dia de trabalho, resolve ir até à tasca do Ti Alberto que fica a uma légua do palacete onde mora, para dois dedos de conversa com os amigos e também molhar um pouco a garganta, que ninguém é de ferro.
Como tinha adquirido recentemente o último modelo de carroça (modelo exclusivo e que nos Salgueirais mais ninguém tinha) atrelou o burro (ou burra) à dita cuja e disparou em alta velocidade até à tasca, porque a garganta estava completamente seca. Consta nos autos que chegou a exceder 1,5 Km/hora, isto na viagem de ida.
Entretanto, o velho que não foi convidado, ficou furioso e prometeu ao diabo que havia de se vingar. Pensou e cumpriu.
Vestiu-se de autoridade e foi para a estrada esperar o regresso do rapaz. Já desesperava ao fim de umas largas horas sentado à beira da estrada, quando começou a ouvir as passadas lentas e pausadas da “Boneca”. Exultou de satisfação e pensou: Agora é que vamos ver o que acontece a quem não me convida para uma boa farra.
O velho manda parar o rapaz que desobedece, dado que vinha, não foi apurado se a dormir ou desmaiado. Para fazer respeitar a autoridade de que se vestiu, segurou o cabresto da “Boneca” que também ensonada parou. Trava-se então uma discussão com o velho bastante exaltado falando sozinho, porque o rapaz só respondia com roncos cada vez mais profundos.
Palavra puxa ronco, ronco puxa palavra e o velho decide levar o seu papel a sério, dando meia volta com a “Boneca”, tomam então o rumo das instalações da autoridade instalada.
Agora sim, as coisas pioraram: - A primeira dificuldade foi tirar o rapaz da carroça, foram precisos 3, um de cada lado e o terceiro atrás a amparar. Colocaram-lhe na boca um canudo branco, que ele achou que era um cigarro e por força queria fumar, só ouviu alguém muito longe dizer: - 3,26 e achou que era o tamanho da carroça! Entretanto o velho sorrateiramente sai de cena e o rapaz dorme o sono dos justos, finalmente.
2º. Acto
Alguns dias depois:
Local: Um Tribunal - Personagens: Um Juiz, uma advogada, o rapaz e à porta do lado de fora, claro, a “Boneca”
O Juiz começou o interrogatório e o rapaz lá respondia de cabeça baixa, ao que sabia, entretanto tinha entrado em cena o escrivão que tomava nota de tudo. A advogada, proferiu a frase do costume, Peço Justiça a Vossa Excelência e tudo se cumpriu dentro das normas.
Finalmente o veredicto: - O rapaz escuta em silêncio sem perceber muito bem. Está inibido de conduzir veículos com motor (felizmente a “Boneca” não tem motor). Uma coima (explicam-lhe depois que é uma multa) de 250,00 euros, tem que mandar arranjar os travões, colocar luzes na carroça, (não sei se na “Boneca” também) e prometer nunca mais conduzir fora de mão.
Assim o Meritíssimo encerrou o 2º.Acto.

Quando me retirava fui surpreendido por um 3º. Acto, com um novo cenário, novo local e novos personagens, a saber:
- Um politico
- De novo a autoridade
- Um BMW reluzente (muito aborrecido por ter sido obrigado a parar quando ainda embalava a mais de 160 Km/h)
Aparecem então mandando parar o bólide, depois de lhe tirarem uma fotografia para a posteridade, a tal autoridade.
Tudo se passa muito rapidamente: V. Excelência tem aí 120 eurinhos e isto fica tudo resolvido.
- Pois é, que chatice, não tenho dinheiro aqui!
- Não tem problema, como V. Excelência é de confiança, logo paga! Pode ir, V. Excelência deve estar com muita pressa, veja lá não se atrase!
- Ok!
- Boa noite a Vossa Excelência

Estas modernices insistem em actualizar as fábulas de antigamente.

Saudações
Ferreira Borges

2 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Boa história meu caro Borges.
Desde o principio do ano que tenho esperado pela sua promessa de colaboração no Blogiue.
Todos os Costeletas são vem vindos
Um abraço e mande mais
Rogério Coelho

MAURÍCIO DOMINGUES disse...

CARO FERREIRA BORGES,

ESTA BONITA HISTÓRIA, BEM CONTADA,
NÃO É DE FICÇÃO POIS AS PERSONAGENS
ESTÃO VIVAS E IDENTIFICADAS.
BELO RETRATO DO QUE SE PASSA NES-
TE JARDIM À BEIRA-MAR PLANTADO, NO
DIA A DIA VIVIDO PELOS PORTUGUESES.
AINDA BEM QUE A "BONECA" NÃO
TINHA MOTOR COMO O BMW DE SUA EXCE-
LÊNCIA, SENÃO QUAL SERIA A COIMA ?
GOSTEI DE REVIVER A NOTÍCIA NES-
TA BONITA MANEIRA DE DIZER DO COSTELETA FERREIRA BORGES.

UM ABRAÇO DO MAURÍCIO DOMINGUES