terça-feira, 19 de outubro de 2010

O CABO FERRADOR
Por João Brito Sousa

É uma personagem de António Lobo Antunes, naquelas crónicas curtas que escreve para a revista Visão. Aqui, sim, gosto muito. De ler um livro seu é mais difícil, porque não consigo. ALA deverá ser um bom escritor mas ainda não me ensinou como devo começar a ler as suas obras . E compete esse trabalho ao autor.

Todavia, não quero retirar-lhe o mérito que possui, porque é um escritor que vende e é credível internacionalmente, portanto.... tudo dito. Gosto das crónicas curtas que escreve na Visão, como disse e, na última, creio, fala do cabo ferrador, que possivelmente teria estado com ele na tropa.

Pego neste assunto, porque num romance que comecei a escrever e está à espera de vez para lhe voltar a pegar, precisava de saber como era isso de ferrar os animais e fui investigar. Achei piada á forma como aquilo se faz, pois o animal às tantas fica de pé, com assentamento nas mãos da frente e numa pata traseira e lá terá de se aguentar.

Por sua vez, o ferrador com o seu avental de couro, vai buscar a ferradura, adapta-a á pata do animal e leva-a à forja para amaciar o ferro e poder trabalhá-lo.

Ali para os lados da juventude do Jorge Tavares havia uma estrebaria, que recolhia animais e fazia esse trabalho.

Profissões que muitas vezes não damos importância mas que é indispensável saber. Será que a malta nova lhes pega? Como outras, a de tosquiador, a de capar animais e por aí fora.

O cabo ferrador de Lobo Antunes é especialista. Nisto e noutras coisas.

Deixo-vos este pequeno texto e um abraço.

JBS

2 comentários:

J.Elias Moreno disse...

Bom dia:
O meu amigo JBS(pecial)está permanentemente alerta, e comporta-se como um bom Piloto de longo curso.Sobre o ALA está tudo dito.
Mas o tema de hoje é interessante, até porque vem num momento em que se está a dar mais no cravo do que na ferradura, e a pobre da cavalgadura nunca mais toma andadura.
Sobre as estalagens de recolha das bestas,propriedade dos ferradores e destes necessários profissionais muito teríamos que escrever,mesmo não possuindo a verve e a Nobélica ambição do ALA.
Por estas alturas do ano,Feira de Sta Iria,as estalagens de Faro obtinham a sua ocupação máxima,e os seus ferradores não tinham mãos a medir, para tratar das patas das nossas amigas e prestimosas bestas.Os carros de mula ficavam ordenadamente estacionados nas ruas adjacentes e a taxa de estacionamento era zero cost, ou estaria já incluida na décima paga anualmente às Finanças pelo uso e abuso das terras, não sei bem!...coisas do Estado Novo que nunca compreendi muito bem, como aquela da licença de uso de isqueiro.Mas voltando à vaca fria: o ferrador era exímio também no tratamento de muitas doenças dos animais,preparador de "garrafadas" milagrosas para desempachar os buchos ou as prisões de ventre dos nossos amigos.Conheci alguns ferradores ilustres na cidade de Faro.O mais notável foi talvez o senhor Henrique Bernardo Ramos, também conhecido por General Mangueira, por ter sido um garboso chefe dos Bombeiros Municipais.Personalidade muito forte e controversa,foi durante muitos anos o Ensaiador do Rancho Folclórico de Faro.Depois haviam outros ferradores espalhados pela cidade; o João Madeirinha e o Daniel Góis na Rua do Alportel,o Porfírio e o José Bento na estrada da Circunvalação,onde também ficava o sr Henrique:

Está uma roda parada
à falta de mandador.
Mas agora cheguei eu,
Siga a roda com valor.

dancei isto na Grande Noite Algarvia no Coliseu dos Recreios,à cunha,onde também actuou a grande Amália que nessa noite brindou com champanhe Francês ao sucesso do corridinho e à arte deste ferrador,ferrenho defensor do Algarve e do seu Folclore.

J.Elias Moreno

Anónimo disse...

MEU CARO AMIGO.

Sabes bem da enorme consideração que tenho por ti, de quem espero sempre o melhor.

Este teu comentário tem direito a figurar como post mas mesmo assim comenta-lo-ei.

Deste modo.

O teu comentário vem valorizar a malta do campo, os montanheiros, como eles nos chamavam, mas nós nunca nos chateámos com isso.

Porque demos sempre uma resposta cabal e estivemos sempre à altura.

O teu comentário desperta sensações variadas trazendo uma grande mais valia ao universo costeleta.

O teu comentário é lindo.

Obrigado ó montanheiro do Chelote, que na Primária desenhavas o Opel Rekord e o Forrd Taunus.

Brilhantemente.

Aceita um abraço do
JBS