sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O CENTENÁRIO DA REPUBLICA
Por João Brito Sousa

“o blogue oscosteletas, deveria constituir-se como um espaço de aprendizagem”.

Jorge Tavares

Comemora-se no próximo dia 5, o primeiro centenário da implantação da
Republica.

ALGUMAS NOTAS.

A situação de Portugal dos princípios do século XX estava longe da civilização e da cultura, onde nessa altura, três homens em cada quatro e seis mulheres em cada sete não sabiam ler nem escrever. A escolaridade primária era gratuita e obrigatória (três anos). Mas mesmo assim o analfabetismo resistia, porque, apesar de obrigatória, os rapazes cedo começavam a ajudar os pais nos campos e a escola era esquecida. Numa população total de cinco milhões de pessoas em 1890,sete em dez, ainda viviam em freguesias rurais e dessas quase noventapor cento dependiam apenas da actividade agrícola.

Do ponto de vista político em 1901, João Franco assume a chefia do novo Partido Regenerador - Liberal. Desde há algum tempo que noExecutivo alternam com rigor pendular, os elencos dos dois grandes partidos portugueses, o Regenerador e o Progressista, liderados peloschefes, respectivamente, Hintze Ribeiro e José Luciano de Castro. É o Rotativismo, um termo inventado pelo próprio João Franco por essaaltura, onde os conteúdos programáticos dos partidos, pouco diferiam.
Ambos aceitam a monarquia não a desejando talvez, porque defendem a existência do Rei quando estão no poder e contestam-no quando sãoremetidos à oposição.
Uma vez implementada, Lisboa nos primeiros tempos da Republica, oferecia mesmo o aspecto de uma cidade em revolução. Os cafés regurgitavam de gente que animadamente discutia, soltavam asneiras edisparates, propunha alvitres de desafronta e do café Martinho aoRossio, saíram mesmo as primeiras manifestações. Aí se evocavam todas as noites o patriotismo intelectual. Escritores, poetas, jornalistas, médicos, advogados, funcionários e ainda militares, eram as pessoas que frequentavam essas tertúlias, que não hesitavam em tomar parte nessas intermináveis discussões. No País, depois da proclamação da Republica, ninguém podia proclamar-se monárquico e a prática política era exclusiva dos republicanos, que são simultaneamente situação eoposição. Os que resistem, fecham-se nos seus Palácios ou vão paraEspanha ou para o Brasil e são apelidados de «talassas». E aqui começa a situação a dificultar-se e o oportunismo político a surgir, chegando mesmo a juntarem-se moderados com radicais, anarquistas comdireitistas, republicanos com monárquicos.

A imagem de marca deixada pela Republica, é a de fazer a política popular, satisfazer a populaça que se apodera da rua. O Governo revela pouco conhecimento da realidade e as leis já publicadas provocam uma onda de greves e uma crise social que ameaça o jovem Regime Republicano. A lei do ensino, cria mil escolas novas e remete para as autarquias a responsabilidade de as custear, não dispondo estas de tais meios pelo que as escolas ficam como uma manifestação de vontade escrita num papel…

Quase tudo como hoje.
jbritosousa@sapo.pt

4 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Meu caro João
Falar-se do Centenário da República é inserir-se na história, e dar um contributo às comemorações do 5 de Outubro.
Como tal,creio que o texto não está inserido na proibição de se falar da política partidária actual.
A nossa História é um assunto relevante para ser contado e relembrado.
Rogério Coelho

Anónimo disse...

MANO,

Viva.

GOSTEI DO TEU COMENTÁRIO.

Ab.
JBS

Anónimo disse...

Sobre a republica eu escrevi isto aqui.Divagando sobre república e monarquia.

Monárquico por convicção sem sangue azul nem botões de punho, não posso deixar de reflectir no que vão ser os festejos, os fogos de artificio e as não verdades que já começaram a armar em arco com o 31 de Janeiro.
Num país profundamente monárquico, fundado, engrandecido e dirigido por grandes reis até certo ponto na história, a minoria republicana, alojada nas cidades, fez questão de assassinar o Rei e o príncipe herdeiro, dando depois o golpe do baú e ficando com o poder com uns senhores licenciados que foram tornados grandes heróis à custa da propaganda tendenciosa e escandalosa que sempre se segue às revoluções que têm sempre por fim ocultar os crimes cometidos em nome de um ideal neste caso o republicano.
Neste ponto a História é clara. Não importa de que lado nos coloquemos, mas é um facto indesmentível que os assassinos impuseram a nova forma politica que por agora nos rege.
De então para cá apareceu a nova figura que substituiria o rei constitucional. O presidente da republica, ficando tudo como dantes, os bandos políticos que não chegam a ser partidos, as negociatas entre políticos e banqueiros, o apelo ao povo e ás massas que quer é pão e circo com um sem fim de promessas nunca cumpridas mas que o Zé povinho esquece no dia seguinte.
Todos sabemos que Salazar é um produto da república, todos devíamos conhecer que o mal começa no final da monarquia e que se estende e continua reforçado na República, eminentemente medíocre tal como era o movimento que a derrubou.
Para que não diferisse muito do sistema deposto, a República inventou um presidente, deveria ser um dos seus iguais. E criou um "sujeito" igual ao Rei," um faz de conta".
O presidente ficaria sempre amarrado à constituição, um documento que lhe tira qualquer poder executivo. Que é mortífero. Que foi engendrado e votado na assembleia legislativa. O tal substituto do rei de “faz de conta”.
Restou a pompa e circunstancia com que é tratado criaram-lhe uma casa civil e outra militar , habita num palacio da monarquia mas....que não nos ajuda em nada ou, muito pouco.
Um abraço a todos....mesmo os que não concordam.
Diogo

Anónimo disse...

CARO DIOGO,

Viva.

O teu, é um texto que suscita estudo e investigação, do meu ponto de vista.

Porque é um texto com argumentos sérios.

Por agora, posso dizer-te apenas, que, só no regime republicano, o filho de um gasolineiro pode chegar a Presidente da República.

Com mais ou menos poderes constitucionais.

E é mais democrático e mais justo, penso eu.

Ab.
JBS