segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"Deus protege os inocentes, as crianças e os loucos, e, tomara, os poetas, para que esses possam sempre perceber e comentar tal facto"


A INOCÊNCIA DOS LOUCOS


Com exceção dos inocentes, das crianças e dos loucos, subentenda-se aqui os "bons loucos", é difícil encontrar alguém assim como ele, o meu amigo Sousa. Só não sei exatamente em qual dessas categorias ele seria inserido com mais acerto. Seria na categoria dos inocentes? Talvez, apesar de ter mais de sessenta e cinco, como todo o homem maduro, avò de dois netos. Dono dessa inocência que faz a pessoa cantar para os netos dormirem, para os netos acordarem "ligados", e na impossibilidade de poder cantar para os filhos e netos dos outros dormirem e acordarem. Ele sabe aquele tipo de paz, de quando a gente fecha a cortina e não importa se o que bate na vidraça é o vento, a chuva ou o sol? É desse tipo, a inocência da qual me refiro. Tudo está bem de qualquer jeito, porque o mundo do inocente transborda mesmo é no coração.
Falando em bater no vidro, lembrei-me de que justamente com o Sousa aconteceu o seguinte: num trânsito de cidade -- pra não dizer infernal -- lá estava ele, dirigindo, com as crianças devidamente no banco de trás, enquanto no banco do passageiro, viajava a sua carteira. Obviamente, tratando-se do avò, eles cantarolavam alguma música junto com o rádio.
Eis que no semáforo vermelho, dois motoqueiros, um de cada lado do carro, param. O do lado do motorista, bate no vidro e o Sousa olha, achando um pouco estranho aquele homem, naquele calor, com aquela roupa toda e mais o capacete fechado. Não consegue entender o que ele diz. Também, com aquele capacete e o volume da música no rádio! Ele parece agitado e abre um pouco mais o vidro, sugerindo com um gesto para ele abrir o capacete. Ele levanta a viseira, e assim o percebe realmente irritado mas não entende o que diz. Então ele comenta: - Ta um grande calor? Ele insiste, apontando para o outro lado. Ele olha e nota que o outro vidro está meio abaixado e responde sorrindo: - O vidro está aberto! Obrigada moço! E começa a fechar os vidros, percebendo nesse momento que existe mais um motoqueiro, do outro lado do carro. O sinal abre e então os dois motoqueiros saem lado a lado, conversando. O neto de apenas sete anos lhe diz: - Avô, você não percebeu que ele te queria assaltar! - Imagina filho, não era nada disso, ele estava avisando que o vidro estava aberto!
Dias depois ele sabe pelo jornal: existem duplas de motoqueiros atacando naquele semáforo. Roubando os motoristas, principalmente mulheres e pessoas idosas, das quais eles "pedem" as bolsas e carteiras.
Mas será que ele se encaixaria mais na categoria criança? Talvez, já que brinca e conta histórias para crianças como se fosse uma delas!
Por fim, seria louco este meu amigo? Talvez... porque manter a inocência nos dias atuais, só de loucos!

Montinho
(Subscrevendo o pedido de JB “Não abandonem o Blogue!)

3 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Que tal Ermão?
Mais um "louco" que não quer abandonar o blogue
Rogério

Anónimo disse...

Moce óh Montinho, atão na ovistes dezer que de médique e de louque todes temes um pouque?
Olha e fica sabende, que nenguem sabe tude.Todes é que sabém.
olha e só más esta pa acabar:
CERTE...CERTE... Nâ á nhum .
Mas ainda te digue mas esta, gostei do pexe, mas o molho tava um pouco salgade.
Adés moce.
JEM

Anónimo disse...

Moce ó JEM olha dé, nã sô medique sô louque e fica sabende que vô detar más um caldinho pra passar o salgade.
Adés pra ti
Montinho