sexta-feira, 19 de novembro de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO

OS ARRIEIROS
Começo por agradecer ao amigo Victor de Jesus a informação que me enviou sobre o Xixo, conhecido por Chicharro.
Como escreveu em meados do Século XX muitas palavras da língua portuguesa se encontravam deturpadas nos conteúdos em parte devido ao isolamento rural numa época em que meios de transportes eram escassos, assim como os informativos, que levava a que fosse notada a forma de falar nas diversas localidades do Algarve a poucos quilometros de distancia, algumas apelidadas com nomes até bizarros ex: Loulé (Caceteiros); Faro (os carecas); Aldeia de Estoi (das bruxas); Olhão (dos melos) entre outros.

Foi o Chicharro que me trouxe há memória os Arrieiros (vendedores de Peixe), figuras típicas na época o equivalente à denominação em Lisboa de Varinas (Peixeiras) em que o destaque para a maioria das Pessoas do Algarve era a liberdade de falar soltando os Palavrões em Público, já que na nossa região nessa época não era exibido grande parte desse vocabulário.
Na generalidade os Arrieiros se deslocavam em suas bicicletas a distribuir os Carapaus, Sardinhas etc. depois foram evoluindo até ás peixarias ambulantes da atualidade.

Ao Carapau era dado o nome de Charro nas suas diversas variedades: Charro lírio; charro negrão; charrinho de gato; e os maiores charro do Alto que mais tarde vim a entender ser o chicharro, até existia a denominação de Carapau de corrida para adjetivação peculiar de alguns indivíduos.
Ao contrário dos outros os Charro do Alto eram vendidos ao Par e na época tinha grande consumo sendo utilizado também na forma de escalado (aberto pelas costas e salgado) era depois colocado a secar e ai tinham uma imitação do Bacalhau.

Os arrieiros nas suas limitações de transporte pouca variedade ofereciam aos clientes e raramente utilizavam balança.
No carapau e sardinha a contagem era pelas mãos que tiravam de cada vez 5 peixes o que perfazia cinco mãos um quarteirão, dez mãos meio cento e 20 mãos o cento. Não existindo outras condições de conservação além do sal, as compras eram para o consumo diário de acordo com os agregados familiares se situavam na generalidade em dúzia ou quarteirão.

Nunca Iria imaginar que o Chicharro fosse conhecido também como nome de uma Planta leguminosa, aqui no Brasil o vejo comprarem em latas de conserva na forma ralada em que os consumidores imaginam que seja uma variedade de Atum que paralelamente é vendido na mesma forma.
Mas vá lá explicar as diferenças para muitos que a sardinha só conhecem as de lata, é tempo perdido!

Saudações Costeletas
António Encarnação

3 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Meu caro Encarnação
No seu texto sobre "os griseus", parece-me ter sido o Romualdo que faou no "chixo" referido-se ao "chixaro", um grão muito saboroso que as familias de então cozinhavam com arroz. Hoje, o chixárro (carapau) é vendido nas bancas como carapau pequeno, médio e grande. Em Lisboa ao pequeno chamam-lhe "jaquinzinho". Nós, por cá, utilizamos o pequeno e o médio para o célebre "carapau limado".
O seu texto é um "hino" à recordação quer do "charrinho" quer do "arrieiro", este que já passou à história.
Um abraço (e vá mandando)
Rogério

MAURICIO DOMINGUES disse...

Caro Encarnação

Parece-me haver uma certa con-
fusão entre " CHICHARRO ",carapau,
e "CHÍCHARO" leguminosa, muito pa-
recida com o tremoço,achatada e de
côr amarelada clara que ainda hoje
é muito consumida pelas populações
do interior do País, especialmente
nas Beiras.

O griséu, que muita gente também
chama ervilha, tem uma vagem mais
arredondada, os bagos estão mais
juntos e são menos adocicados que
a "ERVILHA", de vagem achatada e
mais larga. A casca da ervilha
é mais tenra, e por ser doce por
vezes é aproveitada nos guizados de
carne , dando-lhe um paladar espe-
cial.
Ainda sobre o chícharo, a legu
minosa, aparece muito nas feiras e
mercados e o seu consumo é relati-
vamente grande .
Os outros termos devem ter nasci-
do do linguajar popular.

Cumprimenos do MAURÍCIO

romualdo.cavaco@sapo.pt disse...

"Griséus e Tamboril"
Lembrei-me de aditar que também eram
confeccionados a bordo das traineiras e servidos à tripulação em bacias de esmalte que só se utilizavam para esse efeito.
Em Portimão a tradição mandava assim.
Talvez os nossos colegas de Olhão possam dar uma ajudinha.
um abraço.
romualdo.