domingo, 21 de novembro de 2010

DO CORREIO ELECTRÓNICO


XARÉM

Actualmente faz parte da gastronomia, até em Faro já teve seu festival sobre o Xarém.
Naturalmente que hoje a elaboração é mais cuidada do que em meados do Século XX em que constava em mais de 50 por cento na alimentação das regiões Rurais e dos e classe média baixa e só alguns anos depois as pessoas que até aí consumiam como envergonhadas por ser comida de pobres, falavam que o Dr. Silva Nobre todos os dias comia um Prato de Papas de milho que lhe dava saúde e energia mesmo já avançado em idade.

Existia até aquela anedota do rapaz que foi convidado para ir na casa da namorada e a família para não ficar envergonhada pela apetite do rapaz o fizeram comer antes de sair considerável quantidade de charém.
Ao ser convidado para almoçar respondeu que já tinha comido em casa!
Perguntaram o que comeu assim de bom antes do almoço?
Foi Perdiz respondeu prontamente.
Bom concordaram os pais da namorada , a pinga bem o diz! (tratava-se de um pouco de papa que ao comer tinha caído para a camisa.)

Na Época antes do Inverno as famílias armazenavam em casa produtos alimentares que constava do milho, o trigo, feijão, batata doce, e batata normal da colheita do Outono, o azeite, sal, figo seco, depois tinham o Porco que criavam e consumia uma parte do milho na engorda final e os animais de capoeira para alguns finais de semana e dias especiais, enquanto na horta tinham o repolho e outras verduras que quase eram a totalidade da alimentação que complementavam com o café, açúcar, arroz , massa e pouco mais.

Segundo pesquisas o nome de Charém em árabe representa papas de milho .
Se o milho apareceu depois da descoberta da América quando os árabes já não se encontravam na península, ainda não pesquisei!

O milho geralmente era moído em casa num conjunto de mó com duas pedras semelhante a rodas com cerca de 40 cm. no comprimento, e ambas uma altura aproximada de 12 cm.
A de baixo completamente inteira com um espigão metálico no centro, enquanto a de cima tinha um abertura de cerca de 10 cm no centro e no lado inferior dois cortes laterais de cerca de 3cm, onde era colocada uma peça de madeira com um orifício central que dava para entrar no espigão da roda de baixo evitando que ficassem unidas, permitia que rodasse com o apoio de um pequeno cabo colocado num furo na pedra em cima próximo do lado exterior.
Aí entrava o milho que saía já moído entre ambas as rodas , naturalmente que as rodas tinham de como falavam ser de tempos a tempos picadas, consistia em fazer umas ranhuras equivalente a pequenos dentes que serviam para agarrar os grão e os movimentar enquanto eram esmagados. Aqui interessava que ao esmagar o grão ele não fosse triturado como nos denominados moinhos utilizados para rações de animais em que pelo bater nos grão as peças metálicas os trituram de forma que de acordo com o batimento se consegue uma farinha integral,
Ai o controle do Farelo e farinha sentia-se pela forma como saía que tinha a ver com a quantidade de grãos a ser moídos pela mó, o mesmo princípio dos moinhos de maré, azenhas, de vento ou mecânicos.

Feita a moagem era peneirado para separar o pó do farelo.
A forma de fazer o xarém se baseava na cozedura da farinha com água , na qual tinham de colocar com a mesma ainda fria e ir mexendo para não colar no fundo do Taxo ( panela ) ao iniciar a fervura saíam bolhas de ar que obrigavam a diminuir o calor para evitar o perigo de acidentes, poucos minutos e estava cozido .

Depois o tempero mais usado era de torresmos de toucinho e lingüiça que depois de frita era adicionado e mexido antes de esfriar.

Tinha quem comesse só puro temperado unicamente com sal, como permitia outras misturas de acordo com a imaginação e disponibilidades da cozinheira , quando deitavam berbigão, ameijoa, conquilha etc. a água do marisco evitava que depois de frio ficasse mais sólido, vi colocarem grão de bico e molho de caldeirada de sardinhas.

Aqui no Brasil há vinte anos morei numa cidade pequena com pouco mais de vinte mil habitantes consumia numa semana o equivalente ao consumo de Portugal durante um ano ! á Farinha de milho em pó chamam fubá e ao charén angu.
Aqui para nós detesto milho seja de que forma for mesmo verde , não como há mais de 60 anos e desconfio dos pratos Baianos com aqueles nomes estranhos que numa vez quase me serviram no Rio de Janeiro uma espécie de refeição quase semelhante ao serrabulho Minhoto.

De qualquer forma Bom Proveito

Saudações Costeletas
António Encarnação

1 comentário:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Ainda encontramos nalguns restaurantes de peixe grelhado o acompanhamento com xérem e batata cozida.Pode-se utilizar escrevendo das duas formas XÉREM OU XAREM.
Aqui, na minha casa, não dispensamos esse prato. Na festa do marisco aqui em Faro, com muitas "tasquinhas" a confeccionar toda a espécie de marisco, o xérem é um petisco caro (5 euros um pratinho pequeno - mil escudos) confeccionado com conquilhas.
Tenho em minha casa como decoração, as respectivas mós com as quais ajudava a minha mãe a moer o milho.
Foi publicado aqui no blogue um artigo do Alfredo Mingau sobre as PAPAS DE MILHO - xarem, com fotografias da utilização das mós e o respectivo tacho de cobre em que usuaLmente se cozia o xarém confeccionado com torresmos.
EU ADORO XARÉM
Um abraço
Rogério