quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

CERTIDÃO DE CASAMENTO DE
NATIVO GUINEENSE




Durante a minha segunda comissão militar na Guiné chefiei a Secretaria da Bateria de Artilharia de Campanha nº1, depois transformada em Grupo de Artilharia de Campanha, que instalou por todo o território inúmeras peças de Artilharia junto das unidades de Infantaria para lhes dar protecção.

Por determinação dos Comandos era obrigatória a entrega pelos militares nativos de documentos que comprovassem a  sua situação e estado civil, sem os quais não lhes era atribuido o Abono de Família, nem o aumento da dotação de arroz e outros género alimentícios que a Unidade concedia a esses militares e suas famílias.

O Soldado BRAIMA JALÓ, artilheiro destacado em Pirada, casou com MARIAMA UAGUÊ, em 28 de Maio de 1968, e como tal necessitou da respectiva certidão de casamento para apresentar na Secretaria da Unidade e, como casado, passaria e receber mais uma porção mensal de arroz, que a sua condição de militar casado tinha direito.

O original do documento ficou apenso ao seu processo individual, mas antes não resisti a fotocopia-lo para recordar mais tarde como funcionava a nossa Administração Civil na Guiné !



COM UM ABRAÇO DO MAURÍCIO SEVERO DOMINGUES

3 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Olá Maurício
Eu também estive na Guiné-Bissau.
A noiva era comprada pelo noivo antes da cerimónia de casamento.
E nos enterros do chefe da família, vinham todos os familiares espalhados pelo território e enquanto houvesse um animal para comer assim durava o funeral com batuques até cairem para o lado a dormir
Assisti
Rogério

MAURÍCIO DOMINGUES disse...

É COMO DIZES , ROGÉRIO.

EM ALDEIA FORMOSA, ONDE A MINHA UNIDADE ESTAVA SEDIADA,RECEBEMOS UMA MENSAGEM PARA IR À PISTA RECE-
BER UM NORATLAS, QUE TU CONHECES
BEM , IDENTIFICADO PELA RAPAZIADA
COMO "BARRIGA DE JINGUBA", ONDE
VINHA O ENTÃO CAPITÃO SARAIVA DE
CARVALHO, CHEFE DO SERVIÇO DE PSICO-SOCIAL DA GUINÉ E ENCARREGADO
PELO GENERAL SPÍNOLA DE LEVAR PARA
BISSAU TODA A FAMÍLIA DE UM IMA
MUÇULMANO QUE HAVIA FALECIDO.
TODA A GENTE IA PREPARADA PARA O
"CHORO" QUE IRIA DURAR UNS DIAS NA
CIDADE, E ERA VER AQUELA MULTIDÃO,
QUE IA COMO "SARDINHA EM LATA", COM
LEITÕES, BORREGOS E OUTRA BICHARADA
DEBAIXO DO BRAÇO PARA A REFERIDA
HOMENAGEM AO SEU IMA. O "CHORO", COMO SABES, TEM UM SIGNIFICADO MUITO PARECIDO COM AS NOSSAS MISSAS , MAS DURA CERCA DE OITO DIAS DE COMES E BEBES !

O AVIÃO IA COM A CARGA COMPLETA E
COMO TODA A FAMÍLIA QUERIA EMBARCAR
LEVAVAM OS ANIMAIS AO COLO PARA ASSIM HAVER MAIS ESPAÇO.
O CAPITÃO OTELO ESTAVA AFLITO PORQUE NA ALTURA DE LEVANTAR VÔO
JÁ NÃO SE PODIA ESTAR LÁ DENTRO COM
O MAU CHEIRO DOS EXCREMENTOS DOS
ANIMAIS !!
NÃO VOLTEI A FALAR COM ELE, MAS
JULGO QUE À CHEGADA A BISSAU TENHA
MANDADO LAVAR E DESINFECTAR TODO O
"BARRIGA DE JINGUBA " !!
SÓ QUEM PASSOU POR ELAS..!!

UM ABRAÇO DO MAURÍCIO

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

De manhã, quando saíamos de Bissau, no autocarro, para a base em Bissalanca, viamos os corpos prostados a dormir, aina com as brasas a fumegar.Quando regressavamos à cidade para almoçar, já a fogueira estava bem acesa, com os animais por cima a grelhar nos espetos e os batuques nos troncos ôcos, enquanto alguns ainda se encontravam prostados a dormir e os restantes homens e mulheres se arrastavam numa espécie de dança e altos choros ensurdecedores.
São as crenças naturais que temos que respeitar e que apreciavamos com admiração.
Rogério Coelho