segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Com o frio que se tem sentido no País !
Não resisti enviar uma crônica de um escritor brasileiro a falar sobre a Praia .

A PRAIA


Chegou o Verão e com ele também chegam os Pedágios (Portagem), congestionamentos na estrada, os bichos geográficos no Pé, e a empregada cobrando hora- extra.
Verão também é sinónimo de pouca roupa e muito chifre, de pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.
Verão é Picolé de Ki-suco no palito reciclado (gelado de palito feito com pó para refrigerante), é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto para comer a gosminha branca.

Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis

Mas o principal, o ponto alto do Verão é... a Praia!! ah como é bela a Praia!
Os cachorros fazem cocó, e as crianças pegam para fazer coleção.
Os casais jogam frescobol e acertam com a bolinha na cabeça das idosas .
Os jovens fazem Jet Sky e atropelam os surfistas , que por sua vez miram a prancha para abrir a cabeça dos banhistas.

O melhor programa para ir á praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando .

Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, tres geladeiras de isopor (esferovit) cinco guarda–sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e prancha acreditando que estão de férias.

Em menos de cinqüenta minutos já estão todos instalados, besuntados e prontos para enterrar a avó na areia.

E as crianças?
Ah que gracinha!
Os bebés chorando de desidratação , as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem .

As mulheres também tem muita diversão na praia , como buscar o filho afogado e andar vinte quilômetros para encontrar o outro chinelo do pé.
Já os homens ficam com a tarefa mais chata, perfurar um buraco para fincar o cabo do guarda–sol.
É mais fácil encontrar petróleo que conseguir o guarda sol ficar de pé.
Mas tudo isso não conta, dentro da alegria, da felicidade, de entrar no mar!
Aquela água tão cristalina, que dá para ver os cardumes de latinhas de cerveja no fundo.
Aquela sensação de boiar na salmoura, como um pepino na conserva .
Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal, e a periquita cheia de areia, vem aquela vontade de fritar na chapa.
A gente abre aquela esteira velha, com cheiro de velório de bode, coloca os óculos escuros, puxa um ronco bacaninha .
E á noite o sol vai embora, todo o mundo volta para casa tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próxim, o shampo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde o creme de barbear ao desinfetante da sanita.
As toalhas com o cheiro de mofo que só a casa da praia oferece.
Aí, uma bela macarronada para entupir o bucho, e uma dormidinha na rede para adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.
O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família.
Todo o mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha, torcendo para que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo se possa encontrar naquele inferno tropical...
Qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência...

Autoria de :
Luis Fernando Veríssimo .

Saudações Costeletas

António Encarnação

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá, amigo Encarnação!
Grande LFVeríssimo, sempre atento e sempre fazendo um retrato correto da realidade social desse grande país que eu amo.
Convém aqui só um pequeno alerta para que os mais desavisados possam fazer alguma confusão.
O descrito reflete na verdade o que se passa nas prais perto, ou acessiveis às grandes cidades.
Os paraísos são outros e muitos, também pudera! Com tantos milhares de Kms. de costa.
Grato por este momento, onde revcordei uma realidade que conheço
Um abraço
António Palmeiro