domingo, 30 de janeiro de 2011



O MENOR E MAIS ESTRANHO
PAIS DO MUNDO

PRINCIPADO DE SEALAND

Sealand é o menor e mais estranho principado do mundo – uma plataforma submarina construída durante a Segunda Grande Guerra.

Quem tiver a curiosidade de ir até lá, verá equipamentos de informática milionários, feitos especialmente para guardar e-mails e transações confidenciais, da mesma forma que acontece com contas bancárias em paraísos fiscais.


O cérebro da idéia é Sean Hastings, jovem empresário de 32 anos, que preside a Havenco. Ele deixou tudo o que tinha nos Estados Unidos e já está morando em Sealand, para supervisionar de perto o seu pioneiro centro de operações online.
“A Havenco oferecerá um espaço onde você aloja seu negócio, sem que seja espionado por concorrentes ou por órgãos oficiais. Seu objetivo é acabar com a apreensão de computadores e da investigação de arquivos pessoais, com base em pouca ou nenhuma evidência – coisa corriqueira agora na América. Em Sealand isso jamais ocorrerá”, anuncia Hastings

A singular história de Sealand é um indício de que Hastings tem razão. Ela teve início quando os ingleses perceberam a necessidade de ter uma fortaleza flutuante para repelir ataques nazistas por ar e mar, durante a Segunda Guerra Mundial.
Terminado o conflito, Roy Bates, major da reserva das Forças Armadas britânicas, assumiu o comando da fortaleza, batizou-a de Sealand, declarou-a independente da Coroa, argumentando que ela pertencia a seus antepassados, e autoproclamou-se príncipe.
Atualmente, Sealand conta com 160 mil cidadãos, todos homens de negócios, que preferem viver em seus países de origem, até porque não caberiam na ilha metálica. São eles que dão sustentação a Bates, que mora lá com a esposa, a princesa Joan, e o filho Michael.
Desde então, Bates não dá a mínima para Sua Majestade. Certa ocasião, defendeu a soberania da “ilha”, abrindo fogo contra um navio da Armada Real que tentava retomá-la. O governo britânico condenou o incidente e alegou que nada podia fazer porque Sealand estava fora de sua jurisdição.
Em 1978, um ricaço alemão mandou seqüestrar o filho de Bates, para trocá-lo pela posse da ilha. Não obteve êxito. Os invasores foram capturados e Bates considerou-os prisioneiros de guerra. A Alemanha pediu que a Inglaterra interviesse.
Pedido negado. Os ingleses caíram fora da disputa e o abacaxi ficou nas mãos de diplomatas alemães, que suaram para dar um desfecho feliz ao caso


TERRITÓRIO LIVRE

Por tudo isso, Roy Bates acredita que a Havenco se encaixa bem dentro dos princípios básicos de Sealand. “Esta é uma nova maneira mundial de pensar um negócio. E pouco importa que falem mal – quanto mais o povo grita menos luta”, ele diz.
Hastings e seus companheiros da Havenco concordam: “A Internet é território livre e o que estamos oferecendo a nossos clientes é uma forma de eles preservarem seus segredos e seu anonimato”, explica Hastings.
Mas a Havenco já ganhou adversários ferrenhos e dispostos a barrar suas pretensões. Um deles é o advogado Peter Somer, da London School of Economics, famosa instituição econômica inglesa.
“Se você tiver na ilha um negócio de produtos que podem se tornar perigosos, não está nem aí para qualquer acidente que possa acontecer porque, quem se sentir prejudicado, não tem como apelar à Justiça”, argumenta Somer.
Resta saber se a Inglaterra continuará a fechar os olhos para a aventura da Havenco em Sealand, uma vez que foi aprovada uma lei que permite ao governo britânico investigar arquivos eletrônicos e e-mails de seus súditos.
Será que a lei será utilizada no soberano território de Sealand? O “príncipe” Roy Bates adverte: “Não deixarei que tomem minha ilha. E fim de papo”.

António Encarnação

1 comentário:

Anónimo disse...

O título é sugestivo, e preocupante.
Então os homens de negócios vão concentrar os seus segredos(alma do negócio) à guarda de um paranóico,ele mesmo possível detentor de inimagináveis segredos e intensões?
Será que foram outros fiéis guardadores de segredos deste género, os progenitores da situação que estamos a viver?
Globalização quererá significar expansão e equilíbrio , ou concentração e mórbido egoísmo?
Eu só queria saber!
JEM