quinta-feira, 31 de março de 2011

A DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA
EM PORTUGAL

Por João Brito Sousa

Para o Victor Venâncio

Dados por mim obtidos de investigações que considero sérias e credíveis, a riqueza criada em 2008 era superior em cerca de 97.2 vezes superior à riqueza criada em 1973. O valor das remunerações, sem incluir as contribuições para a Segurança Social e CGA, de 2008 é apenas 69,8 vezes superior às remunerações, também sem contribuições, de 1973. Conclui-se daqui que as remunerações com contribuições aumentaram apenas 89 vezes.

Em primeiro lugar, que as condições de vida dos trabalhadores portugueses em 2008 são superiores às que tinham em 1973. Em segundo lugar, e apesar disso, estes dados oficiais também revelam uma situação preocupante que é a seguinte: a repartição da riqueza criada em Portugal tem-se agravado de uma forma continuada e significativa depois do período 1974-1976, sendo actualmente pior da que se verificava mesmo em 1973.

Mas não são apenas as entidades oficiais portuguesas que revelam a diminuição que se tem verificado em Portugal da parte das remunerações na riqueza criada no nosso País. Também o Eurostat, que é o organismo oficial de estatística da União Europeia, confirma a quebra acentuada da percentagem que as remunerações representam do PIB, e de uma mais pronunciada que a revelada pelos dados divulgados pelas entidades oficiais portuguesas. Se retirarmos as contribuições patronais para a Segurança Social e para a CGA, em 1998, segundo o Banco de Portugal e o INE as remunerações, sem contribuições patronais , representaram 35,3% do PIB, enquanto segundo o Eurostat corresponderam apenas a 31,8% do PIB. A partir de 1998 deixamos de se dispor, para Portugal, de dados sobre a percentagem que as remunerações, sem contribuições, representam em relação ao PIB, certamente por não serem favoráveis ao governo.

No entanto, o Eurostat tem divulgado as percentagens que as remunerações, com contribuições patronais , representam do PIB, as quais revelam, para Portugal, uma quebra de valor ainda maior do que a revelada por organismos oficiais portugueses. Assim, em 2006, segundo o INE e o Banco de Portugal, a percentagem correspondeu a 50,7% do PIB, enquanto segundo o Eurostat, foi 50% do PIB; em 2007, segundo o INE e o Banco de Portugal, representou 50% do PIB e, de acordo com o Eurostat, apenas 49,1% do PIB; e em 2008, a percentagem, segundo o INE, correspondeu a 50,3% do PIB e, de acordo com o Eurostat, foi de 50,1% do PIB.

Para 2009, o Eurostat prevê que, em Portugal, as remunerações, com as contribuições patronais, representem 49,9% do PIB, uma percentagem bastante inferior à registada em 1973 (54,9% do PIB) e muito inferior à do período 1974/1976 (entre 61% e 68,4% do PIB); e, para 2010, prevê o valor de 49,7% do PIB.

Portugal a descer. Soluções ?

(retirado do estudo do Dr. Eugénio Rosa)
jbritosousa@sapo.pt

3 comentários:

jctavares@jcarmotavares.pt disse...

Bom dia João,

Excelente pesquisa e consequentemente bom trabalho.
Obviamente que esta situação de Portugal é endémica, agravada pela elevada crise dum capitalismo selvagem que se instalou no mundo. Tambem sabemos que há uma quota parte de responsabilidade por motivos estruturais. É passado! Precisamos de olhar para o futuro e a resposta está no saber e no conhecimento. Ligar a Escola às empresas,
mudar mentalidades, elevar o nível salarial de quem trabalha, aumentar a produtividade e compensar a excelência, desburocratizar todos os organismos a quem as pessoas necessitam recorrer no seu dia a dia, educar quem atende e quem necessita ser atendido, deixar de atribuir sempre aos outros a responsabilidade do que está mal, esquecendo que nós tambem "somos os outros", projectar esperança e vontade nos portugueses.
João, gostaria de escrever um pouco mais mas
ainda tenho alguns compromissos profissionais. Volto!!!!!!!
um abraço para ti e para todos
jorge tavares
costeleta 1950/56

Anónimo disse...

Evito comentar situações Políticas e Económicas , assim como dados estatísticos que pela minha experiência de vida os acho na maioria das vezes elaborados com excesso de camuflagem e algumas situações de cosmética ... o bom senso nos obriga a não confiar na totalidade .
Na situação atual concordo que a distribuição de renda em Portugal é pior que em 1973 , só que nessa época cheguei a pagar a alguns carpinteiros cerca de sete mil escudos por mês ! não quero entrar em situações pessoais a respeito do INE , Segurança Social e outras entidades .
O nosso colega Vitor de Jesus , o considero com os pés na realidade e tenho concordado com o que tem escrito , uma pessoa que conhece situações reais pela sua experiência de vida .
O Dr. Eugénio Rosa é um brilhante Tecnocrata , só que não viveu as situações reais de quem enfrentou a realidade empresarial , muito diferente da ficção por exemplo temos um gestor Público e outro Privado ?
Enquanto o Público se efectuar uma má gestão pode pedir demissão sem problemas ... o Privado perde todo o património e ainda corre o risco de ser processado e preso !
O admiro e respeito muito JBS assim como sua dedicação á escrita.
António Encarnação

Anónimo disse...

ESTE ESPAÇO ESTÁ VIVO.


Interessantíssima, em minha opinião, a liberdade de expressão que se está a construir aqui.

Alguém é responsável por isto e tem o meu aval.

Esta dinâmica é muito agradável de sentir e quer dizer que as instruções superiores foram lidas , percebdas e acatadas.

É caso para dizer que valeu a pena continuar.

Viva a Liberdade de expressão respeitável e respeitada.

Obrigados JT e AE pelos comentários, livres e responsáveis.

Agrada-me.

Ab.
JBS