sexta-feira, 25 de março de 2011



HOMENAGEM

AO ALFREDO MINGAU

Por João Brito Sousa

PELO SEU TEXTO “Pombas Enamoradas”
COMENTÁRIO CRÍTICO

O texto do Alfredo Mingau cujo título está acima e que está no blogue também, é, talvez dos textos mais bem escritos que alguma vez passou por aqui. É um texto difícil como são os de William Faukner ou no mercado interno, como são os textos da Lídia Jorge.
A cena da taberna está muito bem construída, com imagens únicas, exigindo saber e talento para as criar. E sensibilidade artística como consta neste excerto “Lá dentro um fumo frio rodopia…”
É um texto que nos exige reflexão alongada e que resulta de um excepcional momento de inspiração. Talvez iniciado às seis da manhã, como fazia Hemingway. Que ia até ao meio dia.

A mulher vestida de luto quem será? Alguém conhecido do autor. Uma criação ? Porque a Gervásia de Zola não entrava na taberna; esperava pelo marido até altas horas. E Lantier andava na borga e quando chegava dizia ter andado à procura de trabalho.

O silêncio é o rei desta crónica. O parente mais próximo da morte é o silêncio, diz-se. Parece-me haver aqui alguém que morreu, porque a mulher que se chega ao balcão está de luto, um véu que lhe chega aos joelhos, chapéu preto, luvas pretas …acenam sem dizer coisa alguma. A mulher baixa o véu.

Será Kakfa ? será Hitchcock ? será Vergílio Ferreira ? será Lobo Antunes, será William Faukner ?

Uma mulher de luto no centro da simpatia. Estranho, mas é por isso que as pombas enamoradas arrulham. Por simpatia recíproca. A simpatia, diz-se no texto, sobrepôs-se ao silêncio e ao negro do véu. Isto quer dizer que a vida continua. Com amor. Que é o primado da vida.

Dá que pensar este texto.
Pela abordagem ao silêncio.
Porque; “há ocasiões em que o silêncio de uma pessoa torna-se mais sábio do que qualquer palavra que poderia ser pronunciada. Quando há pessoas com quem podemos aprender (de todos, sempre podemos aprender) o instante é de calar e ouvir, absorvendo cada palavra para que penetre em nossa mente e não nos faça esquecer. "Mesmo um tolo, quando segura a língua, é considerado sábio."
Em meu entender, este texto aconselha a não falar de mais, mas a ouvir mais. E assenta-me como um a luva.

Por minha parte agradeço.

Deixo um abraço ao autor.

João Brito Sousa

1 comentário:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Tem a palavra o Alfredo Mingau, se o desejar fazer.
Rogério