sexta-feira, 25 de março de 2011

NEM TUDO É TRISTE...



CARTA DE UMA ALUNA DA
3ª IDADE UNIVERSITÁRIA DE FARO

Faro, 21 de Março de 2011

Minha crida Mãezinha do mê curação :

Muito istimo cáo arreceber esta minha carta amecê se incontre numa prefêta e feliz saúde na companha da nossa vezinha Amela , que nã desfazendo é uma boa criatura. É cá mais o mê Manel a gente anda um pôco à rasca , mas também não ademira porque a gente tá quase todos no mesmo…Dês quêra camecê já teja melhor daquele marafado quibranto que le deu o vezinho Zé dos Porcos
Pôs Mãezinha , è cá hoje arresolvi iscrever-le qué pra le dar metissas do que por cá se vai passando na minha oniversidade e não só…
Como amessê sabe o mê Manel marticulou-me numa oniverssidade à donde só anda a fina flor da ssidade , quer dizer as mais enteligentes e os mais enteligentes também (não é pra me gabar) mas paresse-me que não istou inganada.
E nós a gente gustamos muito desta oniverssidade e quer dizer … dos senhores pressores também…Eles insinam muito bem e não dão porrada nagente nim nada… E sabe Mãezinha a gente hoje viemos à nossa oniverssidade da prepósito para omagear um senhor quer dizer um senhor que já foi nosso senhor Pressor e qué cá e mais as outras meninas gustavamos muito e aprindi uma purssão de coisas quer dizer aprindi porcu senhor nos insinou muito bem e é cá alembro-me muito bem das lissões dos confelitos dos impregados com os patrões e cu senhor pressor insinava muito bem à gente . Às vezes o mè Manel precurava-me colquer coisa só pra ver sé cá sabia , porquele tá-me sempre a dizer : se não istudas , não pões lá mais os pége e é cá não quero nim pinsar nisso porqué quer dezer é cã inté murria de desgosto se ele me fizesse uma coisa dessas… Atão é o qué gosto mais de fazer é vir às aulas… Gosto das culegas e dos culegos todinhos e dos senhores pressores … nim se fala !
É pur isso cagente tá oje aqui porque se não fosse o nosso senhor dotor Canal não avia nada disto e os pobres das senhoras da média edade levavam o dia no meio dos tachos e das panelas quer dezer, cada vez mais velhas e mais tristes cu dia intrior… E foi o nosso senhor dotor Canal que teve muita pena dagente e ós despois pediu com lessenssa à sua desposa dele e prontos lá cumessou a inssinar-nos a insinar-nos e nunca mais parou! E não se arrepindeu…nim um pedacinho… (também não ademira ele ganhava uma purradaria de dinhêro…) Intrementes o senhor pediu a reforma quer dezer pediu, porque as alunas e os alunos cumessaram a purtar-se mal (é cá não , e o mê Manel que sóbesse…) e arresolveu intão ficar a guzar da boa reforma com que ficou pelos bons servissos prestados a esta oniverssidade para a qual dita cuja, ele tanto trabalhou…E como o senhor não podia istar im casa sempre a ver só a sua desposa dele, quer dizer, a gente não pode istar a ver sempre a mesma pessoa…Atão ele, o senhor dótor Canal arresolveu a vir também prá sua oniverssidade . Intão o senhor dotor vem às aulas, assanta-se e vá lá, porta-se muito bem ,não vai brincar prá rua , nim bate nos senhores pressores... Tá ali muito sugadinho e às vezes inté passa plas brasas quer dezer, drome um becadinho, mas prontos a gente nã semporta e o senhor não encumoda a gente quando acorda ,porque não fica empertinente nim nada…
E nós a gente istamos todas e todos muito contentes e por isso arresolvemos dar –le o títalo de senhor Riator porque o senhor bem meresse , pois apesar de ganhar muito bem, ele também deu o seu melhor pra que a oniverssidade tivesse bons pressores e umas enstalações endessentes , onde estamos bastante bué de bem,quer dezer grassas ao desforsso do nosso muito istimado senhor Riator ( do nome é qué cá não gosto nada , faz-me alimbrar aquele riator lá do Japão que traz as pissoas todas acagaçadas com medo caquilo vá tudo prós ares)
…Ó Mãezinha e não acha bem qué cá vá dar os parabenge ó senhor Riator ? É cá não sei é sa senhora dele gustará , mas olha ela não me á-de dar purrada purisso, não acha Mãezinha ?
E prontos , ós despois é cá logo le conto o resto tá bem Mãezinha ?
Agora não se desquessa de dar muitas arrecumendassões ó compadre Imbroiso do olho torto e à vezinha Marizinha da quinta das vacas e já agora precure lá ó ti Zé da boca ó lado, se a porca da vezinha Juana, já tá melhor dos presuntos .
E amecê arresseba uma carrada de bêjinhos de mel, desta sua filha que le quer muito

Felicianita

4 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Desculpa João se esta carta à mãizinha abafa a tua ao Diogo. É sem intenção e não por falta de cortezia. Foi-me enviada pela própria.
Rogério

Anónimo disse...

MANO,

Viva,

A Felicianita é costeleta e é da minha terra e está aqui de direito próprio.

Por mim, nada a opõr.

Participação sim. Cooperação alargada ainda melhor.

Ab
JBS

Anónimo disse...

Boa Tarde,

Duas coisas me fizeram rir:
- O Texto e o Comentário!

Cumprimentos

AGabadinho

Anónimo disse...

PARA A FELICIANITA

Viva,

Conheci a Felicianita andava ela aí pelos 18 anos.

O interessante é que tendo ela ensinado a ler e a escrever a milhares de pessoas correctamente, venha agora produzir estes textos cheios de graça.

Eu ouvi esta forma de expressão não sei onde, mas não o sei escrever.

Parabens a quem sabe.

E os meus cumprimentos também.

João Brito Sousa, o sobrinho da Amela.