sábado, 2 de abril de 2011



CRÓNICA DE SÁBADO

JOSÉ ARAÚJO

Por João Brito Sousa

Diz que nasceu nos mares da China. O pai era embarcado e a mãe apareceu por lá. Mas é português. Tem 71 anos e é empregado de mesa no Café Piscina, aqui na Rua da Constituição onde moro. Quando vou cortar o cabelo a minha mulher vai comigo e espera lá por mim. Quando saio do cabeleireiro vou lá ter com ela. O Zé, quando me vê entrar, vem na minha direcção e pergunta-me como vou.

E eu sorrio. Para não chorar.

Meu amigo, diz ele.

Cést la vie, digo eu.

Vai um pingo e um bolo de arroz..

E o Zé traz.

Este Zé é simpático. Fisicamente está bem. Usa camisa de manga curta, diz que está calor e quando eu lhe digo, “you strong man” ele diz, “no capicho” e arranca, vai até à copa.

A minha mulher aproveita para me dizer, lá estás tu a chatear as pessoas, caramba.

.Antes de enviar esta crónica para o blogue, estive a rever o romance que estou a escrever sobre a cidade do Porto. Aquilo já tem umas 150 páginas e deve ficar por ali. Depois Gráfica com ele.

Estou convencido que arranjei ali uma história engraçada. Ver-se- á se sim ou não.

Sábado, ás onze, vou ligar ao Firmino Cabrita Longo e aí vai meia hora de palheta. Cantamos ao telefone o Menino do Bairro Negro, Venham mais cinco, o Papuça. Mas o ponto alto é “O Que Faz Falta”.

Zeca Afonso sempre.

E depois um soneto. Já tenho 30 feitos e quero publicar um livro de poemas ainda este ano.

Mas o que interessará isto à malta ? Será que alguma coisa ?.

Mas a escrita motiva-me, cativa-me, fascina-me e convivo bem com ela. Como diz Lobo Antunes; deito-me com as palavras, durmo com as palavras, acordo com as palavras. Eu também.

Parole, parole, parole…

Uma dica para o Montinho: força nas ILUSÕES III.

Montinho ou Mingau, tanto faz. Participação, sim

O Moreno está em Dakar. É tido por lá como um grande profissional. Também porque houve um senhor chamado Olívio Adrião, um grande mestre de oficinas, por sinal.

Aí vai o My Way, para lhe fazer companhia. Porque o Moreno está nessa canção.

Meu Jeito

E agora o fim está próximo
Então eu encaro o desafio final
Meu amigo, Eu vou falar claro
Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza

Eu vivi uma vida que foi cheia
Eu viajei por cada e todas as rodovias
E mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Arrependimentos, eu tive alguns
Mas então, de novo, tão poucos para mencionar
Eu fiz, o que eu tinha que fazer
E eu vi tudo, sem exceção

Eu planejei cada caminho do mapa
Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho
Oh, mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Sim, teve horas, que eu tinha certeza
Quando eu mordi mais que eu podia mastigar
Mas, entretanto, quando havia dúvidas
Eu engolia e cuspia fora

Eu encarei tudo e continuei de pé
E fiz do meu jeito

Eu amei, eu ri e chorei
Tive minhas falhas, minha parte de derrotas
E agora como as lágrimas descem
Eu acho tudo tão divertido

Em pensar que eu fiz tudo
E talvez eu diga, não de uma maneira tímida
Oh não, não, não eu
Eu fiz do meu jeito

E pra que serve um homem, o que ele tem ?
Se não ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras de alguém que se ajoelha

Os registros mostram, eu recebi as pancadas
E fiz do meu jeito.

Ab.
JBF

2 comentários:

Unknown disse...

Meu caro JBS
Para te agradecer, os teus imerecidos elogios, enviei te um Email a tua altura.
E verdade, que sou parte do que aprendi com os meus familiares,professores e mestres. O mestre Olivio e um dos meus gurus, ja que nao tive o privilegio, como ele, de ter militado nas fileiras de Baden Powel.
Mas todos os dias me emociono com as atitudes dos Homens Bons.
Como ainda hoje,ao tomar o pequeno almoco,na Varanda do meu Hotel, virada para a ilha de Goree, a ilha dos escravos, quando vi um casal de velhos turistas afro americanos, silenciosos de maos
dadas a olhar comovidos para a
ilha donde partiram os seus antepassados.
Depois foi a leitura do teu texto, e daquele emblematico Poema.
Na proxima segunda Feira estarei assistindo a celebracao do 51 aniversario da Independencia do Senegal, concedida pelo general De Gaule e assumida por esse grande Poeta da Negritude que se orgulhava de sa goute du sang portugais e se chamou Leopold Seddar Senghor.
Gde abraco.
JEMoreno.

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

ILUSÕES III do Montinho foi recebido e está em lista de espera para ser publicado.
Atestado médico enviado pelo Mauricio, idem.
Roger