segunda-feira, 2 de maio de 2011


ESTÁ TUDO CHARINGADO

Por João Brito Sousa

Recordando FRANKLIN MARQUES


Acho que o Frank foi um grande costeleta, no sentido em que aproximava as pessoas, os costeletas nomeadamente. Estive com ele no funeral do Xico Zambujal e antes de se ir, falei-lhe ao telefone várias vezes. Já não estava bem nessa altura, mas o sorriso franco estava com ele.

Como esteve sempre.

Só não sei se comprava ou não o jornal ou se o lia à borla, mas o Franklin foi uma pessoa com quem se podia contar, camarada e amigo, com uma grande dose de cultura popular o que só o eleva. Poeta de grandes recursos, amante do folclore algarvio, bom mandador do rancho, o maldito do picanço / onde foi fazer o ninho / na cabeça dum careca / no mais alto cabelinho.

Está tudo charengado, dizia.

Foi professor do ensino primário, colocado incialmente no Montenegro e foi depois professor de caligrafia. Tem um livro de estenografia publicado. E de poemas, também.

Como homem, foi, na minha opinião, um homem sério que levou a vida a brincar a sério. Não serei o mais indicado para falar do Frank, apesar de ter uma muito boa relação com ele. Quando nos encontrávamos, levávamos horas a falar, às vezes, manifestando ele sempre um grande apreço pela cidade e pelas suas figuras mais típicas, como o Marreco engraxador, o Teca, o Caça Brava, a Lozinha e a Hermínia, as Maria Machadão da cidade.

São da sua geração o João Leal, os Molarinhos, o Cléirgo do Passo, os Zambujal, o José António da Luz (fadista) a Maria José Fraqueza, Natércia Pires Correia, a Palmira, a Maria do Carmo Arvela, talvez o Brito da bomba na Falfosa, que pôs a bomba de carnaval na aula do Xênocra, o Zé de Sousa Pinto, o Bastinhos, o João Ramos e a Mimi, o Hernâni e…

Professores desses tempo o Dr. Zé Correia e o Dr. Frreira Matias (o Banana) que fizeram o livro de cálculo comercial.

Uma cena, na escola na Vila a Dentro, numa aula foram uns quantos para a rua.A malta saiu da sala e, havendo por ali um Tribunal, entraram todos no dito. Às tantas, um começou a rir, o Juiz mandou calar o que se ria, riram-se todos e o Juiz mandou evacuar a malta.

Mais ou menos assim

E aquela do exame de inglês do Mário Zambujal. Na página 80 é que era, senhor Dr. Passos. E foi mesmo.

.

Um abraço para todos, Frank incluído.

Porque é um dos nossos. Ainda.

E sempre.

jbritosousa@sapo.pt

2 comentários:

jctavares@jcarmotavares.pt disse...

Olá João,

Lembrar o Franklin dedicando-lhe um texto é um acto de elevado sentimento de carinho e saudade.
O Franflin foi indiscutivelmente um dos melhores costeletas que passou pelos bancos da nossa Escola...atrevo-me a dizer que em humildade e sabedoria popular foi o maior.
Aonde ele estiver ( esperando por todos nós os que ainda por aqui andamos ), concerteza que ocupa um lugar cimeiro.
jorge tavares
costeleta 1950/56
PS-É uma "herança" que deixo aos meus descendentes, a honra que tive em frequentar aquela Escola, e ter como colegas "moços " da envergadura do Franklin.
Um abraço a todos

Anónimo disse...

MEU CARO JORGE,

Viva,

Subscrevo as tuas palavras no que toca aquilo que chamas de "HERANÇA" que deixas aos teus descendentes.

É uma atitude de honradez e quero colocar-me ao teu lado nessa postura.

O Frank gostará de ler as tuas palavras. E talvez uma lágrima caia.

De alegria. De saudade. De emoção. De orgulho. Recordações do 2º 4ª, que ele tanto falava.

Um ab. Frank incluído.

JBS