terça-feira, 17 de maio de 2011

PORTUGAL, meu velho, meu amigo

Por João Brito Sousa

Já tens idade avançada, um pouco de cabelos brancos, tens sofrido algumas desilusões, andaste na guerra, ganhaste e perdeste, fizeste coisas bonitas, há os que gostam do que fizeste, há os que não gostam mas agora tramaram-te, melhor, invadiram-te e, pelo que vejo não vão resolver os teus problemas...

Foste um “trenguinho”, como se diz por aqui no Porto.

Mas, o sangue português fala mais alto. A honra que Mouzinho de Albuquerque manifestou, quando foi incomodado pelas acusações de ser amante da Rainha D.. Amélia, tomou um conhaque na baixa, meteu-se dentro da tipóia e ali pelos lados da Av.de Berna ouviu-se um tiro. Antero um dos grandes vultos da nossa poesia comprou a pistola e deixou-a esquecida em cima do balcão do estabelecimento onde a tinha acabado de comprar. Só uma vez em casa do primo, se lembrou da aquisição que tinha feito e voltou atrás. No campo de S. Francisco em Ponta Delgada ainda lá está o banco onde se finou.. José Trindade Coelho, escritor e jurista, deu o tiro final no seu escritório.

Foram grandes homens, não por estes motivos que cito. Mas por outros. E creio que tu, meu Portugal de hoje, nem para isso serves.

Deixaste-te endividar excessivamente, não há Salazar, vieram outros. O Zé Mário Branco diz lá na sua canção, quero ser feliz agora… porra, e tu não és feliz Portugal, meu País, meu velho, meu amigo.

Já não tens o respeito pela palavra dada como teve Egas Moniz, não tens as barbas brancas de um Albuquerque ou de um Gama, não tens o sentido de Estado dos homens de 1640, não tens o querer de Luís de Camões que nadou com um braço e na mão do outro segurou a sua obra poética, nem o génio de Pessoa que disse:” um português nunca foi só verdadeiramente português; foi tudo”.

Já não és o Portugal que foi a salto para a França, o Portugal que corajosamente esteve em La Liz e foi abandonado por Sidónio, o Portugal da Rotunda de 1910 e tantos outros feitos. Hoje és o Portugal dos desempregados, o Portugal adiado.

Na TV passou há pouco em roda pé: roubaram 7, 6 mil euros em ..

Estás neste lodaçal.

Por ai não, meu querido Portugal, meu velho, meu amigo. Com diz o poeta.




3 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Oi Ermão

P'los vistos... isto promete!!!
Mas é preciso ter calma.
Roger

NOTA:- para todos os que lerem aqui vai uma informação:
O Jornal o Costeleta nº 108 seguiu hoje pelo correio.
O Livro COLECTÂNEA COSTELETA - Volue I, já está impresso e é lançado e apresentado durante o Grande Almoço Anual, no dia 11 de Junho, no Hotel D. Pedro Golf em Vilamoura.
RC.

Anónimo disse...

Sempre ouvi falar que cada Povo tem os Políticos que merece !

Chegamos a uma maturidade na vida que conseguimos entender o que está mal e o que está bem na gestão politica .E não é segredo que existe uma máquina administrativa que não se adapta á realidade Portuguesa.
Se uma empresa tiver executivos bem pagos e baixa produção a falencia não permite grande duração , e naturalmente que quem fica desempregado é mesmo os empregados de mais baixo escalão !

Grandes Portugueses sempre existiram e existem ! no entanto são inoperantes perante a maioria dos que procuram na política um Bom emprego .
O desemprego munca me recordo de estar tão alto , investir e trabalhar em portugal é uma situação de Risco . Ontem um dos Titulos dos Jornais era a de reforma milionárias, enquando os direitos constitucionais são esquecidos , seja na Educação , Saúde , Justiça etc.
um abraço.
António Encarnação

Anónimo disse...

Portugal, meu Velho, meu Amigo:

Acompanho-te neste pequeno troço da tua longa caminhada, como um peregrino a caminho dum destino que parece ser-te ainda desconhecido ou em que teimas em não acreditar.
Um destes dias, terei que ficar para trás, mas tu continuarás a tua viagem.Sabes bem que podes contar, como sempre contaste, com a minha pequena e possível ajuda dentro das possibilidades das minhas já debilitadas energias e incondicionalmente, até ao momento de dizer-mos adeus.Caminhá-mos esta jornada com grande espírito de amizade e camaradagem.Podes acreditar que deixo aos meus sucessores, a mesma carta de princípios e ensinamentos cívicos e morais que herdei dos meus pais e avôs.
Como são dedicados, trabalhadores, esperançosos e orgulhosos de ti,posso ficar descansado que tu, meu velho e amigo Portugal, depois desta íngreme e espinhosa ladeira encontrarás um verdejante planalto,onde possas repousar um pouco.
Permite-me só que te dê um último conselho de amigo: tenta rodear-te de verdadeiros amigos.
Agora vamos.
Coragem.

José Elias Moreno