quinta-feira, 30 de junho de 2011


 
POEMA DOS DOIS AZUIS

Quando me sento, e descanso frente ao mar,
fico solitário. E sonhando acordado;
sinto um interior desejo de versejar
e soltar um sentimento recalcado.


Não sinto a areia fina sob os pés
nem o afago da sombra que me proteje.
Fixo a linha do horizonte...lá ao fundo
unindo dois azuis....fechando o mundo.


Não sinto o peso do meu corpo sobre a cadeira
em que me sento e descanso meus cuidados.
Olho essa linha circular e definida
tão longinqua e tão presa à minha vida.


Dois Azuis tão distintos, dentro de mim...
...ou tão perto, só depende do meu sentir.
Um, o mar; fluido da vida, de onde vim.
Outro, a Fé me diz; p'ra onde hei-de ir.


José Elias Moreno


Quarteira,30.jun.2011

2 comentários:

Anónimo disse...

DISTO EU GOSTO

Zé, este é um excelente trabalho.
Deixo-te para já um abraço amigo de reconhecimento ao mérito.

Acho que a D. Helena deixava cair uma lágrima se lesse isto. Parece-me estar aqui um bocado dela também.

Este teu poema fala do mar, com o mesmo entusiasmo, com que o Marques do Laranjeiro, que era de Faro e tinha aquela linda caligrafia, falava de ti.

O Moreno ... e ficava uma imagem superior no ar...

Este poema tem a verdade dos poetas,porque nos pôe a pensar

E faz-nos sonhar
E transporta-nos para longe
E imaginamos coisas belas

Começando pelo título,

nenhum clássico grego escreveu isto.

POEMA DOS DOIS AZUIS ?!!!

tem a ternura dos setenta
tem a sabedoria dum tractorista
tem a competência dum mestre de oficinas

e tem um autor, montanheiro com honra, que sentado num valado, perdão, sentado frente ao mar,tem um coração que vibra, que entende, que chora se for preciso e que escreve este lindo poema.

Olhando o mar, donde veio.

É um trabalho de grande sensibilidade e amor à vida.

Dezanove valores e meio.

E um abraço.

JBS

Anónimo disse...

Zé isto é um poema de antologia! Deixa-nos " speech less"
Léva-nos no teu sonho d'olhar o mar. Transportada-nos na tua levitação talvez sentida..... Na tua ausência de presença estando.... Todos temos um pouco de sonhadôres mas poucos transportam para a escrita como tu o fazes.
Foi de certeza ao nascer da aurora,sem nuvens conspurcando o horizonte que te inspiraste!
Excelente. Continua

Abraço

Diogo