segunda-feira, 20 de junho de 2011


RECORDAR SARAMAGO, UM ANO E UM DIA DEPOIS DA SUA MORTE
Por João Brito Sousa

COMENTÁRIOS NA IMPRENSA ESTRANGEIRA SOBRE A ATRIBUIÇÃO DO NOBEL.

Em ITÁLIA
La Reppublica
«Até que enfim)! A expressão de júbilo e alívio atravessou o Atlântico de um lado ao outro, ligando o Brasil e Portugal, passando pela Madeira, Porto Santo, Açores e Cabo Verde, fantasmas de uma mítica Atlântida que hoje fala português."
"O prémio Nobel privilegia finalmente um escritor português, um escritor difícil, pouco respeitador do que se considera literariamente correcto."
L’Unità
"A palavra como uma arma, desde os dias difíceis do salazarismo até à descoberta da literatura, através do jornalismo. José Saramago libertou a narrativa portuguesa dos complexos precedentes e dá o impulso à geração pós-revolucionária."
L’Avenire (diário da Consagração dos Bispos italianos)
"Um mundo assinalado pela angústia e desespero, uma visão radicalmente ateia. Romances históricos e imagens apocalípticas, individuais e colectivas, entre as obras de Saramago. Um prémio Nobel dado mais por razões políticas do que pelo talento. José Saramago não é o melhor dos escritores portugueses, há muitos outros e com tanto talento, mas pouco conhecidos, porque a doce Lusitânia fica no confim da Europa."
NA GRA BRETANHA
The Guardian
"O autor que recebeu finalmente o que lhe era devido pela Academia Sueca."
The Idependent
"Pessimista e sério, lúcido e elegante são as palavras para descrever o homem e a sua literatura."
BBC
"José Saramago, 76 anos, é considerado o mais sólido baluarte da literatura portuguesa. O seu estilo muito pessoal e nem sempre de fácil acesso ao leitor, e a sua atenção temática fazem dele uma referência imprescindível na narrativa europeia."
ESPANHA
El Mundo
"Saramago, um Nobel à ironia e ao compromisso"
El País, 9 de Outubro de 1998
"Escritor lúcido, pessimista e crítico, barroco e comprometido com a utopia do comunismo, Saramago é o primeiro prémio Nobel da língua portuguesa, um feito que foi comemorado com júbilo em Portugal e no Brasil."
Manuel Vazques Montalbán, El País, 9 de Outubro, 1998
"Deram o Nobel da Literatura a um grande escritor e a uma grande literatura, que o mereciam. A notícia não é só o prémio dado a Saramago, mas a um escritor de língua portuguesa a penar na de Eça de Queiroz, de Torga ou de Jorge Amado."
FRANÇA
Le Figaro
“Contrariamente a muitos escritores franceses que permanecem na introspecção do pouco, do quotidiano e do quase nada, José Saramago pratica uma literatura do extremo, do imenso."
L’Humanité
"Ao mesmo tempo, prosador emérito, este céptico flamejante, grande leitor de Montaigne, Cervantes e Kafka, não cessa de visitar as almas contraditórias do seu povo, dos seus sonhos abolidos de conquista à realidade de presente, que envolve com uma melancolia extremamente maliciosa."
Li “O MEMORIAL DO CONVENTO” nos anos 80 e devo dizer que a leitura do livro não me entusiasmou. Saramago estava a começar, o livro não tinha vírgulas e não voltei a pegar nele. Peguei noutros, como “O LEVANTADOS DO CHÃO”, João Sem Tempo e Companhia, que me agradou imenso, os alentejanos e a GNR de Montemor, porrada e uma frase que nunca mais esqueci:” …e o sol, com tanta pressa de aparecer e com tão pouca de se esconder, como os homens, afinal” Achei a expressão maravilhosa e vi na frase uma imagem clara do comportamento da humanidade; tem receio de morrer. Escrito em 1979, o livro relata a luta dos operários pelas oito horas de trabalho.

Li outras obras.

jbritosousa@sapo.pt

1 comentário:

jctavares@jcarmotavares.pt disse...

Olá João,

Ês indiscutívelmente um homem da cultura, e com suficiente bom senso, para saber "separar o trigo do joio".
Recordar Saramago no primeiro aniversário da sua morte, é lembrar o homem (goste-se ou não dele, ou da sua obra )que trouxe para Portugal o primeiro e ùnico prémio Nobel da literatura.
Como português estou-lhe grato...!
jorge tavares
costeleta 1950/56