domingo, 24 de julho de 2011


EU E OS OUTROS
Por João Brito Sousa


De uma maneira geral, tenho com os outros uma relação de consideração. Todavia, cheguei à conclusão, já tarde, que por muito boa vontade que tenhamos, mesmo tratando-se esses outros dos que considero melhor dotados, não se lhes pode dar tudo. Porque fazendo-o, corre-se o risco de perder o amigo, se o é, de se perde o dinheiro se o emprestamos, idem com o automóvel, com a caneta de tinta permanente e por vezes com a mulher.

A recíproca também é verdadeira.

Numa das vezes que estive hospitalizado, chamei um “bata azul”, das classes mais baixas lá do Hospital e pedi-lhe ajuda para ir á casa de banho. Conversámos um pouco e às tantas diz-me ele: “aqui vocês, digamos doentes, têm de se desenrascar”, querendo dizer-me que nós é que tínhamos de fazer pela vida.

E eu a pensar que era ao contrário.

Pensava eu que, estando em dificuldades, seria lógico que aquele que está em boas condições físicas me viesse dar a mão. Mas não é assim. Se precisares de ir á casa de banho, tocas a campainha, se estiveres no Hospital, claro e quando o bata azul vier já tu estás todo borrado.

Mas não deveria ser assim.

E se te pedirem dez mil euros, como é ?

É amigo ? Sim, então vai e em branco. Sem garantia nenhuma. Corres um grande risco, não sabias. Então experimenta e logo vês. Ou então vai perguntar ao bata azul que ele sabe como é. Repito aqui aquela cena que se passou comigo, quando fui à inspeção militar ao Hospital da Estrela, a minha mãe comprou-me uma balalaika em folha e um que estava lã comigo, pegou nela e foi vendê-la à feira da ladra. Eu fui queixar-me ao sargento, que chamou o presumível e disse-lhe: assinas uma letra e vai á cobrança. Sim meu sargento Resultado, a letra foi mas não cobrou nada, tendo eu ficado sem a balalaika e sem o dinheiro dos custos da letra.

Por outras palavras, a vida não é o que deveria ser, mas aquilo que é. E é ao contrário do que deveria ser. O Jorge Palma, até canta, “Projectos para quê se sai tudo ao contrário”. O AM também cortou o cabelo e concluiu que foi disparate. Grande não gostava, cortou-o e disse, “porra não era isto que eu queria”.

Complicado, isto. Ou é a crónica que está mal escrita ?

Se o Montinho já chegou a Faro, de certeza que vai apitar. E dizer de sua justiça. Mas se o Montinho não disser nada, espero que digam outros.

Se for publicada, como diz o Diogo.

Ab.

JBS

5 comentários:

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Olha Ermão
A resposta fica ao critério do Montinho. Como pertenço aos outros acho que a crónica está com agrado.
Eu gostei!
Rogério

Anónimo disse...

Mano,

Viva.

Mi gusta teu agrado.
Ob. Abraço

JBS

Jose Elias Moreno disse...

Oi João:

grande parte da resposta às tuas dúvidas,questões, angústias e desilusões estão no poema O HOMEM do Manuel Inocêncio de Costa.
E pelos vistos o Poeta também,tem das suas.
E quem as não tem.
É da condição humana.
E nós somos homens.

O melhor é mesmo, contar até dez,
Viver e deixar viver.

Gde abraço.

JEM

Anónimo disse...

Meu caro João
Chamo a atenção para o facto de estar, como afirmei, de férias.
Mas estou em contacto com o blog.
Uma vez que o amigo me pede um comentário à crónica do Alfredo “O Meu Cabelo”, não sendo meu hábito fazer comentários, gostando por outro lado que me façam, aceito o seu pedido.
Li e gostei desta crónica do Alfredo sobre o “O Cabelo”.
E aproveito, antes que me peça, para comentar a crónica do mesmo autor “Abraços”
Escrita na 1ª pessoa não é lícito deduzir que se passou com ele na vida real, não o podemos afirmar uma vez que alude a ficção.
Eu acrescentaria mais umas “nuances sexy” para que o interesse na leitura ficasse mais “cheringado”, um dito muito utilizado pelo saudoso Franklin. Mas é assim, as crónicas para o blog não podem ser muito extensas mesmo que os autores tenham a faculdade e inspiração para “esticar” pequenas frases ou parágrafos. Relembrando um dito do Brito de Sousa “que a pequena crónica dava para escrever um livro”, confirmo em absoluto.
E boas férias para mim.
Um abraço
Montinho

Anónimo disse...

Olá Montinho
Cumprimentos do Mingau. Boas férias.
Agradeço os comentários ao MEU CABELO e ABRAÇOS.
Quanto a este último devo confessar que a imaginação era fertil para lhe ter colocado um palavreado mais "sexy" mas... não o fiz para evitar os contraditórios de alguns anónimos a defenderem que poderia ferir ou ofender a susceptibilidade das criancinhas.
m abraço
A.Mingau