quarta-feira, 13 de julho de 2011

NA BILHETEIRA ÀS OITO E MEIA
Por João Brito Sousa

Vou levar-te comigo, como dizem os do Ouro Negro. Vamos juntos ver o mar azul / esverdeado da Ria Formosa, rendilhado com a espuma branca que sai do sulco que o barco abre quando investe sobre as águas. Nós, o barco, as águas, o pessoal tripulante, outras pessoas como nós, a criançada, que chora e grita, um velho que diz um palavrão porque a água da Ria subiu até dentro do agente transportador, enfim, é a vida que ali vai, onde há quem sorria também, eu e tu. No céu azul, além das gaivotas, Deus.
É um passeio agradável que nos emprenha a alma e a limpa. Ali, pelas 8,5 / 9 horas da manhã, quando a vida já começou há muito, ali vamos nós, todos, nós e os outros, à procura da felicidade que se traduz nuns mergulhos nas águas frescas do mar. Para traz fica a cidade, com o seu bulício natural, esperando pelo nosso regresso.
Chegámos e a viagem correu optimamente. Não vimos golfinhos simplesmente porque não os há aqui. Se os houvesse o espectáculo seria outro Mas não é por isso que nos tornamos menos felizes. Por mim, que adoro o mar no Verão, está tudo bem e com os meus companheiros de viagem também E tu? Perguntei. Muito bem, disse-me..
As praias de Olhão são magníficas, a areia fina, águas calmas de boa temperaturas convidativas a um mergulho e quase todas dispõem de um restaurante próximo, onde se pode apreciar a boa gastronomia algarvia. Á vida das praias de Olhão dão outra vida à vida. Apetece-nos desfrutar das manhãs e dos fins de tarde porque os meios – dias são muito fortes, em termos de temperaturas elevadas e castigam-nos mesmo. Será importante lembrar que em Olhão existe a melhor amêijoa do mundo e peixe em quantidade suficiente e de excelente qualidade.
Nesse dia de praia, digamos assim, corremos na longitude e na fímbria do mar, encontramos amigos, conversamos sobre a crise económica em curso, encontrei até um colega de outros tempos com quem falei de futebol, em particular do Submarino, não os do Dr. Portas, mas sim o João Rodrigues, o grande defesa direito do S.C.Olhanense que jogou com o Rita, Grazina, Januário e outros.
No regresso, já no fim da tarde, extenuados mas bem dispostos, chegámos à cidade, ainda demos uma volta pela avenida 5 de Outubro, sentamo-nos nos bancos do jardim, passou um velho a quem dissemos boa tarde, ele retribuiu, passou outro, a quem convidamos para se sentar e aceitou, perguntando-lhe eu, a saúde, como vai? Esse é o principal problema, para nós, malta de 1930, estamos no limite, disse ele. A sua juventude como foi? E o homem, olhando-me de soslaio, pediu-me para não falar disso. Meu caro amigo, disse ele, a juventude é uma coisa que só temos uma vez na vida, coisa que uns aproveitam bem outros aproveitam mal. Mas isso já foi, outros tempos. Surgiu outro companheiro que era conhecido do que já estava de conversa connosco e disse boa tarde. Nós todos respondemos no mesmo tom. Foi um dia bem passado na cidade e nas praias de Olhão, na companhia de gente boa, de espírito alegre, com confiança no futuro. Às tantas um dos velhos disse, que tal aquele tipo do FMI?, queria brincadeira com a moça… estes gajos…
Olhão, tem a sua cultura e a sua história próprias que a honram, sobremaneira. Foram os pescadores de Ílhavo os primeiros que cá chegaram. Mas agora fala-se apenas nos pescadores de Olhão.
A quem deixo um abraço.


PS- Crónica publicada no jornal “O Olhanense”

8 comentários:

Anónimo disse...

Ó João....conta lá aquela de quando o Campos se pirou com a mulher do Realito e o Farense perdeu dois jogadores de uma assentada!...o Campos não mais voltou e o Realito nunca mais foi o mesmo!...os copos fizeram o resto.

Abraço

diogo

Anónimo disse...

Caro amigo,

Viva.

Eu não sei nada disso. Conta aí para a gente. Avança.

Ab.
JOÃO

Jose Elias Moreno disse...

Fizeste-me lembrar umas quadras q
eu fiz hà dias, num convite a antigos colegas, de todo o País, para virem almoçar à Ria Formosa.
Respigo só duas, porque eu sei q tu não gostas de desgarradas, nem de poesia de baldão.
Dessas alentejanadas gosto eu e o meu amigo Rafa Correia, q não vejo há c'anos.
Atão,, é assim...só duas:
............
Aos primeiros raios de sol
embarcamos em Olhão.
Fazemos rumo ao Farol,
atracamos à do João.
............
Bem vindos às terras do Sul:
outro céu...mar mais quente,
mar azul...outro azul...
outras gentes...BOA GENTE.

Associação Antigos Alunos Escola Tomás Cabreira disse...

Tens razão Zé
Os Algarvios de Faro sempre foram boa gente.
Atão, nã desfazendo dos outros algarvios. Tudo gente boa.
Roger

Anónimo disse...

POR OUTRAS PALAVRAS

Vejo que o meu texto não agradou, pelos comentários escritos.

Desgarradas, gosto muito, não sei é cantar. Poesia de baldão não conheço, realmente.

Eu penso que o objectivo do comentário é dizer alguma coisa sobre o texto a comentar.

Nada disso foi feito. Falou-se de outras coisas a despropósito.

Mas ... tudo bem.

Ab.
JBS

Anónimo disse...

Meu caro João
Em parte tens razão. Não é meu costume fazer comentários. Só em resposta. Este teu texto é, como todos os que escreves, um belo texto. Podemos considerar um Hino às gentes de Olhão, à ria Formosa e às suas praias.
Mas, os comentários são como a bola de neve que rola noutro sentido diferente, comentando e respondendo aos comentários. Mas o que interessa é que lá foram ao texto. Tens 5 (com este 6) e se fores reparar hà textos com zero comentários. E sºao bons
Um abraço
Montinho

Jose Elias Moreno disse...

João:
Voltando à vaca fria.
Eu gostei do teu texto.
Não to disse com tanta eloquência como o Montinho,mas como disse, fez-me lembrar duas quadras mal amanhadas q eu fiz aqui há tempos, na minha ingénua presunção de promover a Ria Formosa e as suas Gentes.
Mas isto conseguiste tu melhor que eu com o teu texto.
A alusão ao cante de baldão - espécie de desgarrada- refere-se à duvidosa ( mas nem sempre),qualidade das quadras, improvidadas e cantadas em
tabernas alentejanas.Esta genuína tradição cultural está tão enraizada na cultura alentejana, que o Vitorino e seu irmão Janita Salomé ainda hoje, a par com outros cantores do Redondo, entreteem e encantam os que ocasionalmente passem por uma taberna local, na hora da merenda.
Com apreço.
Gde abraço
JEM

Anónimo disse...

Meu caro JBS
Alguns afazeres particulares têm-me afastado de visitar o blogue.
Hoje dei uma olhadela por tudo aquilo que não tinha tomado conhecimento. Gostei do que li. Do Montinho (com uma bela crónica de humor), do Elias, dos teus textos sempre interessantes. A minha admiração pela ausência do Tavares e reentrada do Gabadinho nos Marafados.
Mas este teu texto "OITO E MEIA" despertou a minha curiosidade e satisfação. No início deste ano escrevi uma crónica contando a história da "Vila da Restauração", das suas gentes, das lutas contra os fraceses,do Caique "Bom Sucesso" e etc., etc., etc. que não cheguei a enviar para publicação tal como outras que se encontram na "gaveta".
Gostei deste teu texto sobre Olhão, sobre o barco das 8 e meia, a Ria Formosa e as praias uma "fotografia" escrita sobre a actualidade.
Este pseudónimo, que não gostas, manda-te um abraço
A Mingau